Ter ou não filhos? Essa é uma decisão vivenciada por muitas mulheres. Falta de estabilidade financeira, ausência de um parceiro e problemas de saúde estão entre os motivos que as levam a adiar ou abandonar o plano da maternidade. Uma pesquisa do IGBE apontou que o número de mulheres que escolheram se tornar mães com mais de 40 anos cresceu 65,7% em 12 anos, passando de 64 mil para 106,1 mil entre 2010 a 2022.
O especialista em reprodução humana e diretor da Clínica Origen, Marcos
Sampaio, recomenda o congelamento de óvulos como uma alternativa àquelas que
ainda têm dúvidas se desejam ou não engravidar. Segundo ele, trata-se de um
procedimento seguro, com taxas de intercorrência menores que 1%, que oferece às
mulheres a oportunidade de adiar a maternidade com segurança levando em conta
suas circunstâncias individuais. “O óvulo é a célula mais nobre que existe para
o ser humano e seu congelamento funciona como uma máquina do tempo. Um ovo
congelado não é afetado pelo tempo e como útero não sofre ou sofre muito pouco
com a idade, torna-se possível postergar essa decisão”, explica.
Nesse caso, ele orienta que, a princípio, quanto
mais cedo a mulher congelar os óvulos, melhor. “Em geral, a partir dos 35 anos
começa a haver uma queda da qualidade do óvulo. Mas não existe idade proibida.
Uma mulher perde dezenas e até centenas de óvulos todos os meses. Então, quando
ela congela, só está resgatando o que seria perdido”, esclarece. Ele enfatiza
que o número de óvulos disponíveis é o fator mais importante a ser considerado.
Nesse caso, o congelamento de óvulos pode ser feito em qualquer idade,
inclusive diversas coletas para que se obtenha uma quantidade suficiente de
óvulos. A qualidade tem como seu principal fator prognóstico a idade
Ele avalia que a técnica pode, inclusive, impactar
o bem-estar emocional das mulheres. "É natural que mulheres em idade
reprodutiva possam ter dúvidas sobre a maternidade em algum momento de suas
vidas, e essas incertezas podem surgir em diversas situações. Quando vê uma
amiga grávida, um anúncio que tenha um bebê e até uma gestante na rua. Sempre
tem aquele grilinho. À medida que ela congela os óvulos, pode seguir a vida sem
se preocupar com isso”, observa. Por isso, o médico recomenda. “É sempre
aconselhável se basear na idade, na reserva e na condição de saúde da
pessoa.
"É preferível que uma mulher se arrependa do
que fez do que do que deixou de fazer. Se ela optar por congelar seus óvulos e,
posteriormente, decidir não ter filhos, sempre terá a opção de descartá-los.
Entretanto, imagine o arrependimento que poderia surgir uma década depois,
quando essa opção já não é mais viável?”, pondera.
As taxas de sucesso de uma fertilização no futuro a
partir de óvulos previamente congelados depende da idade da mulher quando
congelou. “Para cada dois embriões, há cerca de 50% de gravidez e, para cada
cinco óvulos, há, em média, dois embriões. Então a taxa de sucesso é muito
maior do que a taxa de sucesso de uma gravidez por relação sexual, que é mais
ou menos de 20%”, explica. No entanto, o médico explica que, com a idade, essa
taxa vai diminuindo, porque a qualidade do embrião também reduz. “Existem
técnicas que podem ser utilizadas para selecionar o embrião e aumentar essa
taxa. Mas essa é uma alternativa que deve ser avaliada caso a caso”, diz.
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