Um debate de grande relevância médica e farmacêutica vem ganhando espaço: a proibição de realizar eventos científicos e educacionais em destinos turísticos e resorts. A medida integra o Código de Conduta da Interfarma, entidade que representa a indústria farmacêutica no País.
Os congressos das sociedades médicas precisam de
patrocínio e sua realização costuma ser garantida pelas fabricantes de
medicamento. Por isso, o Código reservou um capítulo para tratar desse assunto
– Eventos organizados pela empresa ou por terceiros. O veto objetiva impedir
que o apelo turístico do local escolhido se sobreponha ao caráter científico ou
educacional do evento.
Mas, é imperativo analisar as implicações dessa
proibição e considerar seu impacto econômico, a busca pelo conhecimento e a
responsabilidade das sociedades médicas.
Locais como Praia do Forte, Porto de Galinhas,
Bonito, Ilhabela, Gramado dependem muito do fluxo de visitantes para sua
subsistência. Os eventos médicos realizados na baixa temporada equilibram a
ocupação e favorecem o orçamento, mas, sem demanda, a proibição pode até
resultar em demissões e afetar diretamente a qualidade de vida local.
No Brasil, as conexões aéreas, a acessibilidade e
as instalações para convenções e hospedagem em locais sem apelo turístico são
escassas. O fundamental para realizar um evento são as instalações, centros de
convenções de porte para acomodar salas plenárias simultâneas, espaço para
exposição de trabalhos científicos e mostra de produtos e serviços, além de
toda a infraestrutura de internet, meios de hospedagens para os congressistas,
expositores e a cadeia de serviços, caso de montadores, audiovisual e
recepcionistas.
Os eventos desempenham um papel relevante no
aprimoramento profissional dos médicos. Participar de conferências e congressos
garante a aprendizagem, a absorção de informações e a troca de experiências e o
profissionalismo e a ética, na nossa visão, não são afetados pelo local onde o
evento é realizado.
Importante também considerar o aprimoramento dos
profissionais de saúde residentes nas regiões turísticas, como estudantes e
recém-formados, que nem sempre podem participar de eventos em outros Estados.
Essa proibição aprofunda as disparidades de oportunidades.
Para viabilizar os encontros das sociedades médicas
voltados para a educação e avanço da medicina e contribuir para a geração de
empregos é vital a participação da indústria farmacêutica e dos laboratórios.
Além disso, as organizações de Visitors e
Conventions Bureaus, podem mobilizar os fornecedores locais para atender às
necessidades de conforto e qualidade no recebimento dos participantes.
Em vez de proibir, propomos uma reflexão e uma nova
forma de abordagem sobre o tema. Isso permitiria que esses eventos fossem
conduzidos sempre de maneira ética, transparente e educacional, garantindo o
atendimento aos interesses de todas as partes envolvidas.
Esse debate é complexo. Respeitamos o código que
naturalmente foi debatido visando manter o alto padrão ético na interação entre
a indústria farmacêutica e os profissionais de saúde, mas é igualmente crucial
considerar o impacto econômico em um destino, a promoção do conhecimento e a
responsabilidade das sociedades médicas.
A busca de um equilíbrio entre esses interesses é
essencial para garantir a saúde do paciente e a sustentabilidade do setor
farmacêutico. Por isso, é fundamental um diálogo contínuo para encontrar
soluções que atendam aos interesses comuns e promovam o avanço da medicina no
Brasil.
Basta lembrar que o paciente é quem mais se
beneficia quando o conhecimento médico é promovido e compartilhado de forma
ética e responsável.
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