sexta-feira, 29 de março de 2024

Março Amarelo: desvendando os mitos e verdades sobre a endometriose

 

Muitas incertezas ainda afetam as mulheres diante do assunto; especialista esclarece o que é verdade

 

A endometriose é uma condição médica complexa que afeta uma em cada dez mulheres no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela é caracterizada pela presença anormal de um tecido semelhante ao endométrio, que reveste a camada interna do útero, fora do órgão. Costuma ter um impacto significativo na qualidade de vida feminina e é reconhecida como questão de saúde pública. 

“A endometriose pode gerar uma variedade de sintomas debilitantes, incluindo dor pélvica, dismenorreia, dor durante o sexo e até mesmo infertilidade. O diagnóstico muitas vezes é desafiador, e o tratamento varia conforme a gravidade dos sintomas e os objetivos reprodutivos da paciente”, comenta o Dr. Patrick Bellelis, especialista em endometriose e colaborador do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. 

Por sua complexidade, circulam muitas informações equivocadas sobre o assunto. Pensando nisso, o especialista esclarece os mitos e verdades a respeito da condição. Confira:

 

Não tem cura definitiva


Verdade. Embora não haja uma cura definitiva para a endometriose, existem opções de tratamento disponíveis para ajudar a gerenciar os sintomas e melhorar a qualidade de vida das mulheres afetadas. As opções incluem medicamentos para alívio da dor, terapia hormonal e cirurgia para remover o tecido endometrial ectópico.

 

Apenas mulheres mais velhas são afetadas

Mito. Embora seja mais comum em mulheres em idade reprodutiva, a endometriose pode afetar pessoas de todas as idades, incluindo adolescentes e mulheres na pós-menopausa. O diagnóstico geralmente envolve uma combinação de histórico médico detalhado, exame físico e de imagem, como ultrassonografia ou ressonância magnética.

 

Aumenta riscos de infertilidade

Verdade. A inflamação crônica, as alterações hormonais e a disfunção imunológica causadas pela endometriose aumentam os riscos de infertilidade na mulher. Esses processos podem afetar a qualidade dos óvulos e do esperma, bem como a capacidade do embrião de se implantar no útero. Mas, apesar de 40% das pacientes com endometriose enfrentarem infertilidade, as demais (60%) conseguem engravidar sem maiores problemas, de acordo com a Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE).

 

Endometriose é só uma dor menstrual normal

Mito. A dor associada à endometriose pode ser intensa e persistente, afetando negativamente a qualidade de vida das pessoas que convivem com a condição. Por muitas vezes, pode ser normalizada tanto pela paciente quanto pelos médicos e pela sociedade, tornando-se um dos principais obstáculos para o diagnóstico precoce. Em muitos casos, a dor não se limita apenas ao período menstrual, mas pode ocorrer em qualquer momento do ciclo. Além disso, consegue ser tão debilitante a ponto de interferir nas atividades diárias, como trabalho, estudo e relacionamentos interpessoais.

 

O diagnóstico é difícil

Verdade. Outra verdade é que a endometriose é difícil de diagnosticar, porque os seus sintomas podem ser confundidos com outras condições ginecológicas, como a síndrome do intestino irritável ou cistos ovarianos. Muitas mulheres sofrem por anos sem um diagnóstico preciso, o que pode levar a um atraso no tratamento e no manejo adequado da condição. Além disso, a dificuldade em obter exames específicos também contribui para esse cenário desafiador.

 

É uma condição rara

Mito. Apesar de ser subdiagnosticada, a endometriose não é uma condição rara, afetando aproximadamente 190 milhões de mulheres em todo o mundo e 7 milhões somente no Brasil, segundo a OMS.



Clínica Bellelis - Ginecologia

Patrick Bellelis - Doutor em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP); graduado em medicina pela Faculdade de Medicina do ABC; especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); além de ser especialista em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pelo Hospital das Clínicas da USP. Em 2010, tornou-se médico assistente do setor de Endometriose do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da USP; em 2011, tornou-se professor do curso de especialização em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva — pós-graduação lato sensu, do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês; e, desde 2012, é professor do Instituto de Treinamento em Técnicas Minimamente Invasivas e Cirurgia Robótica (IRCAD), do Hospital de Câncer de Barretos.


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