Especialista em
finanças pessoais explica vantagens e ressalta a importância de analisar com
cuidado antes de tomar uma decisão
Comprar ou alugar um imóvel é uma questão que
coloca muitas pessoas em dúvida, pois geralmente, não sabem qual opção é
considerada a melhor para as suas respectivas realidades. No entanto, antes de
escolher, é fundamental entender o que faz mais sentido para o momento atual da
sua vida, sem deixar de pensar em como isso afetará o seu futuro e o seu orçamento.
De acordo com o especialista em finanças pessoais, João
Victorino, existem vantagens para as duas opções, porém, é
importante que os interessados considerem alguns pontos antes de tomar uma
decisão, como por exemplo, avaliar a sua capacidade financeira e se possuem os
recursos para a entrada, para as despesas iniciais de compra e também para as
parcelas do financiamento, que não devem passar de 30% da renda de cada um.
João explica que, no caso da compra, é importante considerar planos pessoais e
familiares, tendo em mente se a pessoa pretende permanecer no mesmo local por
um longo tempo. “Entre as vantagens de comprar, estão a construção de um
patrimônio, o potencial de valorização ao longo do tempo e a promoção de
estabilidade e segurança, especialmente para famílias. Esses pontos devem ser
analisados antes da compra de uma casa ou apartamento”, diz.
Segundo dados da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias
(Abrainc), o número de compradores de imóveis cresceu no primeiro trimestre de
2024, em 11%. Além disso, o levantamento traz que os imóveis usados costumam
chamar mais atenção do que os novos, principalmente pelo preço. E o uso do bem
é destinado para moradia por 61% do público que foi consultado.
No entanto, alugar também tem as suas vantagens. “Alugar oferece maior
flexibilidade e mobilidade, sendo ideal para quem não deseja se fixar em um
local por muito tempo. Além disso, requer menos capital inicial do que comprar,
o que pode ser vantajoso para várias pessoas. Por fim, não há necessidade de se
preocupar com eventuais manutenções em alguns casos, sendo responsabilidade do
locador do imóvel em questão”, destaca João.
O especialista alerta que em ambos os casos é essencial estar atento para não
ser enganado e não se precipitar. Para ele, quando o objetivo é alugar, vale
analisar as condições de mercado imobiliário na região de interesse, sendo
possível fazer isso até mesmo pela internet, pois existem várias plataformas
disponíveis para auxiliar nesse processo, servindo como fonte de consulta.
Porém, quando o intuito é comprar, João pontua que o cuidado deve ser
redobrado, pois será um imóvel adquirido, não um local temporário. “Converse
com zeladores, síndicos e vizinhos para saber se o imovel que você quer comprar
é uma boa ideia. Evite comprar apartamentos com a inadimplência do condomínio,
muitos prédios têm problemas de atraso nas contas e a conta sobra para os
proprietários por meio de cotas-extras. Tudo precisa ser pensado nos mínimos
detalhes para evitar dor de cabeça durante o processo”, afirma.
Com o intuito de ajudar a esclarecer quando é melhor alugar ou comprar um
imóvel, o especialista recomenda considerar alguns cálculos que envolvem a taxa
de juros do momento e quanto a pessoa tem guardado. João propõe supor um
cenário onde uma pessoa está interessada em um imóvel de R$ 450 mil. Abaixo,
será feita uma comparação entre os custos envolvidos na compra do imóvel e no
investimento deste valor no Tesouro IPCA+.
Compra do Imóvel
Optar pela compra de um imóvel de R$ 450 mil, com o potencial de
valorização a uma taxa média de 5% ao ano, resultando em um valor aproximado de
R$ 1.945.077,00 após 30 anos. Ao comprar o imóvel, a pessoa também
economiza o valor do aluguel, que seria cerca de R$ 1.315.800,00 ao longo de 30
anos, considerando um aluguel inicial de R$ 1.800,00 por mês com reajuste anual
de 4%.
Investimento no Tesouro IPCA+
Por sua vez, investir R$ 450 mil no Tesouro IPCA+ a uma taxa real de 6,5%
ao ano pode resultar em um valor acumulado de aproximadamente R$ 2.982.757,00
após 30 anos, oferecendo altos retornos financeiros e
flexibilidade. Porém, investir no Tesouro IPCA+ implica em continuar
pagando aluguel, totalizando aproximadamente R$ 1.315.800,00 ao longo de 30
anos, com um aluguel inicial de R$ 1.800,00 por mês e reajustes anuais de
4%.
Vamos analisar todos estes números na tabela a seguir:
Quadro comparativo
Conclusão
- Comprar o imóvel: valorização do imóvel ao final
de 30 anos é R$ 1.945.077,00 mais uma economia de aluguel de R$ 1.315.800,00
totalizando R$ 3.260.877,00
- Investir no Tesouro IPCA+: o valor do investimento ao final de 30 anos é R$
2.982.757,00, descontando o gasto com aluguel de R$ 1.315.800,00 totalizando R$
1.666.957,00.
Considerações
Com uma taxa de rentabilidade real de 6,5% ao ano
para o Tesouro IPCA+, investir nesta opção oferece um retorno significativo,
embora com o risco de reaplicação dos rendimentos (pois não sabemos
quais serão as taxas no futuro).
Comparando os dois cenários, comprar o imóvel e economizar o aluguel resulta em
um total acumulado maior (R$ 3.260.877,00) do que investir no Tesouro IPCA+ e
descontar o gasto com aluguel (R$ 1.666.957,00). Neste caso, do ponto de vista
estritamente financeiro, comprar o imóvel é mais vantajoso do que investir no
Tesouro IPCA+.
No entanto, decidir entre comprar ou investir depende de diversas variáveis
pessoais e financeiras. Portanto, é essencial que cada pessoa avalie
cuidadosamente sua situação atual e suas expectativas futuras, considerando as
taxas de juros, o potencial de valorização do imóvel, valor disponível para
entrada e suas necessidades de mobilidade e segurança.
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