A nutricionista
clínica funcional Dra Gisela Savioli explica que nutrição e a fertilidade estão
estritamente relacionadas e faz algumas recomendaçõesGetty Images
O Dia das Mães se aproxima e nos preparativos para
quem deseja engravidar, já está gestante ou em fase de amamentação, um assunto
não pode ficar de fora: o plano alimentar exclusivo para essas três fases da
vida da mulher e da criança. De acordo com a nutricionista clínica funcional,
Dra. Gisela Savioli, autora do livro Nutrição, Saúde e Fertilidade,
novas descobertas científicas trouxeram à tona a importância da programação
metabólica, ou seja, o conhecimento sobre os impactos das escolhas alimentares
na fertilidade, na evolução da gravidez e também na qualidade do aleitamento materno.
Primeiro, é importante alertar que a alimentação é
fundamental já na fase de pré-gestação, especialmente para quem lida com
obstáculos nessa área. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a
infertilidade atinge 1 em cada 6 pessoas no mundo todo; no Brasil, cerca de 8
milhões de pessoas lidam com a dificuldade de engravidar. E de acordo com a
Dra. Gisela uma dieta equilibrada e rica em certos nutrientes pode melhorar
tanto a fertilidade masculina quanto a feminina, além de contribuir para uma gravidez
saudável.
Programação metabólica na
pré-gestação
Hoje, com o advento da epigenética, isto é, a
influência do meio-ambiente na manifestação de saúde ou de doença, sabe-se que
antes mesmo da mulher engravidar, ela já pode fazer toda a diferença no futuro
bebê por meio de adoção de hábitos e da nutrição. Para isso, nada melhor do que
fazer uma programação metabólica, em que é possível recuperar e diminuir todas
aquelas vias inflamatórias que prejudicam tanto a mãe quanto o bebê.
“Programação metabólica nada mais é do que ter a
dimensão do quanto os hábitos de vida, especialmente os nutricionais,
influenciam para que o bebê seja concebido e gestado em um ambiente favorável
para a saúde. E isso começa, ou deveria começar, antes mesmo da gestação, como
eu abordo em meu livro Nutrição, Saúde e Fertilidade. Mesmo para as mulheres já
gestantes, também a alimentação e os hábitos relacionados à boa qualidade de
vida são essenciais, pois os impactos sempre são positivos no desenvolvimento e
no controle de problemas como diabetes gestacional e pressão alta”, comenta a
nutricionista.
Segundo Dra. Gisela, já se sabe que a alimentação
colorida e também composta por alimentos anti-inflamatórios são determinantes
para controlar e atenuar problemas que têm como origem a inflamação crônica e
nem sempre são identificados nos exames, como endometriose por exemplo. Além
disso, ao oferecer ao organismo o que ele precisa para funcionar de forma
adequada e mais otimizada, todo o ambiente intra-uterino é melhorado,
facilitando tanto a concepção como a evolução da gestação.
Mas existe “dieta” na
gestação?
Dra Gisela alerta que nunca falamos em dieta ou
regime quando abordamos a saúde nutricional de uma grávida. Mesmo que uma
mulher engravide em situação de sobrepeso ou obesidade, o indicado não é uma
restrição calórica pura e simples.
O foco é garantir uma melhora do aporte nutricional
como um todo, em uma melhora da oferta da qualidade do alimento consumido.
“Comer por dois” também não é algo que significa simplesmente dobrar o que
habitualmente é consumido.
“Quando participo de um planejamento nutricional de
uma gestante, normalmente calculo 500 calorias a mais por dia, desde que sejam
calorias de boa qualidade, e não calorias vazias. Tudo para ela poder fazer um
patrimônio de boas gorduras ao longo da gestação, em que depois ela vai passar
essa gordura para o bebê durante a amamentação”, esclarece a profissional.
Suplementação e gestação
Um dos aspectos atualmente muito bem documentados
na literatura científica é com relação ao consumo de Ômega-3 em
quantidade adequada e suficiente durante a gestação e a amamentação,
especialmente a fração DHA. As fontes naturais de ômega 3 são especialmente os
peixes. Mas hoje, com orientação individualizada, também é possível suplementar
Ômega 3 e DHA.
Muitos estudos científicos relacionam o DHA ao desenvolvimento e proteção do cérebro, sendo importante desde a concepção até os 21 anos de idade, pelo menos. Além do Ômega 3, também abordo com as gestantes e lactantes a importância da Vitamina D3, hormônio que conseguimos via exposição solar adequada e suplementação. Ter dosagens otimizadas de vitamina D3 é importante para todas as fases do desenvolvimento e é providencial discutir o assunto com o profissional de saúde que acompanha o pré-natal.
@giselasavioli
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