sábado, 6 de julho de 2024

ESTREIA NA CAPITAL O ESPETÁCULO LUIZA MAHIN… EU AINDA CONTINUO AQUI


COM A CIA. QUINTAL DAS ARTES CULTURA E ENTRETENIMENTO (RJ)

Foto: Cláudia Ribeiro
 

Em curta temporada no Sesc Pinheiros montagem aborda a questão do extermínio da juventude negra no país, entrelaçando relatos da personagem ancestral Luiza Mahin a de outras mulheres negras

 

O espetáculo Luiza Mahin ...eu ainda continuo aqui, da companhia carioca Quintal das Artes Cultura e Entretenimento, chega ao Sesc Pinheiros para curta temporada. A montagem que já esteve em cartaz no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, passando pelas cidades de Santo André e Sorocaba, em São Paulo, estreia para o público paulistano na sexta-feira,12 de julho, seguindo com as apresentações no sábado e domingo. A peça é uma tragédia contemporânea que traz o relato de várias mães acerca do extermínio da juventude negra no país, bem como o desaparecimento destes jovens oriundos de comunidades e periferias. 

Em cena, mulheres negras contemporâneas, vítimas do extermínio de seus filhos e do feminicídio traz à tona o massacre de jovens das periferias, e joga luz sobre essa separação cíclica que acomete as populações negras há séculos, desde a travessia do Atlântico, nas diásporas. A montagem promove um cruzamento entre os relatos destas mães com a personagem Luiza Mahin, nascida no início do século XIX, mãe do advogado abolicionista e jornalista Luiz Gama (1830-1882), vendido como escravo pelo próprio pai.

Mahin surge como uma voz ancestral que, conhecendo a dor da perda de um filho, vem para acalentar estas mulheres. Com sua existência até hoje posta em dúvida, Luiza Mahin, que ficou conhecida como revolucionária na Revolta dos Malês (1835 - BA), representa para a comunidade negra o ideário de uma ancestral guerreira, símbolo de força e inspiração para as mulheres negras. 

O espetáculo, de forte cunho emocional, tem trilha sonora original cantada ao vivo pelas atrizes. A percussão com os tambores reforça o lamento ancestral da mãe África, através da presença da experiente percussionista Regina Café. O figurino e suas cores vibrantes enaltecem ainda a qualidade artística, reforçando o universo da tragédia e as subjetividades de cada uma destas mães, bem como o desenho de luz sombreada que enfatiza o clima entre o passado e o presente. 

A companhia carioca carrega no canto, na música e nas palavras essas vivências ancestrais que se encontram no mesmo destino trágico. Conectam o relato de Mahin ao lamento de mães cujos filhos foram vítimas do genocídio em curso no país e clamam pelo fim da violência policial e patriarcal. Erguem a voz em apelo, súplica e luta.
 

Luiza Mahin ...eu ainda continuo aqui trata da tragédia contemporânea, diariamente estampada nos noticiários, e que encontra representação em uma dramaturgia que dignifica a dor, sabendo que ela não se elabora completamente pela arte, tampouco conquista apaziguamento pleno nas lutas por justiça racial. No entanto, o engajamento ainda nesses modos de enfrentamento de um horror que persiste há séculos, sustenta a aposta na vida e na transformação coletiva. 

Para Cyda Moreno, idealizadora e produtora, a chegada da peça à capital reafirma o local como um grande palco para espetáculos que tratam da temática. “Hoje podemos dizer que já temos um público que quer e precisa se ver representado. Conseguimos depois de muita luta realizar uma formação de plateia de negros, afrodescendentes e um público em geral interessado na luta antirracista”, conclui atriz. 

A companhia segue com apresentações nas unidades do Sesc Bauru , Sesc Ribeirão Preto.

 

FICHA TÉCNICA

Texto: Márcia Santos

Idealização e produção: Cyda Moreno

Direção artística e corporal: Édio Nunes

Direção musical e preparação vocal: Jorge Maya

Elenco: Cyda Moreno, Marcia Santos, Tais Alves, Jonathan Fontella e Márcia do Valle e Regina Café

Vozes dos policiais: Thelmo Fernandes, Marcelo Escorel e Gedivan de Albuquerque

Voz de Luiz Gama: Deo Garzez

Cenário e figurinos: Wanderley Gomes

Trilha sonora original: Jorge Maya e Regina Café

Percussão: Regina Café

Desenho de luz: Valdecir correia

Edição de vídeo: Madara Luiza

Fotografia: Cláudia Ribeiro

Apoio de pesquisa histórica e letra música Calma preta: Aline Najara

Direção de produção: Cyda Moreno

Produção executiva: Igor Veloso

Técnico de som e sonoplastia: Thiago Silva/ Felipe Coquito

Técnico de luz e operação: Rafael Turatti

Produção: Rendah Promoções e Eventos

 

Serviço

Luiza Mahin...eu ainda continuo aqui

De 12 a 14 de julho. Sexta e sábado, às 21h. Domingo, às 18h.

Local: Teatro Paulo Autran

Classificação: 14 anos

Duração: 90 minutos

Ingressos: R$ 50 (inteira); R$ 25 (meia) e R$ 15 (credencial plena)

Sesc Pinheiros – Rua Paes Leme, 195 

Estacionamento com manobrista: Terça a sexta, das 7h às 21h; sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h.

 

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