sexta-feira, 31 de maio de 2024

Prefeitura de SP tem 25 mil vagas para acolher pessoas em vulnerabilidade

Só no Centro da cidade, são mais de 9 mil vagas e quase 380 serviços com foco na autonomia dos beneficiados. O Vila Reencontro (foto), no Anhangabaú, é um exemplo dessa rede socioassistencial


Enquanto a vida noturna ressurge e o comércio atrai novos clientes, no Centro de São Paulo ainda há uma parcela da população que vive em situação de rua. Para enfrentar essa realidade, a Prefeitura tem implementado estratégias que já começam a dar resultados. Um deles aponta que a capital paulista possui a maior rede socioassistencial da América Latina, oferecendo mais de 25 mil vagas de acolhimento para pessoas em situação de vulnerabilidade e cerca de 120 mil refeições por dia a esse público.

Essa rede é composta por Centros de Acolhida, Hotéis Sociais, Repúblicas para Adultos, Vilas Reencontro e outros serviços. Das 25 mil vagas, pouco mais de 9 mil estão localizadas no Centro da cidade. Além disso, há 379 serviços de acolhimento com foco na autonomia dos beneficiados. “Para reduzir o número de pessoas em situação de rua, oferecemos acolhimento em diversas modalidades. Nossa meta é promover a superação dessa condição e as oportunidades de reintegração social”, afirmou Alvaro Camilo, subprefeito da Sé.

A região central da cidade também abriga a Vila Reencontro - Anhangabaú, que oferece moradia transitória conforme a configuração familiar. Segundo o subprefeito, esse programa é essencial para famílias em situação de rua, fornecendo moradias nas quais elas podem permanecer por até dois anos, enquanto recebem capacitação profissional e apoio social. Outros destaques são a Unidade de Acolhimento Amor à Vida (UNA), projetada para aqueles que não se adaptam aos serviços convencionais da rede socioassistencial – e a Unidade de Hospedagem Social, que acolhe indivíduos já ativos no mercado de trabalho ou em busca de emprego, oferecendo-lhes um ambiente estável para reconstruir suas vidas. Além disso, é possível encontrar 9 Núcleos de Convivência para Adultos em Situação de Rua, com 2.952 vagas.


ESTRATÉGIAS PARA RECOLOCAÇÃO 

Além de oferecer acolhimento para pessoas em situação de rua, o programa tem o objetivo de proporcionar condições para que os indivíduos possam retomar suas vidas. Os números mostram que esses resultados já estão aparecendo. Apenas de janeiro a maio deste ano, a rede socioassistencial da Prefeitura de São Paulo registrou um total de 4.239 saídas qualificadas, marcando o momento em que as pessoas deixam os pontos de acolhimento com autonomia e não necessitam mais da assistência pública. Mesmo após a saída dos acolhidos, a equipe da Prefeitura mantém o acompanhamento. “Esse trabalho é crucial. Continuamos a apoiar os beneficiários, ajudando-os a se reintegrar à sociedade e a encontrar trabalho”, afirmou Camilo.

Uma das iniciativas é a promoção da capacitação profissional pela SMADS. Por meio dos Centros de Desenvolvimento Social e Produtivo (CEDESPs), a SMADS oferece formação em diversas áreas, como comunicação, gestão de negócios e produção alimentícia. Além disso, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (SMDET) implementou o Programa Operação Trabalho (POT), que tem mais de 16 mil beneficiários ativos. Nas unidades do POT, os participantes recebem uma bolsa-auxílio de até R$ 1.482,60, como pagamento pelo trabalho que realizam na limpeza e zeladoria do Centro.

A Prefeitura também disponibiliza os auxílios Reencontro Família e Reencontro Moradia. Ambos são benefícios nos valores de R$ 600, quando há acolhimento de uma só pessoa, e de R$ 1.200, quando são dois ou mais indivíduos. O Auxílio Reencontro Família é pago para quem acolhe de volta em suas casas as pessoas ou famílias em situação de rua, enquanto o pagamento do Moradia é feito aos proprietários de imóveis alocados para acolhimento.


A PALAVRA DO USUÁRIO

Luciano Dias, de 45 anos, já passou por alguns centros de acolhimento ao longo dos seus 11 anos morando na rua. Segundo ele, no último deles a experiência não foi positiva. “Eu fiquei doente e passei 20 dias no hospital. Quando voltei, não permitiram a minha entrada no centro de acolhimento. Falaram que eu sumi, mas eu tinha todos os laudos médicos”, disse. “Desde então, estou há 2 meses vivendo na rua e não consigo um abrigo para morar”. Paloma Silva, de 36 anos, também afirmou ter dificuldades em encontrar vagas em centros de acolhimento. “Para você conseguir se alimentar é fácil, mas para conseguir um lugar para dormir é difícil, são poucas vagas. Eles falam que vão nos chamar e não chamam”. 



Bruna Galati
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