É alarmante perceber a disparidade de gênero
persistente em certos setores, onde a menor presença feminina significativamente
pode desencorajar muitas mulheres a perseguirem suas ambições profissionais. O
esportivo é um dos mais visíveis em relação a essa diferença, em uma realidade
que precisa ser melhor compreendida para que o mercado, como um todo, aprenda
as lições precisas em busca da tão sonhada igualdade de gênero no mundo
corporativo.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Ticket Sports,
foi constatado que a presença feminina no esporte, em 2022, foi de 45% -
quantia que, apesar de vir crescendo nos últimos anos, ainda é inferior à
masculina. Seja diretamente nos campos ou por trás de toda a organização
esportiva, há ainda uma forte associação desse setor como uma área mais voltada
para homens, o que gera um pré-conceito ainda elevado que apenas traz mais barreiras
para elas.
Essa desigualdade fortemente permeada no pensamento
do ramo faz com que, além de dificultar a atração das profissionais, também
torne complexo retê-las quando ingressadas. Casos de discriminação são, até
hoje, infelizmente comuns no sexo feminino, o que reflete diretamente em todas
as cadeias deste e de outros setores. Da baixa presença feminina disputando os
jogos e campeonatos, à representatividade em cargos de liderança e diferentes
níveis hierárquicos e, até mesmo, audiência feminina nas partidas, que também é
consideravelmente menor do que a masculina e faz com que a rentabilidade seja
baixa.
Por mais que reverter essa desigualdade possa
parecer algo extremamente complexo e desafiador, muitas iniciativas já estão
sendo vistas e colocadas em prática para estimular a vinda e presença de cada
vez mais mulheres neste setor, os quais vêm se mostrando fortemente promissores
nesta missão. A própria SIGA (Sport Integrity Global Alliance), organização
líder mundial em integridade esportiva, promove eventos destinados a atrair o
interesse de cada vez mais mulheres para setor esportivo, buscando, para isso,
reunir representantes de setores diversos que também enfrentam o mesmo problema
de desigualdade de gênero para que, juntas, consigam iniciar uma nova jornada a
favor delas.
A diferença entre a presença e conquista de
oportunidades entre homens e mulheres não é exclusiva do setor esportivo, e
afeta nitidamente muitos outros segmentos, como o de tecnologia, construção
civil, dentre outros. Porém, quando nos unimos frente a um mesmo objetivo, a
capacidade de disseminação de iniciativas que promovam esse equilíbrio de
gênero pode ser fortemente favorecida, o que reforça a importância da aplicação
de ações internamente em todas as empresas neste sentido.
Na prática, isso deve ser difundido desde a
faculdade, atraindo cada vez mais mulheres para essas áreas que, até hoje, são
mais associadas a profissionais direcionadas a homens. Com isso, quando
ingressarem no ambiente corporativo, é dever das empresas estabelecerem
políticas internas e uma cultura organizacional pautada nessa igualdade de
gênero, com medidas que não apenas incentivem a contratação destes talentos,
como também que as retenham e as deixem felizes em suas funções e rotinas.
O setor esportivo é mais um dentre tantos que, até hoje, traz barreiras para que elas se destaquem e cresçam profissionalmente. A realidade é complexa para elas, mas que pode ser revertida e melhorada com o apoio conjunto de cada vez mais pessoas, compreendendo a importância deste tema e disseminando esse ideal ao mercado. No final, juntas, sempre seremos mais poderosas.
Camila Paiva - Diretora de Gente e Gestão da Pontaltech, empresa especializada em soluções integradas de voz, SMS, e-mail, chatbots e RCS.
Pontaltech
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