Em 2050, até 40% da população brasileira será de pessoas 60+, conforme indicam os dados demográficos. Eu serei uma delas e talvez, o leitor também. O envelhecimento populacional é uma realidade inegável em muitos países, e o Brasil não está imune a essa tendência já que atualmente é a 5ª maior população idosa do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Com o aumento da expectativa de vida e a diminuição da taxa de natalidade, tal realidade será intensificada e o país enfrentará desafios significativos, relacionados à seguridade social, cuidados de saúde e a inclusão social dos idosos.
Olhando
de perto, podemos perceber que a complexidade do envelhecimento humano engloba
diferentes aspectos – biológicos, psicológicos e sociais -, resultando em
experiências individuais únicas. Para atender às demandas crescentes dessa
parcela da sociedade, é essencial que sejam implementadas iniciativas práticas
e eficazes nos setores de assistência social, previdência e saúde.
Dados
da Pesquisa Nacional de Saúde revelam um aumento na proporção de idosos que
enfrentam dificuldades para realizar atividades instrumentais da vida diária à
medida que avançam em idade, ainda que a qualidade de vida dos idosos de hoje é
incomparável às gerações passadas, felizmente. As dificuldades nas atividades
cotidianas é um processo dinâmico e progressivo que pode impactar,
significativamente, a qualidade de vida e a interação social das pessoas,
especialmente quando agravadas por vulnerabilidades.
Neste
sentido, a assistência social desempenha um papel crucial na abordagem desses
desafios e na promoção do bem-estar da população idosa: é fundamental investir
em programas e serviços que visem à promoção da autonomia e da qualidade de
vida dos idosos - não basta longevidade, é preciso dignidade e qualidade. Isso
inclui a criação de centros de convivência, atividades recreativas e culturais
adaptadas às necessidades dessa faixa etária, bem como o fortalecimento de
redes de apoio familiar e comunitário e o provimento dos mínimos sociais
(alimentação, transporte, moradia etc.), bem como a ampliação do acesso a
programas de complementação de renda. Além disso, é fundamental promover ações
de conscientização e combate à discriminação etária, visando garantir a
inclusão social e o respeito aos direitos dos idosos em todas as esferas da
sociedade.
A
disseminação de informações sobre saúde, a prática de exercícios físicos e a
adoção de uma alimentação saudável têm contribuído para uma velhice mais
autônoma e feliz, focada na prevenção e bem-estar. Enquanto política, é
imprescindível investir na ampliação e qualificação dos serviços de atenção
primária e especializada aos idosos. Isso inclui a plena oferta e qualidade de:
consultas geriátricas, medicamentos, tratamento de doenças crônicas, cuidados
paliativos e suporte psicossocial; para garantir uma abordagem integral e
humanizada da saúde na velhice.
No
âmbito da previdência, é necessário assegurar a sustentabilidade dos sistemas
de aposentadoria e pensão, considerando o aumento da longevidade e a
necessidade de proteção social para os idosos mais vulneráveis. Isso pode
envolver ajustes nas políticas de contribuição e benefícios.
Parafraseando
Ariano Suassuna "tudo que é vivo, envelhece". E diante desse
panorama, é crucial que políticas públicas e programas sociais sejam
desenvolvidos e aprimorados para receber bem esses “viajantes”. O
envelhecimento não deve ser encarado como um desafio, mas como curso natural no
trajeto da vida, oportunidade única de promover uma sociedade mais inclusiva e
solidária, com os 60+ desfrutando plenamente da sua maturidade com dignidade e
bem-estar. Se tudo correr bem na jornada da vida, também chegaremos lá. Eu
assim espero, e você?
Relly Amaral Ribeiro - mestre em Serviço Social e Política Social pela Universidade Estadual de Londrina, professora e tutora dos cursos de pós-graduação em serviço social do Centro Universitário Internacional Uninter
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