Levantamento encomendado pela Gi Group Holding destaca o que mais motiva trabalhadores da tecnologia no momento de buscar um novo emprego
O déficit de profissionais de tecnologia da informação é
um problema antigo que não parece ter uma solução simples no mercado de
trabalho, tanto no Brasil quanto no exterior. A relação entre a grande demanda
de vagas e a baixa oferta de profissionais foi demonstrada em uma pesquisa
global, que revelou que 47,3% das empresas relataram dificuldades para
encontrar profissionais qualificados em competências digitais.
A pesquisa foi realizada em 13 países-chave, incluindo
potências tecnológicas como Estados Unidos, China, Índia, Alemanha e Reino
Unido, além de países emergentes do setor, como França, Polônia, Portugal,
Romênia, Espanha, Itália e o Brasil.
No Brasil, apenas 10,9% das organizações dizem não ter
dificuldades para encontrar mão de obra qualificada no setor de tecnologia da
informação, enquanto 43,7% apontam que sofrem “um pouco” ou “em grande medida”
para encontrar trabalhadores com habilidades digitais avançadas. Os dados são
fruto de um levantamento encomendado pela Gi Group Holding, em parceria com a
universidade tecnológica italiana Politecnico di Milano, e a empresa de
inteligência de dados INTWIG Data Management.
Entre as competências digitais com maior expectativa de
busca pelas empresas nos próximos anos destacam-se: especialistas em
Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning (35%), Desenvolvedor de
Software e Aplicativos (32%), Analista de Segurança da Informação (30%), e
Engenheiro de Robótica (29%). No Brasil, aparecem no topo: Especialista em
Marketing Digital e Estratégia (40%), Especialista em IA e Machine Learning
(35%), Analista de segurança da informação (35%), Desenvolvedor de software e
aplicativos (34%), Profissional de banco de dados e rede (32%), Engenheiro de
robótica (31,5%) e Analista de Dados e Cientista de Dados (30%).
“A carência global de especialistas qualificados em
tecnologia decorre da limitada disponibilidade de candidatos e da intensa
concorrência entre empresas para atrair esses profissionais. Isso acontece
porque a indústria de TI se destaca como o setor de crescimento mais rápido no
mundo, uma tendência que deve continuar nos próximos anos. A tecnologia está
transformando a maneira como as pessoas vivem e trabalham, criando novos
modelos de negócios”, afirma Helder Moura, diretor de negócios Latam da Gi
Group Holding.
Bem-estar é prioridade
O levantamento também destacou algumas das prioridades dos
profissionais da TI ao aceitarem ou não uma oferta de trabalho. Para a maioria
(49%), o salário oferecido é o ponto mais importante. No entanto, para 31,2%, a
possibilidade de equilibrar vida profissional e pessoal é muito importante, e
21,1% buscam funções de baixo estresse. Globalmente, 52,3% têm como prioridade
algum grau de bem-estar no desenvolvimento de suas funções laborais.
No Brasil, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional
é o mais importante para 34% dos entrevistados, 20% procuram funções pouco
estressantes e 26% enfatizam a flexibilidade na gestão de atividades, com
destaque para a possibilidade de trabalho remoto. O plano de carreira é um
aspecto mais valorizado pelos brasileiros (30%) do que no âmbito global
(25,3%), outros 20% consideram importantes os valores corporativos e políticas
de diversidade e inclusão, enquanto apenas 26% consideram o salário como
prioridade.
Trabalho remoto e ambientes saudáveis
Embora o trabalho seja algo considerado importante para os
trabalhadores da tecnologia da informação, apenas 15,8% desses profissionais
estão 100% em home office globalmente, enquanto no Brasil, esse número é de
apenas 8%. Esse índice foi maior durante a pandemia, mas a tendência para o
período pós-Covid tem sido o trabalho híbrido, adotado por 38% dos
trabalhadores de TI no país.
O estresse é um ponto de atenção para muitos profissionais
da tecnologia antes de decidir se vão ou não ofertar seus serviços para
determinada companhia. Mundialmente, 46,6% afirmam que jornadas prolongadas
podem ser decisivas no aumento do estresse, enquanto 39,2% veem a
impossibilidade de equilibrar vida pessoal e profissional como um potencial
estressor. Além disso, 29,1% acreditam que a ausência de um plano de carreira é
o principal causador de estresse numa empresa.
No cenário brasileiro, jornadas extensas estressam 50% dos
profissionais, e o desequilíbrio entre vida pessoal e trabalho afeta 44%. Além
disso, a instabilidade organizacional é vista como estressante por 32% dos
entrevistados, enquanto conflitos com colegas e má gestão de recursos são
citados por 26% como fatores que exacerbam o estresse.
Como os trabalhadores se preparam
A pesquisa também buscou identificar como os profissionais de TI aprimoram suas hard skills. 39,1% aproveitam treinamentos organizados por seus empregadores, enquanto 33,7% utilizam cursos e plataformas de treinamento online. No Brasil, esses índices são de 54% e 38%, respectivamente.
“Em um cenário de rápido avanço tecnológico, é necessário que
ambos os lados, empresas e profissionais, entendam a importância da educação
contínua. Enquanto os empregadores podem oferecer treinamentos para manter uma
vantagem competitiva na hora de buscar os melhores talentos, os trabalhadores
ter a iniciativa de buscar atualização e se destacar perante a concorrência”,
complementa Helder Moura.
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