sábado, 27 de abril de 2024

Não se reconhecer após uma cirurgia plástica pode ter impactos profundos na saúde mental dos pacientes

 Condições emocionais podem ser impulsionadas por padrões de beleza inatingíveis, falta de responsabilidade médica e transtornos de imagem 

 

Quando há uma expectativa irreal de transformação estética ou quando exageros são cometidos durante uma cirurgia plástica por parte de alguns profissionais, o estado emocional do paciente pode ser diretamente impactado, com sinais que vão desde sentimentos de tristeza e arrependimento até quadros de ansiedade extrema. 

Para o cirurgião plástico Fabio Nahas, professor da Unifesp e Diretor Científico Internacional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, no geral, as mudanças realizadas em uma cirurgia plástica são positivas para o bem-estar físico e psicológico do paciente, uma vez que trabalha sua autoestima e autoimagem, como apontado em um estudo conduzido por ele ao lado de outros cirurgiões plásticos e psiquiatras. 

A pesquisa, publicada no Plastic and Reconstructive Surgery Journal, mostra que mais de 50% dos pacientes que se submetem às cirurgias plásticas mais realizadas (lipoaspiração, rinoplastia e cirurgia de mamas) possuem algum grau de Transtorno Dismórfico Corporal. No caso dos pacientes com TDC classificado como leve a moderado, prosseguimos com a cirurgia. Realizamos o teste novamente, os resultados indicaram que 81% deles negativaram para o TDC após a cirurgia. 

“Entretanto, é preciso ficar atento aos pacientes com graus elevados de transtorno de imagem. Este é um dos principais motivos que podem levar à depressão pós-operatório visto que, mesmo após a realização do procedimento, o paciente segue vendo, em si mesmo, uma série de defeitos irreais”, alerta o cirurgião. Nestes casos, cabe ao profissional manter um diálogo aberto e sincero com o paciente, além de deixar claro o que é seguro realizar durante a cirurgia e o que pode contribuir positivamente para sua saúde física e mental. 

Assim, o profissional que segue os preceitos éticos é responsável por alertar o paciente de que o que ele deseja pode não ser o melhor para ele e, principalmente, estabelecer limites. É muito grave que, após uma cirurgia plástica, a pessoa se olhe no espelho e não se reconheça, ou mesmo se arrependa da cirurgia tão rapidamente, porque percebeu que, na verdade, gostaria de ter tido um resultado mais natural. Em alguns casos, é possível realizar uma cirurgia de reversão, mas o ideal - além de mais seguro - é alinhar as expectativas antes da operação. 

A escolha de um profissional qualificado torna-se fundamental para alcançar os resultados desejados e dentro da realidade. “A cirurgia plástica não pode ser vista como uma roupa “tamanho único”; ela deve ser pensada de forma individualizada para cada paciente, de acordo com o que ele necessita e o que é possível fazer e, se for o caso, encaminhá-lo para um acompanhamento psicológico antes da realização da cirurgia. Afinal, ainda que exista para resgatar a autoestima e qualidade de vida dos pacientes, a cirurgia plástica não deve ser banalizada”, aponta Nahas.
 

Fabio Nahas - Com mais de 30 anos de carreira, Fabio Nahas é um dos cirurgiões plásticos mais renomados do país. Diretor Científico Internacional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, foi vice-presidente da ISAPS (Sociedade Internacional de Cirurgia Estética), é especializado em Cirurgia Plástica e Reconstrutora, e opera nos hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês, em São Paulo. Fabio Nahas é formado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, com especialização em cirurgia geral e em cirurgia plástica pela USP. Realizou "fellowship" em cirurgia plástica na Universidade do Alabama, em Birmingham, nos Estados Unidos, tem Doutorado pela Faculdade de Medicina da USP e é Livre-Docente pela Unifesp / Escola Paulista de Medicina. Atualmente, se divide entre a clínica particular, na região da Avenida Brasil, em São Paulo, e a vida acadêmica. É Professor Orientador de Teses de Mestrado e Doutorado e Professor da Escola Paulista de Medicina (Unifesp). É também Editor Associado do Aesthetic Plastic Surgery Journal, órgão oficial de publicações científicas da International Society of Plastic Surgery (ISAPS).


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