sábado, 30 de março de 2024

Saúde da mulher, Páscoa e chocolate combinam?

Conheça 5 momentos da vida da mulher em que o chocolate pode ser um aliado da saúde

 

A Páscoa vem aí com suas ofertas abundantes do doce mais aclamado do mundo, o chocolate. Apesar dos símbolos positivos que carrega, como conforto, aconchego, carinho e até ativação da libido, o chocolate traz junto o efeito colateral do excesso de gordura e açúcar, em suas versões mais populares. 

Essa dicotomia não anula a sua participação positiva na saúde da mulher em diversas de suas etapas de vida, conforme ensina a Natalia Barros, Nutricionista Mestre em Ciências pela Unifesp e fundadora da NB Clinic. "Para desfrutarmos do chocolate como um benefício à saúde, nunca podemos nos desprender da atenção a uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras, juntamente com a prática regular de exercícios físicos e técnicas de gerenciamento do estresse", enfatiza a especialista, antes de detalhar como o chocolate pode ser fator de ajuda e não só de prejuízos à saúde.

 

Primeiro, entenda os tipos de chocolate 

Para entender como o chocolate pode ser um aliado da saúde, é importante entender as diferenças cruciais entre eles, segundo Natalia. 

Chocolate ao leite: Combinação de cacau, leite em pó ou leite condensado e açúcar, resultando em um sabor mais suave e doce. 

Chocolate amargo ou meio amargo: Contém uma maior porcentagem de cacau e menos açúcar, proporcionando um sabor mais intenso e menos doce. 

Chocolate branco: Não contém massa de cacau, sendo feito principalmente de manteiga de cacau, leite e açúcar, resultando em uma cor clara e um sabor mais suave e lácteo. 

"É importante notar que o teor de cacau é um dos principais fatores que distinguem os diferentes tipos de chocolate e que o chocolate com maior teor de cacau, como o chocolate meio amargo ou amargo, tende a oferecer mais benefícios à saúde devido ao seu maior conteúdo de compostos antioxidantes, como os flavonoides", enfatiza a nutricionista. 

Os flavonoides, segundo ela, são antioxidantes encontrados naturalmente em plantas, inclusive no cacau, que é a matéria-prima do chocolate. Ela explica que esses compostos ajudam a neutralizar os radicais livres no corpo, protegendo as células dos danos oxidativos. "Além disso, estudos sugerem que os flavonoides podem melhorar a saúde cardiovascular, reduzindo a pressão arterial e melhorando o fluxo sanguíneo para várias partes do corpo", revela. 

Um ponto importante que Natalia ressalta é que é preciso lembrar-se em todas as fases da vida de que o consumo de chocolate deve ser moderado, por ele ser rico em calorias e poder levar ao ganho de peso se consumido em excesso, gerando efeitos negativos em todas as áreas da saúde. "Nas seguintes etapas que abordaremos, é crucial também que o chocolate não seja considerado o único elemento de suporte. Ele deve ser associado a condutas médicas de saúde específicas de cada um dos momentos de vida".

 

1-O chocolate e a fertilidade 

"Especificamente no chocolate escuro ou amargo, encontramos compostos bioativos, como flavonoides, que têm sido associados a uma série de efeitos benéficos no organismo, inclusive no que tange à fertilidade", conta a especialista. 

No contexto da fertilidade, segundo a especialista, um sistema cardiovascular saudável é crucial, pois a circulação sanguínea adequada é essencial para garantir a entrega de nutrientes e oxigênio aos órgãos reprodutivos. Natalia aponta ainda que melhorias na circulação sanguínea podem promover a saúde do útero, dos ovários e dos testículos, otimizando assim as condições para a concepção. 

"Além disso, alguns estudos sugerem que os flavonoides do chocolate podem ter um impacto positivo nos hormônios relacionados à fertilidade. Por exemplo, há evidências de que esses compostos podem influenciar os níveis de estrogênio e testosterona, hormônios que desempenham papéis fundamentais na regulação do ciclo menstrual, na produção de óvulos e espermatozoides e na saúde geral do sistema reprodutivo", diz Natalia. 

Ela pondera, no entanto, que a relação entre chocolate e fertilidade ainda está sendo investigada e que mais pesquisas são necessárias para entender completamente os mecanismos subjacentes e confirmar esses benefícios.

 
2-O chocolate e a TPM

A relação entre o chocolate e a Síndrome Pré-Menstrual (TPM) tem sido um assunto de interesse e debate há anos. Muitas mulheres relatam um desejo intenso por chocolate durante o período pré-menstrual, o que levanta a curiosidade sobre alguma ligação entre o consumo de chocolate e o alívio dos sintomas da TPM. 

Uma das conhecidas razões pelas quais o chocolate é frequentemente associado à TPM é o seu potencial para melhorar o humor, comenta Natalia, ao explicar: "O chocolate contém compostos bioativos, como os flavonoides e a teobromina, que podem influenciar a liberação de neurotransmissores no cérebro, incluindo a serotonina, conhecida como o 'hormônio do bem-estar'. Os aumentos nos níveis de serotonina estão associados a uma melhora no humor e podem ajudar a aliviar os sintomas de irritabilidade e depressão frequentemente experimentados durante a TPM", detalha a especialista. 

Além disso, segundo ela, o chocolate também contém pequenas quantidades de cafeína, que pode ter efeitos estimulantes e aumentar os níveis de energia, o que pode ser útil para combater a fadiga e a sonolência associadas à TPM. 

Natalia frisa que o chocolate escuro ou amargo é considerado o mais benéfico, devido ao seu maior teor de cacau e, portanto, de flavonoides, enquanto o chocolate ao leite ou branco tendem a ter mais açúcar e gordura adicionados.

 

3-O chocolate e a menopausa

O período da menopausa marca uma transição importante na vida de uma mulher, caracterizada pelo fim da menstruação e o fim da fase reprodutiva. Durante esse tempo de mudança hormonal, muitas mulheres podem experimentar uma série de sintomas desconfortáveis, como ondas de calor, alterações de humor, insônia e mudanças na saúde cardiovascular e óssea. 

Nesse caso, Natalia conta que o chocolate, em particular o chocolate escuro ou amargo, tem sido objeto de interesse devido aos seus potenciais benefícios à saúde durante a menopausa. "Uma das razões para isso são os compostos antioxidantes, como os flavonoides, que têm propriedades anti-inflamatórias e podem ajudar a neutralizar os radicais livres no corpo, o que é especialmente relevante durante a menopausa, quando as mulheres podem experimentar um aumento do estresse oxidativo devido às mudanças hormonais", detalha. 

Além disso, alguns estudos sugerem que os flavonoides do chocolate podem ter um impacto positivo na saúde cardiovascular, ajudando a reduzir a pressão arterial, melhorar a função endotelial e reduzir o risco de doenças cardíacas, como explica a nutricionista: "Isso é importante porque as mulheres na menopausa têm um risco aumentado de doenças cardiovasculares devido à diminuição dos níveis de estrogênio, que desempenha um papel protetor no sistema cardiovascular". 

A saúde óssea também tem a ganhar como chocolate escuro, segundo Natalia. Ela conta que estudos em animais sugerem que seus flavonoides podem ter efeitos benéficos na formação óssea, ajudando a prevenir a perda óssea associada à osteoporose, além de ser uma boa fonte de magnésio, um mineral importante para a saúde dos ossos.


4-O chocolate e a gestação

Durante a gestação, surgem muitas preocupações em relação à alimentação da mãe e seu impacto na saúde do bebê em desenvolvimento. O chocolate, especialmente o chocolate escuro ou amargo - sempre ele - em moderação, pode oferecer alguns benefícios para mulheres grávidas. 

O que Natalia mais enfatiza de benefícios do chocolate na gestação é sua contribuição para o aumento da ingestão de antioxidantes. "O chocolate com alto teor de cacau contém flavonoides antioxidantes que podem ajudar a combater o estresse oxidativo no corpo, reduzindo a inflamação e protegendo as células dos danos causados pelos radicais livres. Isso é importante durante a gestação, pois pode ajudar a proteger tanto a mãe quanto o feto contra doenças e complicações relacionadas à inflamação e ao estresse oxidativo", diz a especialista. 

Seu potencial de oferecer energia rápida também pode ajudar gestantes que sentem fadiga durante a gravidez. "Outro benefício ainda do chocolate durante a gestação é seu teor de magnésio, que tem um papel importante na saúde muscular, nervosa e cardiovascular, e pode ajudar a prevenir cãibras musculares, manter a pressão arterial sob controle e regular os níveis de glicose no sangue. Além disso, o chocolate também contém pequenas quantidades de ferro e zinco, minerais essenciais para a saúde durante a gravidez", completa ela.


5-O chocolate e a libido
 

O chocolate tem sido frequentemente associado ao aumento da libido, o desejo sexual. Esse vínculo pode ser atribuído a uma combinação de fatores, incluindo os compostos bioativos presentes no chocolate e os efeitos psicológicos e fisiológicos que ele pode desencadear. 

Seus flavonoides, que atuam na saúde cardiovascular e na circulação sanguínea, explicam o benefício, já que uma boa circulação sanguínea é fundamental para a saúde sexual, pois ajuda a garantir uma resposta adequada do corpo aos estímulos sexuais. 

"Além disso, o chocolate contém feniletilamina, um composto químico associado à sensação de bem-estar e euforia. A feniletilamina é produzida naturalmente pelo corpo durante momentos de excitação, como o sexo, e acredita-se que o consumo de chocolate possa aumentar os níveis desse composto no cérebro, promovendo sentimentos de prazer e aumentando a libido", ensina a nutricionista. 

Ela lembra também do aspecto psicológico do chocolate, com seu apelo afrodisíaco, associado ao romance e à indulgência. "Compartilhar uma sobremesa de chocolate pode criar um clima sensual e íntimo entre parceiros. Além disso, o sabor rico e a textura suave do chocolate podem ser considerados sensorialmente prazerosos, aumentando a sensação de desejo", avalia Natalia. 



NATALIA BARROS - Nutricionista - Centro Universitário São Camilo. Mestre em Ciências Aplicadas. Departamento de Nutrição da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Fundou a primeira Pós-graduação em Saúde da Mulher e Reprodução Humana do Brasil. Docente convidada - Pós-graduação em Nutrição Materno infantil (USP). Aprimoramento em Nutrição Humana e Metabolismo Stanford University. Extensão em Saúde da Mulher AGE Educação em Saúde. Extensão em Comportamento Alimentar Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (IPq-HCUSP)
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