Apesar da doença ser mais comum em idosos, os sintomas não devem ser ignorados em qualquer faixa etária. Oncologista tira principais dúvidas sobre o tema
Com uma maior prevalência em pacientes com idade superior a 55 anos, é estimado
que a cada ano do triênio 2023-2025 ocorram 11.370 novos casos de câncer de
bexiga no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Dos
diagnósticos, 7.870 são encontrados em homens e 3.500 em mulheres, indicando
7,45 novos casos a cada 100 mil pacientes do sexo masculino e 3,14 a cada 100
mil do sexo feminino.
No entanto, de
acordo com a Dra. Pamela Carvalho Muniz, oncologista da Oncoclínicas São Paulo,
existem outros fatores de risco, além da idade, que podem colaborar para o
surgimento do câncer de bexiga. "O tabagismo é um desses fatores; cerca de
50% a 70% dos casos da doença podem ocorrer devido ao hábito. Além disso, a
exposição a diversos compostos químicos, como HPA, agrotóxicos, benzeno, entre
outros, também contribuem para o desenvolvimento da neoplasia", explica.
A especialista
aponta ainda sinais que trazem alerta para doenças no aparelho urinário,
incluindo o câncer de bexiga. "Em estádio inicial, a neoplasia pode ser
assintomática, mas sintomas como presença de sangue na urina, vontade frequente
de urinar e também dor ao urinar devem ser investigados".
Tipos de
câncer de bexiga
- Carcinoma
de células de transição: é o tipo mais comum da
doença e tem início nas células do tecido mais interno da bexiga.
- Carcinoma
de células escamosas: bem menos frequente que o
anterior, atinge as células planas e delgadas da bexiga depois de
infecções ou irritações de longo prazo.
- Adenocarcinoma:
subtipo menos frequente, tem início nas células glandulares,
podendo se formar na bexiga após longos períodos de inflamação ou irritação.
Diagnóstico e
tratamento
Como estratégia, a
detecção do tumor em fase inicial pode possibilitar maiores chances de sucesso
no tratamento. Com isso, a realização de exames clínicos, radiológicos e também
laboratoriais são fundamentais para a investigação completa. Já nas pessoas sem
sinais da doença, mas que fazem parte de grupos com uma maior possibilidade de
desenvolver a neoplasia, os exames periódicos também podem ser recomendados
pelo especialista.
Quanto ao
tratamento, é necessário uma avaliação individual de cada paciente, levando em
consideração o grau da doença. No caso da cirurgia, pode ocorrer a remoção
parcial (retirada do tumor ou parte do órgão) ou ainda total da bexiga.
"Vale lembrar que quando a última alternativa é realizada, um novo órgão é
reconstituído com o objetivo de armazenar a urina", explica a Dra. Pamela
Muniz.
A quimioterapia
também pode ser realizada antes ou após o procedimento cirúrgico, justamente
com o objetivo de eliminar as células cancerígenas que possam existir no local
ou na corrente sanguínea.
Prevenção
Como forma de
prevenir o surgimento do câncer, a oncologista reforça a importância de hábitos
saudáveis na rotina. "Realizar atividades físicas regulares, moderar a
ingestão de bebidas alcoólicas, não fumar, beber bastante água e ter uma dieta
balanceada e rica em frutas e fibras são essenciais para a manutenção da saúde
e prevenção de diversas doenças, inclusive o câncer de bexiga".
Abaixo, a Dra
Pamela Carvalho Muniz comenta 5 mitos e verdades sobre o câncer de bexiga para
ficar de olho
O câncer de
bexiga pode comprometer a virilidade masculina
Mito. A doença em si não interfere na virilidade do
homem. Contudo, a especialista explica que o tratamento pode causar impactos:
"Quando são realizadas cirurgias extensas da retirada concomitante da
próstata, das vesículas seminais ou o uso da radioterapia em algumas regiões,
pode resultar em disfunções sexuais. Por isso, é muito importante conversar com
o médico e falar a respeito da preocupação", comenta.
Câncer de
bexiga não tem cura
Mito. Até 80% dos pacientes com câncer de bexiga
apresentam tumores superficiais, ou seja, de melhor prognóstico. "As
chances de cura são maiores quando a doença é descoberta em estádio inicial e
quando não há comprometimento de camadas mais profundas".
O câncer de
bexiga pode voltar
Infelizmente,
sim. Por isso, é muito importante
que o paciente tenha acompanhamento regular com seu urologista e com o seu
oncologista. "Mesmo que a recidiva da doença possa ocorrer, ela é tratável
na maioria dos casos sem comprometer a qualidade de vida do paciente".
A presença de
sangue na urina ocorre com 80% dos pacientes com câncer de bexiga
Verdade. O sintoma, também chamado de hematúria, é o
resultado do rompimento de vasos sanguíneos que ficam no interior da mucosa da
bexiga ou massa tumoral. "É importante ressaltar que esse não é um sintoma
definitivo para o diagnóstico do câncer de bexiga, uma vez que pode ser
confundido com outras doenças do trato urinário, como as infecções urinárias,
prostatites benignas e cálculos renais".
Idosos
possuem risco aumentado de desenvolver câncer de bexiga
Verdade. A doença é mais comum em pacientes acima dos 55 anos.
"Além disso, ser homem e branco também está entre os fatores de risco da
neoplasia. Contudo, apesar da doença ser mais incidente nesta faixa etária, os
sintomas não devem ser ignorados em qualquer idade. Por isso, procure sempre
por atendimento caso algo fora do normal seja observado", finaliza.
Oncoclínicas&Co.
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