quarta-feira, 27 de março de 2024

Características no organismo de mulheres com câncer cervical podem ajudar a prever resposta ao tratamento

 

Pesquisadores do Einstein, Instituto Mário Penna e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) identificaram características no organismo de mulheres com câncer cervical localmente avançado que podem ajudar a prever a resposta ao tratamento.

No estudo, publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature, os cientistas analisaram o microambiente tumoral de 73 mulheres antes do início do tratamento contra o câncer do colo do útero e, concluídas as sessões de quimioterapia e radioterapia, verificaram como a resposta de cada paciente associava-se às características do tumor e de seu entorno.

Eles constataram que as mulheres com resposta favorável ao tratamento apresentavam em maior quantidade e de maneira bem regulada os chamados linfócitos infiltrantes tumorais (TILs), células do sistema imunológico que se reúnem em volta ou dentro de um tumor.

Os cientistas observaram ainda que o grupo de participantes que não responderam ao tratamento possuía níveis elevados de TILs específicos e de mediadores solúveis, compostos que recrutam e reprogramam outros tipos de células dentro do microambiente tumoral que apoiam o processo patológico.

“Nossos achados demonstraram que os pacientes não respondentes apresentavam níveis mais elevados de vários mediadores solúveis sistêmicos antes do início da terapia, indicando um desequilíbrio na sua produção e hiperativação do sistema imunológico, o que pode levar à progressão da doença e à falha da terapia”, explica Kenneth Gollob, diretor do Center for Research in Immuno-Oncology (CRIO), sediado no Hospital Israelita Albert Einstein.


Segundo o pesquisador, como em outros tipos de câncer, a função imunológica desregulada parece intimamente ligada não apenas ao início e à progressão do câncer cervical, como também ao surgimento de metástases.


“Cada vez mais evidências apoiam a avaliação de marcadores celulares e mediadores imunológicos como preditores de resposta ao tratamento ou mecanismos de desenvolvimento de doenças”, acrescenta.


A expectativa do grupo é que, uma vez confirmados em estudos com mais pacientes, esses biomarcadores possam ser utilizados pelos oncologistas para definir o melhor tratamento para cada caso de câncer do colo do útero, terceiro tipo de câncer mais incidente entre as brasileiras. De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), são cerca de 17 mil novos casos por ano no país.


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