Quando há uma expectativa irreal de transformação estética ou quando exageros são cometidos durante uma cirurgia plástica por parte de alguns profissionais, o estado emocional do paciente pode ser diretamente impactado, com sinais que vão desde sentimentos de tristeza e arrependimento até quadros de ansiedade extrema.
Para o cirurgião plástico Fabio Nahas, professor da Unifesp e Diretor Científico Internacional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, no geral, as mudanças realizadas em uma cirurgia plástica são positivas para o bem-estar físico e psicológico do paciente, uma vez que trabalha sua autoestima e autoimagem, como apontado em um estudo conduzido por ele ao lado de outros cirurgiões plásticos e psiquiatras.
A pesquisa, publicada no Plastic and Reconstructive Surgery Journal, mostra que mais de 50% dos pacientes que se submetem às cirurgias plásticas mais realizadas (lipoaspiração, rinoplastia e cirurgia de mamas) possuem algum grau de Transtorno Dismórfico Corporal. No caso dos pacientes com TDC classificado como leve a moderado, prosseguimos com a cirurgia. Realizamos o teste novamente, os resultados indicaram que 81% deles negativaram para o TDC após a cirurgia.
“Entretanto, é preciso ficar atento aos pacientes com graus elevados de transtorno de imagem. Este é um dos principais motivos que podem levar à depressão pós-operatório visto que, mesmo após a realização do procedimento, o paciente segue vendo, em si mesmo, uma série de defeitos irreais”, alerta o cirurgião. Nestes casos, cabe ao profissional manter um diálogo aberto e sincero com o paciente, além de deixar claro o que é seguro realizar durante a cirurgia e o que pode contribuir positivamente para sua saúde física e mental.
Assim, o profissional que segue os preceitos éticos é responsável por alertar o paciente de que o que ele deseja pode não ser o melhor para ele e, principalmente, estabelecer limites. É muito grave que, após uma cirurgia plástica, a pessoa se olhe no espelho e não se reconheça, ou mesmo se arrependa da cirurgia tão rapidamente, porque percebeu que, na verdade, gostaria de ter tido um resultado mais natural. Em alguns casos, é possível realizar uma cirurgia de reversão, mas o ideal - além de mais seguro - é alinhar as expectativas antes da operação.
A escolha de um profissional qualificado torna-se fundamental para
alcançar os resultados desejados e dentro da realidade. “A cirurgia plástica
não pode ser vista como uma roupa “tamanho único”; ela deve ser pensada de
forma individualizada para cada paciente, de acordo com o que ele necessita e o
que é possível fazer e, se for o caso, encaminhá-lo para um acompanhamento
psicológico antes da realização da cirurgia. Afinal, ainda que exista para
resgatar a autoestima e qualidade de vida dos pacientes, a cirurgia plástica
não deve ser banalizada”, aponta Nahas.
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