quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Número de estudantes seniores cresce no Brasil

Estudo na maturidade ajuda a ter mais qualidade
 de vida durante o envelhecimento
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Pessoas com mais idade voltam à universidade e melhoram a qualidade de vida; especialista destaca os benefícios sociais e cognitivos do aprendizado na maturidade

O Brasil tem 51.369 estudantes com 60 anos ou mais matriculados em cursos de graduação superior; alta de 56% entre 2012 e 2021. Os dados são do Censo da Educação Superior 2022, do Ministério da Educação (MEC).

 

A inclusão de acadêmicos seniores nas universidades responde às demandas da economia prateada [que compõem os produtos e serviços destinados às pessoas com mais de 50 anos], reflete a evolução da sociedade que tem mais expectativa de vida e enxerga a educação como alicerce para um envelhecimento ativo e saudável.

 

“Estudar faz bem ao corpo e à mente. Pessoas com mais idade envolvidas em atividades intelectuais estimulantes e sociais – como os estudos – têm mais resistência às lesões neuropatológicas e criam mais reservas cognitivas; uma porção de capacidades mentais desenvolvidas ao longo da vida, que protegem o cérebro do envelhecimento e de doenças associadas a ele”, explica Danilo Henrique Roratto, docente do curso de medicina do Centro Universitário Integrado de Campo Mourão (PR) e coordenador do Estágio de Saúde do Idoso.

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Estudo traz mais felicidade

Segundo o levantamento Quais são os benefícios sociais da educação? - elaborado pela Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) - as pessoas que estudam mais são mais felizes porque têm maior satisfação em diferentes esferas de sua vida.

 

É o caso de Laurinda Marcelina de Souza, de 60 anos, que reside em Goioerê (PR). “Voltar a estudar me trouxe grandes alegrias, contribuiu na socialização e deu ‘um gás a mais’”, diz.

 

Depois de se formar em História em 2007, ela já concluiu Pedagogia, Letras, fez especializações em Docência na Educação Superior, Metodologia do Ensino de Geografia, Psicopedagogia, Educação Especial Inclusiva e agora cursa Ciências Biológicas no Integrado. “E não pretendo parar por aqui. Ainda tenho o sonho de fazer mestrado e doutorado”, complementa.

 

Opinião semelhante tem o servidor público estadual Valdenor Pereira do Nascimento, de 60 anos e que concluiu a primeira graduação em 1996. “Estudar na maturidade se tornou mais prazeroso. É uma troca de experiências e ensinamentos com os mais novos. Faço Direito no Integrado para manter a mente ativa, proporcionar conforto financeiro à família e para desenvolver um projeto social gratuito de orientação jurídica na comunidade em que participo”.

 

Motivadores pessoais

Para Rosemary Aparecida de Oliveira - de 53 anos, que se formou em Ciências Contábeis em 1996 e retornou à sala de aula em 2022 para cursar Tecnologia em Processos Gerenciais – os motivadores envolvem a saúde e a carreira profissional.

 

“Os conhecimentos contínuos ajudam a exercitar o cérebro, a memória, o raciocínio e a concentração. Quero fazer uma pós-graduação e manter a empregabilidade. Quem para de aprender fica ultrapassado no mercado de trabalho”, conta.

 

Para o economista Wanderlei Aparecido da Silva - de 57 anos, que tem duas especializações e agora é acadêmico de Agronomia no Integrado - a volta aos estudos nesta fase da vida envolve outros fatores pessoais. “Quanto mais ativo for, melhor será a disposição física e mental. Além de aumentar a autoestima, conheço novas pessoas e diferentes culturas. Pelas experiências de vida, tenho mais facilidade em absorver conhecimentos e isso também ajuda a diminuir o risco de estresse e depressão”, relata.

 

No caso de Elizabel Rodrigues de Souza - de 66 anos, que ficou fora da escola por três décadas, se formou em Ciências em 2009, concluiu três pós-graduações e agora cursa Letras – o retorno à universidade está relacionado ao desejo de atuar na educação. “A vida é um constante aprendizado. Sinto-me realizada com os estudos e digo que não tem idade para aprender”.


Benefícios do EAD para os idosos

Mesmo para quem vive em áreas remotas ou tem mobilidade reduzida por quaisquer motivos, o aprendizado pode acontecer com o uso da tecnologia e por meio do ensino à distância (EAD).

 

“No EAD, os estudantes da maturidade podem contar com o acompanhamento constante das tutoras de forma online ou presencial para atendê-los em suas diversas demandas; desde um auxílio mais técnico, até a elaboração de um plano de estudos personalizado para conciliar com seus afazeres diários”, explica a gestora do Núcleo de Educação a Distância do Centro Universitário Integrado, Telma Cristian Amaral.

 

“O EAD permite acesso a uma variedade de cursos, programas educacionais e elimina a necessidade de deslocamentos. Assim, os acadêmicos seniores podem estudar num ritmo mais confortável, atualizar conhecimentos, ter mais convívio social e autonomia em seus processos de aprendizagem”, enfatiza o médico Danilo Henrique Roratto.

 

professor do curso de medicina do Centro Universitário Integrado salienta outros benefícios do EAD para a maturidade. “Quem estuda a distância nunca está sozinho, pois há constante interação com colegas de classe, professores e tutores. Esse intercâmbio virtual ajuda a combater a solidão e o isolamento social, comuns entre os idosos”, completa.

 

Envelhecimento saudável

Assim como os indivíduos da economia prateada estão buscando diferentes conhecimentos para ressignificar a nova etapa da vida – alinhada às mudanças demográficas do país - o estudo na maturidade expande horizontes, cria novas oportunidades, promove o envelhecimento saudável, participativo e integrado à comunidade.

 

“Nunca é tarde para buscar conhecimentos. O saber não ocupa espaço. O aprendizado não exige idade e sim, vontade”, ressalta o futuro engenheiro agrônomo, Wanderlei Aparecido da Silva.

 

“Voltar a estudar na terceira idade é altamente indicado para o senso de realização pessoal, de pertencimento de grupo, para fortalecer as amizades e para o intelecto. Idosos com ‘mentes vazias’ estão propensos a ter menos satisfações, quando comparados àqueles da mesma faixa etária e cognitivamente ativos”, complementa o médico e professor do curso de medicina do Centro Universitário Integrado, Danilo Henrique Roratto.

 

Centro Universitário Integrado


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