segunda-feira, 29 de julho de 2024

Amamentar pode reduzir risco relativo de câncer de mama em até 50%

As alterações hormonais que ocorrem no período de amamentação e a adesão da mãe a melhores hábitos em prol da saúde do bebê favorecem a prevenção da doença

 

Amamentar oferece diversos benefícios para a saúde materna e infantil, além de contribuir para o desenvolvimento do vínculo afetivo. Entre eles, está o menor risco de ter câncer de mama. A amamentação, durante mais de um ano, pode diminuir o risco relativo de desenvolver um tumor triplo-negativo em cerca de 20% e de mulheres com mutações BRCA1 manifestarem a doença em cerca de 22 a 50%. 

“Somado a isso, estudos apontam que a possibilidade de ter câncer de mama pode reduzir 4,3% a cada 12 meses de amamentação, além de diminuir 7% a cada parto. No entanto, os efeitos protetores da gravidez dependem da idade em que ocorreu o primeiro parto da mulher, quanto mais jovem, maiores as chances de diminuir o risco da doença”, completa o mastologista do Hcor, Dr. Afonso Nazário. 

Ao se tornar mãe antes dos 25 anos, o risco relativo de câncer de mama na pós-menopausa reduz em 35%, em comparação com as mulheres que nunca tiveram filhos. Depois disso, as chances de desenvolver a doença passam a aumentar. De acordo com o último censo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o grupo de mulheres que se tornaram mães entre 40 e 49 anos foi o único que cresceu no período (2018-2022), registrando um aumento de 16,8%. 

“Embora este aumento do risco de câncer de mama para mães com mais idade seja preocupante, o que estamos realmente observando é uma reversão dos efeitos protetores da gravidez que beneficiam as mais jovens. Mulheres que têm um filho entre 30 e 34 anos têm o mesmo risco que aquelas que nunca tiveram, por exemplo”, esclarece o especialista. As vantagens da gravidez e da amamentação em idade jovem têm sido consistentemente observadas em vários países e grupos étnicos, sugerindo que a proteção resulta de mudanças biológicas na mama e não de fatores ambientais ou socioeconômicos. 

Reforçando este efeito protetor da amamentação, em uma pesquisa realizada na Universidade Federal do Amazonas em parceria com a UNIFESP, em 2023, demonstrou-se que nas indígenas de Manaus e de populações ribeirinhas, a mortalidade por câncer de mama é praticamente inexistente. Emerge como principal fator protetor a amamentação prolongada neste grupo étnico que, em média, é de cinco a seis anos.

 

Triplo-negativo

Uma meta-análise de 2015 encontrou uma redução de 20% no risco relativo de câncer de mama triplo-negativo associado à amamentação. Esta redução foi observada tanto em estudos de caso-controle quanto em estudos de coorte. Outro estudo mais recente encontrou um aumento de 191% no risco relativo de câncer de mama triplo-negativo em mulheres que tiveram filhos, mas não amamentaram.

 

Mutação no gene BRCA1

Mulheres com mutações no BRCA1 que amamentaram por mais de um ano apresentaram redução no risco relativo de câncer de mama de 22 a 50%, em comparação com aquelas que nunca amamentaram. Esta redução significativa é notável em uma população que já apresenta um risco elevado de câncer de mama. Mulheres com mutações no BRCA1 têm um risco absoluto de 65% de desenvolver câncer de mama até os 70 anos. Em contraste, não há redução no risco associado à amamentação para mulheres com mutações no BRCA2. 

Mulheres de forma geral devem ser especialmente incentivadas a amamentar como forma de reduzir o risco de câncer de mama. E este efeito protetor se aplica também àquelas com histórico familiar de câncer de mama. Muitas desconhecem ter uma mutação no BRCA 1 e seu aumento de risco de câncer.

 

Hcor

 

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