Hoje,
28 de agosto, comemoramos mais um Dia Nacional do Voluntariado. Esta
data é uma oportunidade para reconhecer e fortalecer o engajamento daqueles que
dedicam seu tempo e talento a causas comunitárias. Além de ser um dia de
reconhecimento, também é um momento para refletirmos sobre a importância do
trabalho voluntário no Brasil e como a sociedade, o governo e as empresas se
articulam para promover essa causa.
Voluntariado: Ainda Há Espaço para Crescimento
A pesquisa World Giving Index, realizada internacionalmente pela Charities Aid Foundation, indica que o voluntariado no Brasil tem se mantido estável. Nas últimas três edições, o percentual de pessoas que doaram tempo para uma causa social variou entre 25% e 21%. O estudo revela que um em cada cinco brasileiros fez algum tipo de trabalho voluntário, no entanto, a coleta de dados do relatório recente foi realizada antes da tragédia no Rio Grande do Sul.
O
especialista em voluntariado, Marcelo Nonohay, compartilha sua perspectiva: “Eu
estava no RS durante os meses de maio e junho e vi como as enchentes
mobilizaram profundamente a sociedade gaúcha e brasileira. Acredito que a
pandemia nos ensinou que precisamos nos mobilizar rapidamente em situações como
esta.”
Crise Climática e Voluntariado
A crise climática, que se soma aos grandes desafios do Brasil, como a desigualdade social e a necessidade de desenvolvimento econômico, já é uma realidade. As enchentes no Rio Grande do Sul demonstram que a população é solidária e reage rapidamente para ajudar em situações de crise humanitária. O que se viu na emergência de 2024 foi uma enxurrada de voluntariado e doações, que foram fundamentais, porém nem sempre coordenadas. Em contrapartida, já se discute no meio filantrópico se toda a ajuda direcionada ao RS não tornou mais escasso o apoio para outras organizações em todo o Brasil.
“Entendo que agora precisamos atuar em pelo menos três frentes: 1. Aumentar a base de voluntários e disseminar a cultura de doação para evitar a sensação de ‘cobertor curto’; 2. Fortalecer as organizações da sociedade civil que atuam em todos os territórios, para que sejam resilientes e estejam preparadas para responder em situações de desastre; 3. Estreitar a cooperação e o planejamento entre o poder público e o terceiro setor, para que, em situações de crise, exista um plano coordenado de resposta emergencial e sustentação no pós emergência”, afirma Nonohay.
Do ponto de vista do engajamento social de cada cidadão, o trabalho voluntário deveria ser visto como o que alguns economistas chamam de medida anticíclica. Em tempos de desastres socioambientais, crises econômicas e piora nos indicadores sociais, mais pessoas deveriam dedicar ainda mais tempo ao trabalho voluntário.
Atuando
como voluntário, cada um pode dar sua contribuição para amenizar a situação de
parcelas da população em situação de vulnerabilidade social, reduzir
desigualdades, promover a diversidade e contribuir para o desenvolvimento
local. As possibilidades de atuação são quase infinitas.
Responsabilidade de Um, Responsabilidade de Todos
Sabemos que a maioria dos brasileiros ainda acredita que o principal responsável por resolver os problemas sociais e ambientais é o governo. Parece que muitos preferem esperar por uma solução em vez de tomar a iniciativa e fazer sua parte.
Essa visão é evidente na relação de muitas pessoas com o que é público. Tome como exemplo a conservação de uma praça. A percepção de que o público é “de ninguém” faz com que muitas pessoas não atuem para conservá-la. O certo seria pensar que o público “é de todos” e, por isso, todos deveriam cuidar.
Esse tipo de mudança de paradigma deveria ser aplicado aos problemas sociais. Enquanto a maioria da população não entender que esses problemas são compartilhados por todos, afetam a todos e que todos deveriam fazer sua parte para reduzi-los, nada será feito para reverter essa situação.
O
trabalho voluntário tem um enorme potencial de transformação social. Vivemos em
um dos países mais desiguais do planeta. O que impede o engajamento de mais
pessoas? Na maioria das pesquisas sobre voluntariado, as principais razões
apontadas são a falta de tempo e a falta de informação ou confiança sobre quais
causas ou organizações apoiar.
Se
queremos um país melhor no futuro, precisamos de iniciativas que ajudem a
aumentar a confiança nas organizações do terceiro setor, tornem os programas de
voluntariado mais acessíveis e valorizem as boas iniciativas.
Como os Diversos Setores Podem Contribuir?
As organizações sociais devem continuar seus esforços de profissionalização e transparência. Com isso, poderão fortalecer sua imagem e reforçar a percepção do relevante papel que desempenham. Além disso, poderão criar programas de voluntariado que aproveitem ao máximo a contribuição das pessoas.
As
empresas devem continuar expandindo seu investimento social, de forma a dar
mais sustentabilidade às causas e organizações, além de estimular e facilitar o
trabalho voluntário por meio de programas corporativos bem estruturados.
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