Ainda pouco discutido, tema da resistência do vírus aos medicamentos disponíveis está intimamente relacionado a falha na adesão ao tratamento pelo paciente
A resistência a medicamentos contra o HIV é um fenômeno no qual
o vírus deixa de ser inibido pelos fármacos, continuando a se multiplicar mesmo
durante o tratamento. Isso acontece principalmente devido à alta capacidade de
mutação do vírus, que acaba modificando os alvos originais onde os medicamentos
deveriam atuar, tornando-os ineficazes perante essa “nova versão” do vírus.
Para falar sobre o tema, em especial sobre a importância da genotipagem do
vírus, o videocast Momento Ciência, da Thermo Fisher Scientific, recebeu o Dr.
Carlos Brites, especialista com pós-doutorado pela Universidade de Harvard e
atualmente professor titular de infectologia da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal da Bahia. Muito além da resistência do HIV, a conversa
trouxe luz sobre os principais pontos acerca do ‘dezembro vermelho’, mês
dedicado à conscientização sobre o HIV e outras infecções sexualmente
transmissíveis.
A genética e o teste de resistência
O exame de genotipagem do HIV é uma forma direta e rápida de
identificar o padrão genético das mutações virais que podem conferir
resistência biológica a um ou mais medicamentos das diferentes classes
terapêuticas. Os critérios para realizar testes de genotipagem no Brasil são principalmente
para pacientes com carga viral detectável acima de 500 cópias.
Durante a conversa, Carlos Brites destaca que no Brasil, apesar
de uma estabilização recente nos níveis de resistência devido a mudanças na
medicação padrão, ainda existem desafios. “Antigamente, a resistência era mais
comum a certos medicamentos, levando o Ministério da Saúde a substituí-lo por
inibidores mais eficazes e resistentes a mutações. Atualmente, a maioria dos
pacientes em tratamento antirretroviral tem carga viral indetectável, mas ainda
há uma parcela significativa com resistência ao tratamento. A centralização dos
testes de genotipagem em grandes centros urbanos, embora econômica, cria
dificuldades logísticas, atrasando o processo em regiões mais afastadas das
grandes capitais”, destaca Brites
.
Nem tudo está na genética
Brites destaca que uma causa comum para o desenvolvimento dessa
resistência é a falha na adesão ao tratamento pelo paciente, que ao tomar o
medicamento de maneira irregular, expõe o vírus a baixas doses do remédio. Isso
favorece a seleção de variantes virais naturalmente resistentes, levando ao
fracasso do tratamento e ao agravamento do quadro clínico do paciente, além de
aumentar o risco de transmissão do HIV. Esse quadro reforça a importância de
que todo o ecossistema de saúde deve funcionar de maneira harmônica para que o
combate ao HIV seja, de fato, efetivo. Nesse sentido é crucial que o paciente
se comprometa de forma responsável com seu tratamento, da mesma forma que é
importante que sua carga viral seja monitorada periodicamente para que se
avalie, por meio do teste de genotipagem, a necessidade ou não de substituir a
terapia, bem como auxiliar na escolha do medicamento que o médico deve
prescrever.
Prevenção e tratamento
Outro assunto que também foi abordado é a PrEP, a Profilaxia
Pré-Exposição, uma das formas de prevenir o HIV. Ela consiste na tomada de
comprimidos antes da relação sexual, que permite ao organismo estar preparado
para enfrentar um possível contato com o vírus da AIDS. A pessoa em PrEP
realiza acompanhamento regular de saúde, com testagem para o HIV e outras
Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Brites destaca que a meta nacional
deveria ampliar o número de diagnósticos (o que inclui a genotipagem), o que
poderia teoricamente eliminar a epidemia até 2030.
Em concordância ao que observa Brites, metas agressivas foram
estabelecidas pelo Programa das Nações Unidas sobre o HIV/AIDS (também
conhecido como UNAIDS) para reduzir as disparidades globais no tratamento e nos
cuidados até 2030 e reduzir o número de novas infecções por HIV diagnosticadas
em 90%. Esta é uma prioridade da UNAIDS, que espera até 2030 alcançar zero
novas infecções pelo HIV, zero discriminação e zero mortes relacionadas com a
AIDS.
Neste contexto, a Thermo Fisher Scientific tem como meta ajudar
a alcançar estes objetivos globais de saúde por meio do seu programa de
Equidade Global em Saúde, viabilizando a adoção de soluções avançadas e
acessíveis para testes de resistência aos medicamentos do HIV aos países de
baixa e média renda, que ainda sofrem com o maior impacto desta doença.
O episódio sobre HIV do programa Momento Ciência com o Dr Carlos
Brites é apresentado por Renato Marques, gerente de marketing da Thermo Fisher,
e Fábio Mury, doutor em biologia molecular pela USP e gerente de diagnóstico
molecular para América Latina na Thermo Fisher Scientific e vai ao ar no mês de
janeiro no canal da Thermo Fisher do YouTube.
Thermo Fisher Scientific
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