A doença celíaca é uma condição autoimune que afeta cerca de 1% da população mundial. Essa condição é desencadeada pela ingestão de glúten, uma proteína presente no trigo, cevada e centeio. Quando indivíduos com doença celíaca consomem glúten, o sistema imunológico reage atacando o revestimento do intestino delgado, o que pode resultar em sintomas como diarreia, dor abdominal, inchaço, perda de peso e fadiga. Ao longo do tempo, esses danos podem comprometer a absorção de nutrientes essenciais, levando a deficiências nutricionais graves e complicações adicionais.
Entendendo as Diferenças entre
Doença Celíaca, Intolerância ao Glúten e Alergia ao Glúten
A nutricionista funcional Cris Ribas Esperança
ressalta a importância de distinguir entre a doença celíaca, a intolerância ao
glúten e a alergia ao glúten, pois essas condições possuem características,
causas e tratamentos distintos. “A doença celíaca é uma condição autoimune,
onde o próprio corpo ataca o intestino delgado em resposta ao consumo de
glúten, causando danos significativos. Por outro lado, a intolerância ao
glúten, ou sensibilidade não celíaca ao glúten, pode provocar sintomas
semelhantes, como dor abdominal e inchaço, mas sem causar danos intestinais. Já
a alergia ao glúten é uma reação alérgica imediata, que pode desencadear
sintomas como coceira, inchaço, urticária e, em casos mais graves, dificuldade
para respirar”, explica Cris Ribas Esperança.
A Importância de uma Dieta Sem
Glúten e Seus Efeitos em Condições Associadas
Para os diagnosticados com doença celíaca, a adesão rigorosa a uma dieta sem glúten é essencial. A eliminação de alimentos que contenham trigo, cevada e centeio, bem como outros produtos que possam conter traços de glúten, é necessária para prevenir danos contínuos ao intestino delgado e aliviar os sintomas. “Ler os rótulos dos alimentos com atenção é fundamental, pois o glúten pode estar presente em ingredientes inesperados, como molhos e temperos. Além disso, a contaminação cruzada é uma preocupação real, e medidas devem ser tomadas para evitar que alimentos sem glúten entrem em contato com superfícies ou utensílios que tenham sido usados para preparar alimentos com glúten”, enfatiza a nutricionista.
Estudos sobre a Retirada do Glúten em Populações Específicas
Recentemente, estudos têm explorado os benefícios
da retirada do glúten da dieta em populações específicas, como pessoas com
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Síndrome de Down.
Embora essas condições não estejam diretamente relacionadas à doença celíaca,
há evidências de que a remoção do glúten pode melhorar alguns sintomas
comportamentais e cognitivos.
Cris Ribas Esperança comenta que “pesquisas indicam
que indivíduos com TDAH podem apresentar uma melhora na concentração e na
redução da hiperatividade ao seguirem uma dieta sem glúten. Da mesma forma, em
crianças com Síndrome de Down, a retirada do glúten tem sido associada a
melhorias na digestão, no comportamento e até mesmo no desenvolvimento
cognitivo. Contudo, é importante destacar que esses resultados ainda estão em
estudo, e a remoção do glúten deve ser considerada caso a caso, com orientação
profissional.”
Orientação Nutricional para uma Alimentação Equilibrada
Para pessoas com doença celíaca e aquelas que optam
por seguir uma dieta sem glúten devido a outras condições, é essencial garantir
que a dieta seja nutricionalmente equilibrada. Cris Ribas Esperança destaca que
“é comum que alimentos processados sem glúten tenham menos fibras e nutrientes
do que suas versões com glúten. Por isso, é importante incluir uma variedade de
alimentos naturais e frescos na dieta, como frutas, verduras, carnes, peixes e
grãos naturalmente sem glúten, como arroz e quinoa.”
Ela recomenda que os celíacos e outros indivíduos
que seguem uma dieta sem glúten busquem orientação profissional para elaborar
um plano alimentar personalizado. “Um nutricionista especializado pode ajudar a
criar um plano alimentar que não só evite o glúten, mas que também garanta que
todas as necessidades nutricionais sejam atendidas, o que é fundamental para a
saúde e o bem-estar a longo prazo”, explica.
Conscientização e Direitos dos
Celíacos
Cris Ribas Esperança também enfatiza a importância
da conscientização sobre a doença celíaca e as necessidades de dietas sem
glúten. “A sociedade precisa estar ciente das necessidades dos celíacos,
oferecendo opções de alimentos sem glúten em locais públicos e privados. Em
muitos países, a legislação já garante o direito a uma alimentação adequada
para pessoas com doença celíaca, especialmente em escolas, hospitais e
restaurantes, mas é fundamental que esses direitos sejam respeitados e
aplicados de forma eficaz.”
Ela finaliza dizendo que, com os cuidados adequados
e o apoio necessário, as pessoas com doença celíaca podem viver vidas plenas e
saudáveis. “A doença celíaca é uma condição que requer atenção constante, mas
com o conhecimento certo e um plano alimentar bem estruturado, é possível
manter a saúde e o bem-estar sem restrições desnecessárias”, conclui Cris Ribas
Esperança.
Este artigo visa não apenas informar sobre as
particularidades da doença celíaca, mas também encorajar aqueles que convivem
com a condição a buscar suporte adequado, seja através de profissionais de
saúde ou da própria comunidade. A adaptação a uma dieta sem glúten pode ser
desafiadora, mas com as orientações corretas, é possível alcançar equilíbrio e
bem-estar, mesmo em populações com necessidades especiais, como aqueles com
TDAH e Síndrome de Down.
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