sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Além da contracepção: conheça os benefícios que o DIU hormonal proporciona à saúde

Considerado um dos métodos contraceptivos mais eficazes disponíveis atualmente, o DIU hormonal também contribui com o tratamento de algumas questões de saúde; especialista destaca algumas das principais indicações além da prevenção de uma gravidez não planejada


No dia 26 de setembro é celebrado o Dia Mundial da Contracepção, um momento para a sociedade e as empresas debaterem sobre políticas públicas e acesso, além de fatores comportamentais como a liberdade de escolha e o planejamento familiar, pontos tão fundamentais para a saúde e dignidade das pessoas com útero. Segundo uma pesquisa conduzida pelo Ipec, realizada pela Bayer em parceria com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o índice de gravidez não planejada no Brasil ainda é alarmante: 62% das mil brasileiras entrevistadas que já engravidaram no país tiveram, pelo menos, uma gestação não planejada (quase 2/3). Destas, 54% não usavam nenhum método contraceptivo, enquanto 46% utilizavam - sendo os principais motivos que levaram à gravidez não planejada nestes casos foram a falha do método (27%) e uso de maneira incorreta (20%). 

Essa mesma pesquisa também revelou que 68% das mulheres iniciaram a vida sexual na adolescência (até os 18 anos), e que 66% não haviam ido ginecologista antes da primeira relação - o que pode contribuir com a desinformação e, consequentemente, com uma gravidez não planejada nesta fase, trazendo um grande impacto em sua vida, tanto no aspecto social quanto econômico. Com isso em vista, a data se faz também um momento oportuno para ampliar a conscientização sobre métodos contraceptivos e as diversas opções disponíveis. Dentre elas, o DIU hormonal se destaca como uma escolha de longo prazo altamente eficaz - sua chance de falha é de menos de 2 em 1.000 usuárias¹. Uma vez bem colocado, ele terá sua eficácia preservada. 

Mas, você sabia que seus benefícios vão muito além da contracepção? O DIU hormonal contribui significativamente com a saúde e o bem-estar em diferentes fases, desde o início da idade reprodutiva até a menopausa, melhorando outros aspectos que também oferecem grande impacto à qualidade de vida. A ginecologista Dra. Milena Bastos Brito, membro da Comissão Nacional Especializada de Anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, esclareceu e destacou algumas das principais indicações para problemas de saúde das pessoas com útero. Confira:

 

Controle do Sangramento Uterino Anormal 

De acordo com um outro estudo nacional do Ipec com internautas, encomendado no último ano pela divisão farmacêutica da Bayer, mais de 80% das brasileiras consideram que seu fluxo menstrual impacta negativamente sua rotina, sendo que 31% delas afirmaram que impacta muito. 

“Toda perda sanguínea menstrual que compromete a saúde física, mental, social, sexual e até mesmo material2, acompanhada muitas vezes de desconforto, fraqueza, mal-estar ou taquicardia, é chamada de Sangramento Uterino Anormal (SUA), condição que pode afetar 1 em cada 3 mulheres em algum momento de suas vidas. Apesar de ainda ser subdiagnosticado, o SUA é relatado em 18% a 30% das consultas ginecológicas, e normalmente ocorre nos extremos de idade, durante a adolescência e/ou perimenopausa.3,4”, alerta a médica. 

O uso do DIU hormonal por mulheres em idade reprodutiva pode oferecer a prevenção deste distúrbio, assim como ser uma ferramenta importante em seu tratamento. “O dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel (DIU-LNG) está associado à diminuição significativa do sangramento uterino pela intensa supressão do endométrio5,6, e é uma opção recomendada para o tratamento do SUA, tanto em pessoas com volume normal de útero, como nas de útero com volume discretamente aumentado 1,7,8”, explica a médica.

 

Benefícios do DIU hormonal durante a transição menopausal 

Segundo a North American Menopause Society (NAMS), o período de transição menopausal é o intervalo do início das alterações menstruais até um ano de cessação do ciclo menstrual, podendo durar até 6 meses. Nessa fase, as anovulações (condição em que não ocorre a ovulação, ou seja, o ovário não libera um óvulo durante o ciclo menstrual) são frequentes, aumentando a propensão de sangramento uterino anormal (SUA) ou menstruação excessiva, o que pode trazer grande impacto na qualidade de vida.9 

“O hormônio levonorgestrel, liberado continuamente por meio do dispositivo intrauterino (20 µg/dia), é uma medida efetiva para prevenir o SUA, pois torna as menstruações menos volumosas e frequentes, podendo reduzir também as cólicas10”, afirma a médica. 

Outro ponto de atenção para mulheres na transição menopausal é que, apesar de terem baixa fertilidade, elas ainda apresentam taxas de gestações não planejadas similares às das mais jovens: 48% em mulheres acima dos 40 anos versus 41% em mulheres entre 25 e 29 anos.11,12  

“Além do controle da irregularidade menstrual, essa fase de transição também necessita do manejo da contracepção até que a menopausa seja alcançada9”, enfatiza Dra. Milena.

 

Proteção endometrial na menopausa 

Durante a fase de transição da menopausa, os sintomas vasomotores - as famosas ondas de calor -, são relatados por até 80% das mulheres. Eles podem afetar negativamente o sono, o humor e a qualidade de vida, e são a principal queixa na procura por atendimento médico durante essa fase específica da vida da mulher. Para o alívio desses sintomas, a terapia hormonal (TH) continua sendo o principal padrão de tratamento recomendado, visto que diminui 75% dos episódios de ondas de calor, além de reduzir a sua intensidade. 13 

“Notou-se que a taxa de hiperplasia endometrial (o aumento do número de células do endométrio), quando feita somente a terapia estrogênica, chega a 20%.14 Por isso, para mulheres com útero intacto, a adição do progestagênio é obrigatória para a proteção endometrial, contrabalançando os efeitos proliferativos do estrogênio e diminuindo, dessa forma, os riscos de hiperplasia e câncer endometrial.14”, alerta a médica. 

Nesse caso, o uso o DIU hormonal de 52mg é uma opção efetiva para mulheres que fazem uso de estrogênio para tratar os sintomas vasomotores da menopausa. “Ao liberar o levonorgestrel dentro da cavidade uterina, e ter ação predominantemente local no endométrio, o DIU promove oposição ao estímulo estrogênico, evitando efeitos progestagênicos sistêmicos indesejados.16”, finaliza.


  

Bayer



Referências

1.Trussell J. Contraceptive failure in the United States. Contraception. 2011 May;83(5):397-404
2. National Institute for Health and Care Excellence (NICE) 2018. Heavy Menstrual Bleeding: Assessment and Management. NICE NG88.
3. Cohen SL, Vitonis AF, Einarsson JI. Updated hysterectomy surveillance and factors associated with minimally invasive hysterectomy. JSLS. 2014:18(3): e 2014.00096.
4. Cohen SL, Ajao MO, Clark NV, et al. Outpatient hysterectomy volume in the United States. Obstet Gynecol. 2017;130(1):130-7
5. Perino A, Quartararo P, Catinella E, et al. Treatment of endometrial hyperplasia with levonorgestrel releasing intrauterine devices. Acta Eur Fertil. 1987;18(2):137-40.
6. Laoag-Fernandez JB, Maruo T, Pakarinen P, et al. Effects of levonorgestrel-releasing intra-uterine system on the expression of vascular endothelial growth factor and adrenomedullin in the endometrium in adenomyosis. Hum Reprod. 2003;18(4):694-9. 1
7. Laporte M, Charles CM, Metelus S, et al. Reasons for satisfaction with the use of the 52-mg levonorgestrel intrauterine system. Int J Gynaecol Obstet. 2022;159(2):577-82.
8. Rodriguez MB, Lethaby A, Jordan V. Progestogenreleasing intrauterine systems for heavy menstrual bleeding. Cochrane Database Syst Rev. 2020;6(6):CD002126.
9. LONG ME, FAUBION SS, MACLAUGHLIN KL, ET AL. CONTRACEPTION AND HORMONAL MANAGEMENT IN THE PERIMENOPAUSE. J WOMENS HEALTH. 2015;24(1):3-10.
10. WILDEMEERSCH D. WHY PERIMENOPAUSAL WOMEN SHOULD CONSIDER TO USE A LEVONORGESTREL INTRAUTERINE SYSTEM. GYNECOL ENDOCRINOL. 2016 AUG;32(8):659-661.
11. Long ME, Faubion SS, MacLaughlin KL, et al. Contraception and hormonal management in the perimenopause. J Womens Health (Larchmt). 2015;24(1):3-10.
12. Hardman SMR, Gebbie AE. The contraception needs of the perimenopausal woman. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol. 2014;28(6):903-15.
13. MACLENNAN AH, BROADBENT JL, LESTER S, MOORE V. ORAL OESTROGEN AND COMBINED OESTROGEN/PROGESTOGEN THERAPY VERSUS PLACEBO FOR HOT FLUSHES. COCHRANE DATABASE SYST REV 2004;18(4):CD002978.
14. FEELEY KM, WELLS M. HORMONE REPLACEMENT THERAPY AND THE ENDOMETRIUM. JOURNAL OF CLINICAL PATHOLOGY 2001; 54:435-440
15. UDOFF L, LANGENBERG P, ADASHI EY. COMBINED CONTINUOUS HORMONE REPLACEMENT THERAPY: A CRITICAL REVIEW. OBSTET GYNECOL 1995;86(2):306-16.


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