A luta contra o fumo continua neste dia 29 de agosto
A
crença de que os danos causados pelo tabagismo demoram anos para se manifestar
é um mito. Os efeitos nocivos do uso de produtos à base de tabaco podem ser
observados logo no início do hábito. Com isso em mente, o Dia da Luta contra o
Fumo, celebrado em 29 de agosto, destaca a importância de conscientizar a
população sobre os riscos associados ao tabagismo, incluindo os danos à saúde
bucal.
Uma
das primeiras consequências do tabagismo é a halitose, ou mau hálito. Segundo
Cláudia Gobor, especialista no tratamento de halitose, tanto o cigarro
eletrônico quanto o cigarro tradicional prejudicam a saúde bucal. "Ambos
causam um aquecimento na cavidade oral, levando à descamação da mucosa e
gengivas, resultando em alteração de hálito", explica.
Além
do mau hálito, o tabagismo também contribui para a aparência desagradável dos
dentes, causando manchas e amarelamento. A redução da quantidade de saliva, um
efeito indireto do fumo, dificulta a autolimpeza da boca e favorece o acúmulo
de bactérias.
Mesmo
para os fumantes, manter uma rotina rigorosa de higiene bucal é essencial.
Gobor destaca a importância de escovar os dentes, usar fio dental e higienizar
a língua. "O fumo reduz a produção de saliva e a torna mais viscosa, o
que, além de desconfortável, diminui a autolimpeza da boca e facilita a
proliferação de bactérias", afirma a especialista.
O
tabagismo está intimamente ligado ao desenvolvimento de doenças periodontais,
como gengivite e periodontite. A gengivite é a inflamação das gengivas,
frequentemente agravada pelo tabaco, que compromete a saúde das gengivas e
contribui para o mau hálito. A periodontite é uma condição mais grave,
caracterizada pela inflamação dos tecidos ao redor dos dentes, incluindo ossos
e ligamentos.
"Fumantes
têm uma resposta imunológica comprometida, o que dificulta o combate às
bactérias causadoras da periodontite. O tabagismo também diminui o fluxo
sanguíneo para as gengivas, prejudicando a regeneração dos tecidos e agravando
a inflamação. À medida que a periodontite progride, formam-se bolsas profundas
entre os dentes e as gengivas, criando um ambiente propício para a proliferação
de bactérias anaeróbias que liberam compostos responsáveis pelo mau
hálito", diz Cláudia Gobor.
Outro
efeito do tabagismo é a redução do fluxo sanguíneo para as gengivas, facilitando
o acúmulo de placa bacteriana, uma mistura de bactérias, restos de alimentos e
saliva. Em fumantes, essa placa é mais difícil de ser removida apenas com
escovação e uso de fio dental. As bactérias na placa liberam compostos
sulfurados voláteis, conhecidos por seu odor desagradável, contribuindo
significativamente para o mau hálito.
O
hábito de fumar também afeta negativamente as capacidades sensoriais. As
substâncias químicas presentes no cigarro danificam as células responsáveis
pelo olfato e paladar, resultando na diminuição da sensibilidade a aromas e
sabores. Fumantes frequentes relatam uma redução na capacidade de identificar
sabores, o que compromete a experiência alimentar.
A má
circulação sanguínea causada pelo cigarro intensifica esses problemas, prejudicando
a entrega de nutrientes e oxigênio às células sensoriais, exacerbando a perda
de olfato e paladar ao longo do tempo.
Os
danos causados pelo tabagismo à saúde bucal são amplos e imediatos, variando
desde o desenvolvimento de halitose até doenças periodontais graves. A
conscientização sobre esses efeitos e a adoção de práticas para reduzir ou
cessar o tabagismo são essenciais para promover uma saúde bucal melhor e uma
vida mais saudável.
Dra. Cláudia C. Gobor - Cirurgiã Dentista especialista pelo MEC no tratamento da Halitose. Ex-Presidente e atual Diretora Executiva da Associação Brasileira de Halitose
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