segunda-feira, 29 de julho de 2024

Idosos devem se manter ativos profissionalmente, afirma SBGG

  Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia reforça que medida auxilia na saúde física e mental

 

Nas últimas semanas, o nome do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi um dos mais comentados em toda a imprensa mundial. O assunto em questão é se por conta da idade, ele teria condições de concorrer à corrida presidencial. Após muitas especulações, no último dia 21, ele desistiu oficialmente de concorrer à reeleição. 

No entanto, a grande pergunta que fica é: será que existe uma idade certa para a pessoa idosa parar de trabalhar? Dados do Censo Demográfico de 2022 mostram que a população idosa brasileira, de 60 anos ou mais, teve um aumento de 56% em relação ao Censo Demográfico de 2010. São cerca de 32.113.490 pessoas que estão nesta faixa-etária, que representam 15,6% da população do Brasil, que gira em torno de 203.080.756 habitantes. 

Para a geriatra e diretora da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Dra. Alessandra Tieppo, antes de analisar se a pessoa está apta ou não a exercer determinada atividade, é importante ressaltar que a questão do etarismo, nome que se dá ao preconceito contra pessoas com base na sua idade, é algo latente no mundo, sendo uma prática bastante comum contra pessoas idosas, principalmente no mercado de trabalho. “O etarismo, além de prejudicar a saúde física, afeta também a dignidade da pessoa, impactando na habilidade de cada indivíduo alcançar seu pleno potencial”, observa a geriatra.

 

Momento de parar?

De acordo com a Dra. Alessandra, a idade nada tem a ver com a incapacidade funcional ou cognitiva de qualquer pessoa. Ela explica que existem outros fatores que contribuirão com esta questão, mas não tem qualquer relação com a idade. “A funcionalidade de uma pessoa envolve a sua autonomia, que é o poder de decisão, de pensar por si mesmo e poder executar qualquer tarefa. E esse comprometimento não tem nada a ver com a idade”, afirma, ao comentar que, obviamente, a idade mais avançada pode trazer algumas doenças crônicas e suas manifestações podem ser mais evidentes. “No entanto, a perda de funcionalidade não é sinônimo de envelhecimento; ao contrário. É importante lembrar que a experiência de vida contribui muito para uma sociedade saudável, inclusive no mercado de trabalho. Assim, pessoas idosas podem e devem continuar trabalhando.” 

Segundo a geriatra, profissionais nesta faixa-etária com ensino superior costumam permanecer mais tempo no mercado de trabalho em relação às pessoas que desenvolvem serviços mais braçais. Ela explica que ter uma atividade laboral faz bem não apenas para o organismo, mas também para a mente, desde que seja respeitada as limitações da pessoa. “É fundamental para a saúde da pessoa idosa que ela tenha uma atividade laboral, mesmo que seja parcialmente, até mesmo uma segunda profissão, por exemplo. Também é importante que a pessoa planeje sua aposentadoria para ter um envelhecimento bem-sucedido, sabendo o que ela fará no dia seguinte quando oficialmente se ‘aposentar’”, revela, ao comentar que tendo definida qual a atividade ela começará a se dedicar a partir daquele momento, o processo de envelhecimento ficará muito melhor. “As empresas deveriam investir neste processo visando a aposentadoria das pessoas. Muitas, sem saber o que fazer, podem desenvolver um quadro depressivo e até mesmo de dependência alcoólica ou química, por não se sentir mais útil. Então, neste processo, é importante a participação da família, para evitar que isso aconteça.” 

De acordo com a Dra. Alessandra, também é papel da família perceber quando a pessoa idosa está perdendo a funcionalidade, entendendo se o que ele está fazendo ou deixando de fazer faz parte do envelhecimento realmente para poder intervir, se necessário. “Familiares, pessoa idosa e geriatra devem estar alinhados nesta fase e, juntos, diminuindo as atividades. A família só aposentará o idoso realmente quando ele perder sua capacidade de pensar e tomar decisões, que é a sua autonomia. No entanto, isso não pode ser forçado, é uma decisão compartilhada com a pessoa idosa”, afirma.

 

Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia - SBGG


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