Um ambiente
corporativo mais diverso, equitativo e inclusivo começa com as pessoas e com as
práticas educacionais e programas promovidos pelas organizações.
Especificamente em relação às mulheres, sua participação ativa no mercado não
só contribui para a justiça social, mas também agrega uma riqueza de
perspectivas que fomentam a inovação e a sustentabilidade nas empresas.
Um estudo da
McKinsey & Company revela que empresas com maior diversidade de gênero têm
21% mais chances de serem lucrativas em comparação com a média do setor. Não
seria para menos, afinal, as mulheres trazem consigo uma história de superação
e resiliência, conquistada ao longo dos anos para ocupar espaços. Essa
trajetória reflete em características essenciais para qualquer liderança:
resiliência, comprometimento, comunicação empática, atenção aos detalhes e
habilidade de conectar temas complexos. Seu olhar único garante criatividade e
capacidade de humanizar processos e relações, enriquecendo os ambientes de
trabalho.
No entanto, apenas
5% das empresas da Fortune 500 são lideradas por mulheres, o que mostra que
ainda há um longo caminho a ser percorrido. Além disso, as mulheres representam
apenas 29% dos cargos de liderança globalmente, apesar de serem quase metade da
força de trabalho, de acordo com a International Labour Organization (ILO).
No Brasil, o
cenário é ainda mais desafiador. Um estudo de 2023 da consultoria Grant
Thornton revela que apenas 20% dos cargos de liderança no país são ocupados por
mulheres, demonstrando a necessidade de ações mais efetivas. Mais do que isso,
de acordo com o IBGE, as brasileiras ganham, em média, 20,5% menos que os
homens, e essa disparidade salarial é ainda maior em cargos de alta liderança.
Para que esses
números avancem de forma positiva e a diversidade cresça de maneira
consistente, é fundamental que as empresas implementem medidas práticas para
promover a inclusão. Uma estratégia eficaz é a criação de um banco de talentos
permanente e exclusivo para mulheres, incentivando o cadastro das candidatas.
Outra ação importante é utilizar uma linguagem inclusiva na divulgação de novas
vagas, evitando reforçar pressupostos sobre gênero. Durante o processo de
recrutamento e seleção, a criação de critérios como a presença de pelo menos
uma candidata do gênero feminino na etapa final é um passo essencial para
assegurar a representatividade.
Além de processos,
precisamos investir em uma cultura que inclua e dialogue sobre temas relevantes
e atuais em nossa sociedade. Nesse sentido, promover treinamentos que estimulem
o protagonismo feminino permite que as pessoas se conectem com a diversidade e
com novas linguagens e conceitos sobre a visão de mundo. Rodas de conversas entre
mulheres e integração com parceiros sobre a pauta - seja em datas comemorativas
ou com temas específicos, também proporcionam trocas de experiências, facilitam
a identificação e o compartilhamento de suas histórias. Através desses
momentos, incentivamos um ambiente acolhedor, conectamos pessoas, valorizamos
trajetórias e potencializamos o negócio.
E não temos como
não citar outra barreira que as mulheres ainda enfrentam no mercado de
trabalho: a sua maternidade. Uma pesquisa realizada pelo Insper e pelo Talenses
Group revelou que 48% das brasileiras que se tornam mães sentem que suas
chances de promoção diminuem após a maternidade. O mesmo estudo apontou que 37%
das mulheres acreditam que a maternidade é um obstáculo para alcançar cargos de
liderança. Além disso, um levantamento da Harvard Business Review revelou que
42% das mulheres ainda enfrentam preconceitos no local de trabalho, e muitas
acabam deixando suas carreiras por falta de apoio e flexibilidade. Um cenário
preocupante, que reforça a necessidade de políticas de suporte, como licença
parental remunerada e horários de trabalho flexíveis, por exemplo, para que as
mulheres possam equilibrar suas responsabilidades profissionais e pessoais sem
comprometer o desenvolvimento de suas carreiras.
Para que esse
contexto seja alterado e as iniciativas se transformem em programas, a
governança corporativa desempenha um papel decisivo como guardiã de uma gestão
ética e responsável. A transparência é um elemento essencial para fortalecer a
confiança e garantir que, independentemente do gênero, todos tenham
oportunidades igualitárias para seu desenvolvimento. Isso deve ser aliado a um
ambiente corporativo que valorize o respeito, por meio do seu código de ética
e, certamente, pelo exemplo e apoio da alta liderança. Dessa forma, esses
valores são integrados na cultura organizacional, refletindo de fato na
promoção da diversidade, equidade salarial e inclusão.
Em resumo,
promover a inclusão e o empoderamento feminino no ambiente corporativo não é
apenas uma questão de equidade, mas também de estratégia. As empresas que
abraçam a diversidade e a inclusão estão na vanguarda da inovação e da
sustentabilidade, com resiliência e visão de futuro. O universo feminino
contribui de forma singular, permitindo alcançar novos horizontes, movidos pela
atitude diante dos desafios, pela força de superação e pelos talentos das
mulheres.
Débora Neves -
líder da área de ESG da Teltec Solutions
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