Número do efetivo
policial em SP caiu de 120.147 para 106.017 em 10 anos
O número de policiais militares na ativa no Brasil
caiu 6,8% entre 2013 e 2023, segundo estudo do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública. O de policiais civis e científicos recuou 2% no mesmo período.
De acordo com o Raio-X das Forças de Segurança
Pública do Brasil, em 2023 havia 404.871 PMs ativos no Brasil, contra 434.524
em 2013. No caso de policiais civis e científicos, essa relação ficou 113.899
em 2023 e 116.169 em 2013.
O recuo no número de policiais ativos vai na
contramão do crescimento da população. Entre 2010 e 2022, segundo dados do
Censo do IBGE, a população brasileira cresceu 6,5%.
Para André Pereira, presidente da Associação dos
Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP), esse
decréscimo é resultado da mudança de prioridade dos governos estaduais. "É
inegável que a falta de reposição dos quadros está diretamente relacionada à
priorização das políticas públicas adotadas pelos Estados, sobretudo no que diz
respeito à gestão de pessoal e orçamento. Evita-se preencher cargos vagos nas
polícias e direcionar aqueles recursos que devem estar previstos no orçamento
para outras áreas. Portanto, há ausência de prioridade nas políticas públicas,
em âmbito estadual, por parte dos governadores, como a principal causa do
déficit de policiais civis e militares", critica.
Em São Paulo, o número do efetivo policial de 2003
a 2013 caiu de 120.147 para 106.017, algo em torno de 12%.
Pereira afirma ainda que é possível combater o
crime organizado, mas a tarefa vem ficando difícil a cada ano. "Com a
consolidação do crime organizado, por intermédio das grandes facções
brasileiras, passamos a observar uma considerável transformação nesse cenário
criminal. Não só o potencial deletério de suas atividades violentas à sociedade
e ao Estado Democrático, mas também uma grande influência dessas organizações
nos mais variados segmentos da sociedade, como nas atividades financeiras,
comerciais, prestação de serviços, ambiente jurídico e até mesmo político,
podem nos conduzir a uma desordem generalizada, que ultrapassa áreas
conflagradas. Essa infiltração dos integrantes das facções criminosas no
convívio social, fora dos presídios, inclusive apropriando-se de algumas
parcelas de 'poder' nas estruturas sociais e de Estado, revelam uma dimensão
ainda maior do problema", alerta.
Para o presidente da ADPESP, que atua há seis anos
como delegado no Estado, apesar de melhorias em razão dos avanços tecnológicos
e equipamentos mais modernos, houve piora nas condições de trabalho sob o aspecto
humano em São Paulo. "Permanecer entre as piores remunerações do país,
maior déficit da história, número elevado de suicídios, sobrecarga de jornadas,
sobreaviso ininterrupto, falta de critérios objetivos para promoções e
distorções relacionadas ao mérito no âmbito do plano de carreira, ainda são os
maiores e históricos problemas da Polícia Civil",
opina.
André Pereira, que entrou para a PM de Pernambuco
aos 18 anos, reitera que o combate ao crime mudou bastante ao longo da última
década. Os bandidos ficaram mais tecnológicos. "Muitos criminosos já
abandonaram as velhas práticas de saírem às ruas com uma arma de fogo para
roubar, por exemplo, dinheiro em espécie, pois as vítimas não andam mais com
dinheiro. Atualmente, o criminoso rende as vítimas e manda que façam transferências
via PIX diretamente pelo celular. Esses crimes, porém, deixam rastros no
ambiente virtual que podem levar à identificação e prisão desse
criminoso".
O presidente da ADPESP lembra também que os golpes estão em alta. Segundo ele, somente em 2022 e 2023, em razão das operações policiais e atividades desenvolvidas pela Polícia Civil junto à Divisão de Crimes Cibernéticos do Deic, foram apreendidos e recuperados bens e valores que totalizaram mais de R$ 62 milhões.
Fonte: André Santos Pereira é graduado em Direito pela Uninassau (PE) e especialista em Inteligência Policial e Segurança Pública (Escola Superior de Direito Policial/FCA). Com 20 anos de experiência, foi Agente da Polícia Civil de Pernambuco, Chefe de Investigações e Comissário de Polícia em Pernambuco, além de Delegado de Polícia do Estado de São Paulo. Atualmente é Presidente da ADPESP, Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo.
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