Cardiologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz alerta sobre doença silenciosa que afeta 51 milhões de brasileiros
Números da OMS mostram
que a pressão alta é um grave problema de saúde pública
Nesta sexta-feira, 17/5, é comemorado o Dia Mundial da
Hipertensão, data instituída com o objetivo de alertar a população para os
riscos dessa condição que afeta atualmente milhões de brasileiros.
De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde),
divulgados em setembro de 2023, o país conta com 51 milhões de hipertensos, ou
seja, a doença é um grande problema de saúde pública no Brasil.
Conhecida como pressão alta, ocorre quando a pressão arterial,
permanece sistematicamente, igual ou maior que 140 por 90 mmHg (milímetros de
mercúrio), o primeiro número se refere à pressão máxima ou sistólica, que
corresponde à contração do coração; o segundo, corresponde a pressão arterial
mínima que ocorre durante a diástole, ou seja, quando o coração relaxa.
O não controle adequado da pressão é fator de risco dos mais
importantes para uma série de doenças cardiovasculares, como infarto e AVC
(acidente vascular cerebral) que são as principais causas de mortes no Brasil e
no mundo.
“Estima-se que existam atualmente 1,3 bilhão de hipertensos no
mundo. No Brasil a doença afeta cerca de 35% da população adulta. Essa
prevalência aumenta principalmente nas idades mais avançadas [mais que 60% após
os 70 anos]. As doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de 400 mil
mortes por ano e um principal fator de risco é a hipertensão”, aponta o
cardiologista Pedro Graziosi, coordenador do Centro Diagnóstico de Cardiologia
Não-Invasiva do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
No mundo apenas 20% dos hipertensos estão diagnosticados, tratados
e controlados de forma ideal. O tratamento apropriado da pressão alta tem a
consequência de evitar a morte prematura, como também a convivência com
sequelas de infartos e de AVCs (também conhecido como “derrame”) entre outras.
A doença está diretamente relacionada a outros hábitos e condições
de saúde, como diabetes, colesterol alto, tabagismo, consumo excessivo de
álcool, sedentarismo, estresse, obesidade, apneia do sono e até mesmo a
poluição, como ressaltado pela OMS.
“Há também os chamados fatores não mutáveis como genética, sexo e
envelhecimento. Temos um mosaico de fatores que implicam e se interligam”,
disse o cardiologista. “Desta forma é fundamental a interrupção ou controle dos
chamados fatores de risco evitáveis”, completou o especialista do Hospital Alemão
Oswaldo Cruz.
Os fatores ambientais e sociais também estão associados à
hipertensão, pois podem influenciar o estilo de vida, a alimentação, o perfil e
local das atividades, a compreensão da doença, como também a busca e acesso ao
sistema de saúde.
A urbanização, e as decorrentes mudanças de hábitos de vida,
ocorridas em meados do século 20, contribuíram para que as doenças
cardiovasculares assumissem a posição como principal causa de mortalidade.
De acordo com o cardiologista, todos esses aspectos também
impactaram principalmente a mulher moderna.
“Temos de dar atenção para a saúde da mulher e às suas diversas
particularidades desde a adolescência. A doença cardiovascular é a principal
causa de mortes nas mulheres, sendo a hipertensão a principal doença associada,
direta ou indiretamente. A proteção hormonal perdida na menopausa aumenta risco
de doenças cardiovasculares. Também por isso a prevenção antes dessa fase é
fundamental, assim como o acompanhamento médico apropriado”, destacou.
Doença silenciosa
“Em casos mais raros e extremos pode ocorrer dor de cabeça,
tontura, embaçamento na visão, falta de ar. Ela é silenciosa e vai ao longo dos
anos complicando os aspectos vasculares e, principalmente, contribuindo para o
entupimento das artérias”, explicou o especialista do Hospital Alemão Oswaldo
Cruz.
Essa realidade ressalta a importância da conscientização e da
adoção de hábitos saudáveis para a promoção da saúde e o combate efetivo dessa
condição que impacta a qualidade e a sobrevida dos brasileiros.
“Dos hábitos que podem impactar positivamente no tratamento da
hipertensão está a alimentação. É necessário dar preferência à uma dieta
equilibrada, como a mediterrânea, que é pobre em gordura animal e carnes
vermelhas e com menor consumo de frituras e carboidratos. O uso comedido do sal
é um aspecto importante para um melhor controle da doença”, explica o
cardiologista. Bem como atividades físicas regulares, sono de qualidade e
gerenciar o estresse (inclusive com práticas de meditação e espiritualidade).
Para a grande maioria dos hipertensos adultos o mais importante é
um controle adequado da doença, pois não existe uma causa curável específica,
buscando-se quando possível a meta de 120 por 80 mmHg. Para uma minoria dos
casos (cerca de 5%) existem causas específicas relacionadas, que seu médico
poderá avaliar.
Novas recomendações de aferição
Monitorar regularmente a pressão arterial é fundamental para
detectar o aumento indesejado. Dispositivos portáteis de aferição e exames
regulares são importantes para acompanhar a saúde cardiovascular.
Recentemente, a SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) em
sintonia com as recomendações da Sociedade Europeia de Cardiologia, destacam a
importância de avaliar não apenas a pressão arterial em ambientes clínicos, mas
também fora do consultório médico.
A utilização da MAPA (monitoração ambulatorial de pressão arterial)
e da MRPA (monitoração residencial de pressão arterial) tem o objetivo de
aumentar a precisão do diagnóstico e do resultado do tratamento.
Perspectivas
As organizações de saúde ressaltam o papel das intervenções mais
básicas, entre elas, maior acesso da população ao sistema de saúde, campanhas
sobre o assunto, suporte governamental com direcionamento a alimentos com menos
sódio e maior acesso às medicações.
O Brasil tem a vantagem de já ter o SUS (Sistema Único de Saúde) e alguns programas em andamento. O cardiologista ressalta que é necessária uma melhor conscientização a respeito dessa doença, sendo que o diagnóstico e a regularidade do tratamento dependem de uma parceria entre o paciente, família e a equipe de saúde.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
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