Sebito-de-noronha, espécie rara encontrada em Fernando de Noronha. Foto: Heideger Nascimento |
Projeto
Aves de Noronha, apoiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza,
oferece o “Guia de Aves Fernando de Noronha” e quatro rotas turísticas de
observação de aves, em uma parceria com empresas de turismo e guias locais
Estar em Fernando
de Noronha (PE) já é um privilégio, mas conhecer as particularidades de sua
fauna é ainda mais empolgante. É com essa proposta que o projeto Aves de
Noronha criou o “Guia de Aves Fernando de Noronha”. Bilíngue (português e
inglês), em formato de bolso, compila, de forma simples e acessível, as 40
espécies mais emblemáticas que habitam a ilha. A publicação divide a lista de
espécies entre residentes, migratórias e exóticas. Além das belas imagens,
contêm símbolos que representam o status de conservação, o habitat e os
principais itens da dieta das aves catalogadas.
O projeto é
realizado pelos pesquisadores Cecília Licarião, Larissa Amaral, Geisiane Sobral
e Heideger Nascimento, com o apoio da Fundação Grupo Boticário e da Log Nature.
“Trata-se de um material com linguagem acessível, uma vez que a nossa intenção
é atrair o olhar das pessoas para essa atmosfera, para a biodiversidade das
aves”, explica Cecília Licarião, diretora do projeto Aves de
Noronha e uma das autoras do Guia.
A publicação pode
ser adquirida nas lojas dos Postos de Informação e Controle (PICs) nas entradas
de acesso ao Parque Nacional e pelo site A Loja dos Passarinhos, parceira do projeto. O grupo
Atlantis, também parceiro do Aves de Noronha, foi responsável pela produção da
publicação.
As
espécies raras da ilha
O Arquipélago de Fernando de Noronha abriga a maior diversidade de aves marinhas do país. Ao todo, são quase 90 espécies de aves registradas que usam a ilha para descanso, alimentação e reprodução, das quais 20 são residentes, ou seja, moram em Noronha e podem ser observadas durante todo o ano. Seis espécies, porém, correm perigo de desaparecer e duas delas, o sebito-de-noronha e a cocoruta, só existem em Fernando de Noronha.
O sebito-de-noronha
ou juruviara-de-noronha é o nome desse pássaro que habita florestas, jardins e
áreas arborizadas, com preferência pelas copas dos mulungus. Alimenta-se de
insetos e artrópodes, como pequenas aranhas. As aves têm cerca de 15 centímetros
de comprimento, pesam, em média, 10 gramas, e possuem coloração
verde-acinzentada nas partes superiores e marrom-claro e creme no ventre. A
fêmea coloca cerca de dois ovos, que são chocados durante 12 ou 13 dias. Seu
ninho, em formato de tigela funda, é feito de materiais vegetais e teias de
aranha, costurados em galhos fininhos, parecendo uma taça de vinho pendurado. O
pássaro sofre ameaça pela degradação de seu habitat, principalmente pela
introdução de espécies exóticas, como gatos e ratos.
A cocoruta é um
pássaro de 17 centímetros de comprimento, com pescoço branco e laterais e peito
em tom acinzentado. A barriga é de coloração amarelada. Alimenta-se de insetos
e frutos e, segundo os pesquisadores, uma cocoruta pesa, em média, 20 gramas. É
encontrada em matas secas e áreas antrópicas do arquipélago de Fernando de
Noronha. Também encontra-se ameaçada de extinção pelos mesmos motivos que o
sebito-de-noronha.
Roteiros
Além do livro, que desperta curiosidade sobre a biodiversidade das espécies, o Aves de Noronha também oferece quatro rotas turísticas de observação de aves, apresentadas em dois pacotes: individual ou em grupo. Eles incluem opções de três ou seis noites de hospedagem, não abrangendo alimentação e transporte aéreo. No entanto, o projeto fornece indicações de agências especializadas para auxiliar no transporte aéreo, caso necessário. Os visitantes têm a liberdade de escolher a rota de acordo com a época do ano (chuvosa ou seca) e os seus interesses pessoais.
“Esses produtos ajudam a levantar fundos para manter o projeto. Obrigatoriamente, envolvemos os guias locais nessa iniciativa, pois entendemos que o dinheiro gerado pelas vendas deve circular na economia da região”, explica Cecília Licarião. “O Brasil é um dos países com mais endemismo e as pessoas vêm de fora, justamente, para ‘completar o seu álbum de figurinhas’ vendo espécies que só podem ser encontradas aqui. Daí, o grande potencial desse tipo de turismo”, conclui.
As informações
sobre as rotas de observação de aves e o valor dos pacotes estão disponíveis no
site
https://www.espacosilvestre.org.br/birdwatchingnoronha.
Impacto socioambiental positivo
O Aves de Noronha foi um dos projetos selecionados pelo Camp Oceano, iniciativa realizada em 2021 pela Fundação Grupo Boticário para o desenvolvimento de soluções para a conservação da biodiversidade costeiro-marinha brasileira. Estabelecido por meio de cocriação, com capacitações e mentorias para aprimorar as ações, o projeto foi um dos 19 selecionados em todo o país para receber apoio técnico e financeiro.
“O Aves de Noronha demonstra grande potencial para gerar impactos positivos e duradouros para a conservação da natureza, unindo o turismo, a ciência, a educação, o desenvolvimento econômico e a integração com a comunidade”, avalia Omar Rodrigues, gerente sênior de Engajamento e Relacionamento Institucional da Fundação Grupo Boticário.
Fundação Grupo Boticário
www.fundacaogrupoboticario.org.br | www.grupoboticario.com.br |
fundacaogrupoboticario
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