quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Volta às aulas com ar-condicionado: temperaturas extremas podem causar incômodo e déficit de atenção

 

Crédito: Vidhyarthi Darpan para Pixabay

Especialista do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), orienta sobre os cuidados para se ter um ambiente agradável para o aprendizado e evitar doenças e alergias

 

Este verão promete ser um dos mais quentes dos últimos anos, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e, com a volta às aulas, o ar-condicionado entra em cena. Afinal, para manter o ambiente confortável e estimular o foco no aprendizado, o clima precisa estar agradável. Segundo Andressa Peixoto, pneumologista pediátrica do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), a temperatura ideal para se manter o ar-condicionado é entre 23 e 24 graus, ou seja, nem tão gelado, para evitar o choque térmico, e nem tão quente quanto o ambiente externo. 

A médica ressalta os benefícios que uma sensação térmica agradável pode propiciar. “Diante deste cenário de altas temperaturas, o uso adequado da ferramenta permite que a criança regule melhor a temperatura corporal e, com isso, alcance melhores resultados cognitivos e melhora da atenção”, diz. “O bem-estar dos alunos e professores precisa ser levado em consideração, pois estamos enfrentando um calor excessivo, que aumenta a chance de desidratação, e estabilizar a temperatura ambiente e controlar a exposição ambiental traz conforto”, completa.

 

Temperatura e manutenção

Para estarem adequadas, as escolas devem passar por uma avaliação do espaço da sala de aula e da quantidade de alunos na classe, além de manter a higienização e manutenção periódica trimestral do equipamento. O controle da temperatura deve ser verificado de periodicamente, a fim de não se tornar um problema para a saúde dos alunos e professores. 

“Não é recomendado que as crianças permaneçam em temperaturas muito baixas. A exposição constante a ambientes frios pode causar queimaduras na pele – e este é um dos riscos mais leves dessa exposição. As áreas afetadas geralmente ficam avermelhadas e dormentes e o tratamento é feito por reaquecimento”, explica a especialista. 

Outro ponto de atenção é o choque térmico. “A oscilação abrupta de temperatura pode ser um fator desencadeante para hiper-responsividade da via aérea para crianças com problemas respiratórios que não estejam controlados”, diz. 

Ter o cuidado em manter o aparelho de ar-condicionado com a manutenção em dia é primordial. Caso contrário, isso pode desencadear sérios problemas de saúde. “Pode ser uma fonte de contaminação, aumentando o risco de pneumonia por germes atípicos, como a Legionella, por exemplo. A infecção é adquirida ao inalar gotículas de água contaminada, geradas pelo ar-condicionado não-higienizado. Aqueles que já possuem alguma alergia são os que mais sofrem, uma vez que a falta de manutenção pode proliferar no ar os aeroalérgenos – como ácaros, poeira, fungos, bolores entre outros – que aumentam as chances de crise de asma, exacerbação de rinite alérgica e crises de tosse.” 

Aos pais, a médica recomenda algumas ações que garantirão o conforto do aluno durante as aulas. “Manter a hidratação da criança; caso ela se queixe de ressecamento ocular, é indicado o uso de lubrificantes; higienização nasal; ter sempre um agasalho leve na mochila, uma vez que existe também a percepção e sensibilidade individual de cada criança.” 

Com os cuidados citados e a temperatura adequada, não há problemas de um aluno, por exemplo, com problemas alérgicos, permanecer no ambiente. No entanto, se o tempo for prolongado, pode ser aconselhável aumentar a umidade relativa do ar com o uso de umidificadores, devido ao ressecamento das vias aéreas provocado pela exposição prolongada.

 

Ambiente fechado

Quem tem filhos na idade escolar sabe que, devido ao convívio, sempre há a possibilidade de gripes, viroses e outras doenças do gênero acometer diversas crianças ao mesmo tempo. A médica explica que em ambientes fechados, como aqueles com ar-condicionado ligado, o contágio por vírus de transmissão respiratória é bem maior. “Permanência em espaços fechados e com pouca ventilação pode facilitar a circulação de microrganismos, principalmente vírus respiratórios”, afirma. 

Em resumo, o ar-condicionado tem seus prós e contras, e deve ser usado com os devidos cuidados em dias realmente quentes. Quando for possível, não abrir mão da ventilação natural, com janelas e portas abertas. Esses cuidados tornarão o equipamento um bom aliado do conforto para o aprendizado.

 

Vera Cruz Hospital


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