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Antes de mais nada, vamos falar das principais
funções de um órgão extremamente vital para o corpo – os rins. Eles são
responsáveis pela eliminação de produtos do metabolismo, controlar a pressão
arterial, produção de hormônios e outros mediadores químicos e de eritropoetina,
que estimula a produção de glóbulos vermelhos, metabolização de fármacos e
toxinas, equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-base.
É importante estar atento aos sinais de alerta que
indicam que algo não vai bem com os rins: redução do volume urinário excretado,
alteração da coloração da urina, urina “espumosa”
(perda de proteínas na urina), presença de sangue (hematúria) e edema generalizado (anasarca). Os principais inimigos do órgão
são: hipertensão arterial, diabetes mellitus,
anti-inflamatórios não-esteroidais e mioglobina
(proteína responsável por transportar oxigênio nos músculos).
É essencial realizar exames anuais ou semestrais
vezes por ano para acompanhar a saúde. Para detectar quadros de problemas
renais podem ser realizados exames de: dosagens plasmáticas de creatina e
ureia, de urinária de creatinina e plasmática de Cistatina C, clearance de
creatinina, urina tipo I e urina 24h, microalbuminúria.
A doença renal crônica, quando instalada, tem cinco estágios: Grau 1 -
função renal preservada; Grau 2 - função renal levemente reduzida; Grau 3 -
função renal moderadamente reduzida; Graus 4 - função renal severamente
reduzida e Grau 5 - falência renal.
Segundo o médico Rodrigo Gibin Jaldin é possível
reverter quadros que não sejam tão graves, por este motivo é fundamental estar
alerta aos cuidados com a saúde – “existem quadros de insulto agudo aos rins
que são plenamente reversíveis. Nos estágios
iniciais, é possível estabilizar e/ou impedir a progressão da doença renal. A
automedicação, particularmente com uso regular de anti-inflamatórios, é
extremamente perigosa, por ser altamente lesiva aos rins”.
Os rins produzem o hormônio eritropoetina que
estimula a produção de glóbulos vermelhos na medula óssea, e outras substâncias
ativas no Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona e no Peptídeo Atrial
Natriurético, reguladores da função cardiovascular, através do balanço entre
vasoconstrição/vasodilatação, do equilíbrio hidroeletrolítico e do controle da
pressão arterial. Participam ainda do metabolismo da vitamina D, auxiliando na
saúde osteo-metabólica.
O doutor Rodrigo listou cuidados para manter os
rins saudáveis no decorrer da vida:
- Manter
o peso corporal adequado;
- Alimentar-se
de maneira balanceada;
- Controle
rigoroso da pressão arterial;
- Evitar
o tabagismo;
- Praticar
exercícios físicos regulares;
- Ter
uma boa qualidade do sono;
- Evitar
uso frequente de anti-inflamatórios e a automedicação;
- Todas
essas medidas levam a melhora da saúde cardiovascular e
endócrino-metabólica e reduzem a sobrecarga dos rins ao longo da vida.
Atividade física
Durante o exercício físico, ocorre a redistribuição
do fluxo sanguíneo para os músculos em contração, ocasionando a redução
relativa da perfusão dos outros órgãos, incluindo os rins. Deste modo, o
desafio que a atividade física provoca ao organismo acaba causando uma
sobrecarga funcional aos rins, o que pode justificar algumas alterações
laboratoriais em esportistas que não necessariamente remetem a doença e que
guardam relações com a intensidade do exercício físico executado.
Neste caso, pode haver perda de sangue e/ou
proteína na urina dos praticantes de exercício físico em alta intensidade. O
profissional que lida com este público deve estar familiarizado com estas
possibilidades e tranquilizar o indivíduo quando esses achados forem
transitórios.
“Essa sobrecarga relativa aos rins não é danosa,
muito pelo contrário. Os exercícios físicos melhoram a capacidade funcional dos
rins por melhorarem o metabolismo de carboidratos, por contribuírem na melhoria
da composição corporal e no controle da pressão arterial, entre outros
mecanismos. Quer garantir rins saudáveis? Pratique atividade física
regularmente”, observa o médico Rodrigo Gibin Jaldin, supervisor da residência
médica em Medicina do Esporte na UNESP e professor dos cursos de pós-graduação
na Faculdade UNIGUAÇU.
É fundamental que pacientes com doença renal
crônica façam exercícios físicos para cuidar da saúde cardiometabólica e para
prevenir a sarcopenia. Em pacientes em hemodiálise, existem limitações para a
realização das atividades decorrentes aos acessos vasculares, já que de certa
forma podem limitar a execução de movimentos nos membros superiores. Além disso,
o paciente passa diversas horas conectado ao aparelho e muito frequentemente se
desloca por quilômetros para um centro referenciado em hemodiálise. Por isso,
são bem-vindas iniciativas de exercício supervisionado durante a sessão de
hemodiálise, adaptado às limitações do paciente.
Saiba quais são os benefícios da atividade física
para os rins, em pacientes com doença renal:
- Controle
dos fatores de risco de doenças cardiometabólicas: sedentarismo,
dislipidemia, hipertensão, resistência insulínica, obesidade, estresse e
tabagismo;
- Melhora das funções endotelial e mitocondrial;
- Redução
da inflamação sistêmica e do estresse oxidativo;
- Prevenir
sarcopenia por gerar diminuição da atividade da miostatina e melhorar os
diversos fatores de aptidão muscular.
Massa muscular
A doença crônica dos rins leva à disfunção
osteomuscular mediante a piora da regeneração e da qualidade muscular. A
inflamação sistêmica e muscular que se instalam são traduzidas em perda de
força muscular (dinapenia), perda de massa e função muscular (sarcopenia) e
fibrose da musculatura, com consequente piora da capacidade funcional e da
qualidade de vida.
Existem evidências de que programas de atividades
físicas regulares possam impedir esse processo. Embora o principal Guideline de
Tratamento da Doença Renal (KDOQI) recomende pelo menos 30 minutos de atividade
física cinco dias por semana, ele não traz sugestões de qual programa de
exercício físico deva ser aplicado.
A literatura disponível mostra que o treinamento de
força possui papel estratégico em frear a progressão da disfunção muscular na
doença renal crônica. “Os exercícios de força dinâmica (musculação) parecem ser
mais eficientes que os exercícios isométricos. A musculação é eficiente
isoladamente ou quando associada a exercícios aeróbicos (treino combinado). No
contexto da doença renal crônica, praticar musculação evita a atrofia muscular
e mantém a capacidade físico-funcional do paciente”, declara Jaldin.
Com um programa supervisionado de treinamento de
força é possível obter:
- Maior
aptidão muscular (aumento de força, qualidade, resistência e potência
muscular);
- Redução
da expressão da miostatina (via que impede o anabolismo muscular), da
inflamação sistêmica, muscular e do estresse oxidativo;
- Melhora
da função mitocondrial.
Alimentação & saúde dos
rins
A alimentação interfere direta e indiretamente na
saúde renal, por meio do consumo de nutrientes como sódio, potássio, magnésio e
controle calórico, prevenindo assim a obesidade e riscos renais associados a
ela, por exemplo, o aumento da pressão arterial.
Já os produtos ricos em sódio são os que mais
demonstram riscos e são considerados inimigos dos rins, no topo da lista estão
os embutidos e os ultraprocessados mais salgados. “Não há um consenso claro
sobre o consumo de proteínas em doses muito elevadas em longo prazo, mas há
segurança nos valores de até 1,6g/kg, ou seja, o dobro da RDA, por períodos
prolongados, sem impactar na saúde renal”, alerta Felipe Almeida,
nutricionista, coordenador e professor da pós-graduação de Nutrição Comportamental
e Clínica na Faculdade UNIGUAÇU.
Os alimentos mais ricos em potássio ajudam a manter
os rins mais saudáveis como: banana, goiaba, abacate, entre outros, ajudam a
manter o controle hidroeletrolítico, embora seja importante avaliar o contexto
da dieta como um todo, não apenas de alimentos específicos. “O estado atual do
paciente também importa. Caso seja um doente renal crônico, é importante
realizar uma avaliação de proteínas totais da dieta e de nutrientes como
magnésio e potássio”, orienta o nutricionista.
Além de doenças renais, o que pode aumentar os
valores de creatinina é a suplementação de creatina e o ganho de massa
muscular. Estas elevações são seguras e fisiológicas. A alimentação entra como
parte da terapia em doenças renais, mas sem saber a causa da elevação da
creatinina, não é possível afirmar se haverá benefícios apenas mudando a
alimentação, ou seja, é preciso sempre tratar a causa.
“Nas doenças renais mais crônicas sem hemodiálise,
postula-se quantidades de 0,6 a 0.8g/kg. Já com diálise, a quantidade pode
chegar a 1,2g/kg. Nos casos mais agudos, é preciso avaliar se existe um
hipercatabolismo, podendo chegar em quantidades próximas de 1,5g/kg, a depender
de cada caso. Estas recomendações são generalizadas e devem ser avaliadas individualmente”,
observa Almeida.
Quando o assunto é suplementação existem várias
opções, mas é importante ressaltar que é necessário avaliar caso a caso.
Segundo o nutricionista – “é possível repor as vitaminas, caso exista uma leve
deficiência, é preciso ter um certo cuidado com suplementos proteicos para não
ultrapassar a quantidade de proteínas e os itens a base de ervas também devem
ser vistos com cuidado pelo risco de neurotoxicidades”.
Outro assunto que requer recomendação e vai variar
de caso a caso, é a ingestão de água. Geralmente soma-se 400 a 600ml de água
junto ao cálculo de excreção urinária (ex.: 700 ml de urina = 1100 a 1300 ml de
água) porém o cálculo deve ser definido de acordo com cada caso, considerando a
capacidade físico-funcional do paciente.
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