quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Quem tem medo de anestesia?

Professor de Anestesiologia do Centro Universitário São Camilo desmistifica o procedimento

 

Quando um paciente necessita realizar uma cirurgia, seja eletiva ou não, seu primeiro sentimento é normalmente o medo dos riscos do procedimento e os efeitos durante e pós anestesia. O professor do curso de Anestesiologia do Centro Universitário São Camilo, Guinther Giroldo, desmistifica esse medo e explica qual é a melhor forma de se preparar para passar por uma mesa cirúrgica de forma tranquila.  

“A Anestesiologia se consolidou desde o desenvolvimento de novos fármacos e dos avanços tecnológicos, diminuindo os riscos do procedimento e, consequentemente, com perfil de segurança melhorado e previsível. Com os primeiros anestésicos peridurais e o bloqueio de nervos no início do século XX foram criadas alternativas seguras para cirurgias menores, reduzindo o risco de complicações associadas à anestesia geral”.  

De fato, a evolução da Anestesiologia e da Farmacologia, do século XX em diante, está alinhada aos resultados mais positivos nos procedimentos anestésicos. Para além dos fármacos, a introdução de monitores cardíacos e de oxigenação permitiram controle mais rigoroso do estado dos pacientes durante a anestesia, aumentando a segurança e reduzindo os índices de mortalidade.  

De acordo com o professor do Centro Universitário São Camilo, a incidência de parada cardiorrespiratória (PCR) durante a anestesia é relativamente baixa, mas varia dependendo do tipo de cirurgia e da condição do paciente. De acordo com estudos recentes, a taxa de PCR durante procedimentos anestésicos é de aproximadamente 3 em cada 10.000 pacientes, com essa incidência caindo para cerca de 1 em cada 10 mil em pacientes saudáveis submetidos a cirurgias de rotina. 

“Esses eventos são mais frequentes em cirurgias de emergência e em pacientes com comorbidades significativas. Em pacientes submetidos a cirurgias de rotina e saudáveis (ASA I), a ocorrência de PCR é rara, sendo observada em menos de 1 em 10 mil casos. Já em cirurgias de urgência, a taxa de sobrevivência é menor, com cerca de 37% dos pacientes sobrevivendo até a alta hospitalar”, explicou. 

Segundo ele, essas taxas de incidência e de sucesso na ressuscitação são significativamente melhores do que aquelas ocorridas fora do ambiente operatório, onde a taxa de sobrevivência é bem menor. Esse sucesso é atribuído ao ambiente altamente monitorado e à presença de anestesistas treinados que podem identificar e responder rapidamente às causas da PCR.“ A redução dessas ocorrências durante anestesia ao longo dos anos pode ser atribuída a melhorias nas práticas clínicas, às tecnologias avançadas e ao melhor treinamento dos profissionais de Saúde”, enfatiza Giroldo. 

 

Anestesia geral

A anestesia geral é utilizada em cirurgias mais complexas, quando é necessário induzir o pacidente ao estado de inconsciência total. Ele recebe medicamentos por via intravenosa ou inalatória que promovem relaxamento muscular e perda de sensibilidade. Esse tipo de anestesia exige cuidados rigorosos, como a avaliação pré-anestésica, que inclui a coleta de histórico médico, a análise dos exames laboratoriais e a verificação de alergias a medicamentos.

 

Anestesia regional

A anestesia regional, por sua vez, envolve a injeção de anestésicos em áreas específicas do corpo, bloqueando a sensação em grandes regiões, como um membro ou parte do abdômen. Os preparativos incluem a explicação ao paciente sobre o procedimento, a realização de exames para avaliar a função neurológica e a saúde cardiovascular. O jejum é obrigatório. São exemplos a anestesia epidural e a raquiana, utilizadas em partos e cirurgias ortopédicas. 

 

Anestesia local

A anestesia local é aplicada diretamente na área a ser operada, proporcionando analgesia sem afetar a consciência do paciente. É frequentemente utilizada em procedimentos como remoção de lesões cutâneas ou em Odontologia. Mesmo sendo menos complexa, a anestesia local requer preparativos, como a avaliação do local da intervenção, o controle da medicação atual do paciente e a verificação de possíveis alergias a anestésicos.

O que o paciente vai sentir após a anestesia depende muito da operação, do tipo de anestésico utilizado, de suas condições físicas, da medicação que ele toma ou tomou, enfim, de múltiplos fatores. Graças às técnicas modernas apenas um número muito pequeno de pessoas chega a sentir-se mal.  

“Independentemente do tipo de anestesia escolhido, os preparativos pré-cirúrgicos são fundamentais para garantir a segurança e o bem-estar do paciente. Com isso, os riscos podem ser evitados. O paciente tem o dever de informar se tem alguma alergia, incluindo a alimentar, no intuito de evitar reação cruzada com outras medicações. Cabe ao anestesiologista dar apoio e tranquilizá-lo para minimizar a ansiedade e promover uma experiência mais tranquila. O paciente não deve abrir mão da presença constante do anestesiologista ao seu lado até o pronto restabelecimento de suas funções fisiológicas. É este profissional quem vigia seu organismo e o mantém funcionando de forma equilibrada, controlando sua pressão arterial, pulso, ritmo cardíaco, respiração, temperatura corporal e outras funções orgânicas importantíssimas para o sucesso da cirurgia”, finaliza o professor Giroldo.


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