Projeto do governo paulista quer usar aeronaves particulares na captação e transporte de órgãos para doação
A Associação Brasileira das Empresas de Serviços
Auxiliares ao Transporte Aéreo (Abesata) e o Sindicato Nacional das Empresas
Prestadoras de Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo (Sineata) apoiam o
programa TransplantAR, criado pelo governo paulista na última segunda-feira
(9/9). O projeto prevê a utilização de aeronaves particulares para o transporte
de órgãos destinados a transplantes. A iniciativa tem como objetivo beneficiar
milhares de pessoas ao agilizar a logística de captação de órgãos, hoje
realizada basicamente pelas companhias aéreas e pela Força Aérea Brasileira
(FAB).
A aviação regular voa para pouco mais de 250
cidades brasileiras, enquanto a aviação executiva, com aviões de pequeno porte,
jatos e helicópteros, pode voar para basicamente qualquer lugar que tenha uma
pista para pousos e decolagens. Por isso a importância do TransplantAR,
aumentando exponencialmente a capacidade de captação e transporte de órgãos.
“Hoje estamos falando de amor. Não podemos pensar
que a doação de órgãos, esse gesto de amor, não ocorra por falta de logística.
Podemos fazer a diferença com aeronaves que alcançam as pistas mais remotas e
que podem, de fato, fazer esse transporte de órgão”, afirma o governador
Tarcísio de Freitas.
A assinatura do programa foi feita em parceria com
o Instituto Brasileiro de Aviação (IBA) e não terá custos aos cofres públicos.
O IBA será responsável por selecionar os proprietários das aeronaves que possam
doar horas de voo para o TransplantAR. Assim, a Central de Transplantes
acionará o IBA quando as equipes ou hospitais precisarem de apoio aéreo para
realizarem o deslocamento até o local onde se encontra o potencial doador.
Somadas, as companhias aéreas transportaram 5.820
órgãos no ano passado, e a FAB, 254. A aviação comercial atinge 2% dos 5.750
municípios brasileiros, enquanto a aviação geral e executiva alcança quase
3.000 cidades, uma capilaridade 18 vezes maior. De acordo com dados da
Associação Brasileira da Aviação Geral (ABAG), o Brasil tinha 10.237 aeronaves
particulares registradas em julho de 2024 entre turbo-hélices, jatos e
helicópteros.
O diretor-executivo do Sineata, José Mário d’Ângelo
Braz, quer sensibilizar empresários e proprietários para que abracem o projeto
TransplantAR e disponibilizem suas aeronaves para o transporte de órgãos. “Não
só pela maior capilaridade que a aviação geral e executiva têm em alcançar um
número muito maior de cidades do que a aviação comercial, mas também por poder
pousar em cidades com acesso remoto, fora do mapa. Imagine o quanto o programa
de transplantes vai ganhar com isso”, enfatiza o diretor.
Transplantes no Brasil
Entre 2013 e 2023, 2,4% de órgãos coletados
(coração, pulmão e fígado), ou seja, 965 potenciais transplantes, não foram
realizados por dificuldade no transporte. Em 2023, foram mais de 29,2 mil
cirurgias no Brasil, um aumento de 11% em relação ao ano anterior. Atualmente,
há mais de 66 mil pacientes na fila de espera da doação.
Em julho de 2024, cerca de 23 mil pessoas
aguardavam por um órgão ou tecido no estado de São Paulo, que é responsável por
31% de todos os transplantes realizados no país – somente no primeiro semestre
de 2023, foram realizados 5.077 transplantes de coração, fígado, pâncreas,
pulmão, rins e córneas.
A Central de Transplantes do Estado de São Paulo
registrou, também em 2023, um aumento de 5% no volume de transplantes de órgãos
e tecidos em relação ao ano anterior – 8.176 e 8.597, respectivamente. No
primeiro semestre deste ano, foram 4.027 transplantes totais.
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