Sentimento é necessário, mas em excesso pode interferir na vida cotidiana
A ansiedade é uma resposta natural do corpo ao estresse, medo ou apreensão sobre o que está por vir. Em níveis moderados, o sentimento é benéfico e necessário, pois ajuda a pessoa a se preparar para situações desafiadoras. A ansiedade passa a ser um problema quando se torna excessiva e interfere na vida diária, impedindo a pessoa de realizar tarefas corriqueiras. De acordo com o mapeamento global de transtornos mentais realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2023, o Brasil possui a população com a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo. Dados desse ano, apontam que 26,8% dos brasileiros receberam o diagnóstico médico da doença.
O professor de Psicologia da Universidade Veiga de Almeida (UVA), Daniel Lopes, explica que os transtornos de ansiedade têm muitas causas e podem variar, mas geralmente incluem uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos. “Alguns fatores comuns incluem histórico familiar de ansiedade, desequilíbrios nos neurotransmissores do cérebro, traumas, estresse crônico, abuso e experiências negativas na infância, condições médicas, como doenças cardíacas, diabetes ou problemas de tireoide, além da autocritica excessiva e necessidade de alto desempenho”, destaca.
Os sintomas são diversos e podem se manifestar de diferentes formas, tanto fisicamente quanto emocionalmente. “É comum que ocorra aumento da frequência cardíaca, transpiração excessiva, tremores, tontura, problemas digestivos e dificuldade de respirar, além disso, pode gerar uma sensação persistente de preocupação, medo ou pânico”, complementa o especialista. Os tipos mais comuns de ansiedade são:
- Transtorno
de Ansiedade Generalizada (TAG) - preocupação excessiva e persistente
sobre várias áreas da vida;
- Transtorno
do Pânico - episódios recorrentes de ataques de pânico;
- Fobias
- medo intenso e irracional de objetos ou situações específicas;
- Transtorno
de Ansiedade Social - medo extremo de situações sociais;
- Transtorno
Obsessivo-Compulsivo (TOC) - pensamentos intrusivos (obsessões) e
comportamentos repetitivos (compulsões);
- Transtorno
de Estresse Pós-Traumático (TEPT) - ansiedade após uma experiência
traumática.
Na maioria das
vezes, a busca por controle é um elemento que acaba ampliando a ansiedade. Para
o professor, o importante é buscar entender o porquê do sentimento, praticar
exercícios físicos, buscar atividades prazerosas e técnicas de relaxamento. “A
respiração diafragmática, também conhecida como respiração abdominal, é uma
técnica simples que pode ajudar a reduzir a ansiedade e promover relaxamento”,
ressalta. Essa técnica ajuda a ativar o sistema nervoso parassimpático, que é responsável
pelo relaxamento e redução do estresse.
Saiba como fazer a respiração abdominal:
- Encontre
uma posição confortável - sente-se ou deite-se em um lugar tranquilo onde
você possa relaxar;
- Coloque
uma mão no peito e outra no abdômen - isso ajuda a sentir o movimento da
respiração;
- Inspire
lentamente pelo nariz - sinta o abdômen subir conforme você puxa o ar para
os pulmões. O peito deve permanecer relativamente imóvel;
- Expire
lentamente pela boca - sinta seu abdômen descer enquanto você solta o ar.
Tente fazer a expiração durar mais tempo do que a inspiração;
- Repita
- continue respirando dessa maneira por alguns minutos, focando no
movimento do abdômen para cima e para baixo.
“Um psicólogo pode ajudar a
identificar as causas subjacentes da ansiedade, fornecer estratégias práticas
para lidar com os sintomas e apoiar o indivíduo na construção de uma vida mais
equilibrada e saudável”, alerta Lopes. Segundo o professor, o objetivo do
psicólogo é ensinar ao paciente habilidades de enfrentamento e resolução de
problemas, além da regulação emocional e atuação em momentos de crise.
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