Com maior incidência após os 50 anos, neoplasia é a oitava mais comum nas brasileiras. Oncologista explica por que pode acontecer, tipos e como identificar
Considerado o nono tipo de tumor mais comum entre as mulheres no
mundo, o câncer de ovário merece atenção. De acordo com o Instituto Nacional do
Câncer (INCA), é estimado que no triênio 2023-2025 sejam diagnosticados 7.310
novos casos da neoplasia ao ano. Quanto ao número de óbitos, o Atlas de
Mortalidade por Câncer de 2020 apontou 3.921 mortes no período.
Quando não tratado em estágio inicial, o câncer de ovário pode
evoluir rapidamente e costuma ser assintomático. No entanto, quando existem
sinais da doença, são bastante discretos, podendo dificultar o diagnóstico.
“A neoplasia possui uma maior incidência em mulheres acima de 50
anos. Na grande maioria dos casos, não é possível que os fatores de risco sejam
identificados previamente, tornando este tipo de câncer agressivo",
comenta a Dra. Marcela Bonalumi, oncologista da Oncoclínicas São Paulo.
Tipos de câncer de ovário
Ao todo, é estimado que existam cerca de 30 tipos de câncer de
ovário, podendo ser denominados a partir de suas células de origem.
"Em 95% dos casos, o câncer de ovário é derivado das células
epiteliais, que revestem o ovário. Já os outros 5% são das células
germinativas, que formam os óvulos, e também das estromais, responsáveis por
produzir grande parte dos hormônios femininos", comenta a oncologista.
Vale lembrar ainda que o câncer de ovário é o segundo tipo de câncer
ginecológico mais comum em mulheres, ficando atrás somente do câncer de colo de
útero. Os três principais grupos da neoplasia são:
- Carcinoma epitelial de ovário – vem da superfície do ovário (o epitélio) e é o subtipo mais
comum. O câncer de tuba uterina e o câncer primário do peritônio estão
incluídos neste grupo;
- Carcinoma de células germinativas de ovário – origina-se nas células reprodutivas ou germinativas dos
ovários, ou seja, aquelas que dão origem aos óvulos;
- Carcinoma de células estromais de ovário – forma-se nas células do tecido conjuntivo.
Há também o carcinoma de pequenas células hipercalcêmico do
ovário, que não se enquadra nos três grupos acima e é extremamente raro. Ainda
não foi identificado em que tipo de células ele se origina.
Sintomas
e sinais do câncer de ovário
O
câncer de ovário é uma doença silenciosa e em seus estágios iniciais não
costuma apresentar sintomas específicos. À medida que o tumor cresce, pode
causar:
- Inchaço no abdômen;
- Dor no abdômen;
- Dores na região pélvica, nas costas ou nas pernas;
- Náuseas;
- Indigestão;
- Gases;
- Funcionamento anormal do intestino (prisão de ventre ou
diarreia);
- Fadiga constante;
- Perda de apetite e de peso sem razão aparente;
- Sangramento vaginal anormal, especialmente depois da menopausa;
- Aumento na frequência e/ou na urgência de urinar.
Por
que o tumor pode acontecer?
"Não
se tem um motivo ao certo, mas existem alguns fatores de risco que podem
colaborar para o surgimento do câncer de ovário. Dentre eles, é possível citar:
a obesidade, sedentarismo, tabagismo, endometriose, idade maior a 50 anos,
fatores hormonais (menarca precoce ou menopausa tardia), histórico familiar,
mutações em genes BRCA1 e BRCA2, fatores reprodutivos (mulheres que não tiveram
filhos possuem um risco aumentado de desenvolver a doença), entre outros",
comenta a oncologista da Oncoclínicas São Paulo.
Alguns
estudos sugerem que o uso de pílula anticoncepcional pode ser adotado como
método preventivo, pois o número excessivo de ovulações tende a levar ao
aparecimento de tumores. "A partir dos resultados, foi possível analisar
que o medicamento diminuiu em até 33% o risco de câncer de ovário, seguido por
34% no de endométrio e 19% no de intestino", explica.
Diagnóstico
Infelizmente,
até o momento não existe um exame específico que possa detectar o câncer de
ovário, assim como o Papanicolau para o câncer de colo de útero ou a mamografia
para o câncer de mama.
"Os
sintomas da neoplasia podem ser facilmente confundidos com outras doenças. Por
isso, caso qualquer um deles apareça, é muito importante procurar ajuda médica
o mais rápido possível", comenta a oncologista.
A
partir disso, o médico pode solicitar exames clínicos ginecológicos,
laboratoriais e também de imagem, para identificar a presença de ascite ou
acúmulo de líquidos, além da extensão da doença em mulheres com suspeita de
disseminação intra-abdominal. Se houver suspeita de câncer de ovário, é necessário
uma avaliação cirúrgica.
Vale
lembrar que pode ser realizado também um raio x ou tomografia computadorizada
do tórax, com o intuito de analisar derrame pleural, metástases pulmonares ou
ainda quaisquer outras alterações.
Tratamento
Apesar
do câncer de ovário ser o tumor ginecológico de maior índice de óbito no mundo,
quando diagnosticado precocemente, as chances de cura podem aumentar. "O
tratamento irá depender do tipo de estágio do câncer de ovário. Além disso,
deve-se levar em conta os desejos da paciente, ou seja, se há a vontade de ter
filhos. A partir disso, a cirurgia é o principal tratamento, mas pode
significar a retirada unilateral ou bilateral dos ovários. Já no caso da
quimioterapia, ela pode ser realizada antes ou depois da cirurgia",
comenta a Dra. Marcela Bonalumi.
Por
isso, a oncologista aconselha que a decisão sempre seja tomada junto com o
especialista. "O melhor método é aquele com o objetivo de salvar a vida da
paciente, mas sem perder de vista os sonhos futuros. Contudo, devemos realizar
uma abordagem personalizada para cada caso, pensando não só nas questões
físicas, mas também nas emocionais durante todo o processo", finaliza.
Oncoclínicas&Co.
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