terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Especialista aborda o teste de genotipagem no combate à resistência do HIV

Ainda pouco discutido, tema da resistência do vírus aos medicamentos disponíveis está intimamente relacionado a falha na adesão ao tratamento pelo paciente


A resistência a medicamentos contra o HIV é um fenômeno no qual o vírus deixa de ser inibido pelos fármacos, continuando a se multiplicar mesmo durante o tratamento. Isso acontece principalmente devido à alta capacidade de mutação do vírus, que acaba modificando os alvos originais onde os medicamentos deveriam atuar, tornando-os ineficazes perante essa “nova versão” do vírus. Para falar sobre o tema, em especial sobre a importância da genotipagem do vírus, o videocast Momento Ciência, da Thermo Fisher Scientific, recebeu o Dr. Carlos Brites, especialista com pós-doutorado pela Universidade de Harvard e atualmente professor titular de infectologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia. Muito além da resistência do HIV, a conversa trouxe luz sobre os principais pontos acerca do ‘dezembro vermelho’, mês dedicado à conscientização sobre o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis.
 

A genética e o teste de resistência 

O exame de genotipagem do HIV é uma forma direta e rápida de identificar o padrão genético das mutações virais que podem conferir resistência biológica a um ou mais medicamentos das diferentes classes terapêuticas. Os critérios para realizar testes de genotipagem no Brasil são principalmente para pacientes com carga viral detectável acima de 500 cópias. 

Durante a conversa, Carlos Brites destaca que no Brasil, apesar de uma estabilização recente nos níveis de resistência devido a mudanças na medicação padrão, ainda existem desafios. “Antigamente, a resistência era mais comum a certos medicamentos, levando o Ministério da Saúde a substituí-lo por inibidores mais eficazes e resistentes a mutações. Atualmente, a maioria dos pacientes em tratamento antirretroviral tem carga viral indetectável, mas ainda há uma parcela significativa com resistência ao tratamento. A centralização dos testes de genotipagem em grandes centros urbanos, embora econômica, cria dificuldades logísticas, atrasando o processo em regiões mais afastadas das grandes capitais”, destaca Brites
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Nem tudo está na genética 

Brites destaca que uma causa comum para o desenvolvimento dessa resistência é a falha na adesão ao tratamento pelo paciente, que ao tomar o medicamento de maneira irregular, expõe o vírus a baixas doses do remédio. Isso favorece a seleção de variantes virais naturalmente resistentes, levando ao fracasso do tratamento e ao agravamento do quadro clínico do paciente, além de aumentar o risco de transmissão do HIV. Esse quadro reforça a importância de que todo o ecossistema de saúde deve funcionar de maneira harmônica para que o combate ao HIV seja, de fato, efetivo. Nesse sentido é crucial que o paciente se comprometa de forma responsável com seu tratamento, da mesma forma que é importante que sua carga viral seja monitorada periodicamente para que se avalie, por meio do teste de genotipagem, a necessidade ou não de substituir a terapia, bem como auxiliar na escolha do medicamento que o médico deve prescrever.
 

Prevenção e tratamento 

Outro assunto que também foi abordado é a PrEP, a Profilaxia Pré-Exposição, uma das formas de prevenir o HIV. Ela consiste na tomada de comprimidos antes da relação sexual, que permite ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o vírus da AIDS. A pessoa em PrEP realiza acompanhamento regular de saúde, com testagem para o HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Brites destaca que a meta nacional deveria ampliar o número de diagnósticos (o que inclui a genotipagem), o que poderia teoricamente eliminar a epidemia até 2030. 

Em concordância ao que observa Brites, metas agressivas foram estabelecidas pelo Programa das Nações Unidas sobre o HIV/AIDS (também conhecido como UNAIDS) para reduzir as disparidades globais no tratamento e nos cuidados até 2030 e reduzir o número de novas infecções por HIV diagnosticadas em 90%. Esta é uma prioridade da UNAIDS, que espera até 2030 alcançar zero novas infecções pelo HIV, zero discriminação e zero mortes relacionadas com a AIDS. 

Neste contexto, a Thermo Fisher Scientific tem como meta ajudar a alcançar estes objetivos globais de saúde por meio do seu programa de Equidade Global em Saúde, viabilizando a adoção de soluções avançadas e acessíveis para testes de resistência aos medicamentos do HIV aos países de baixa e média renda, que ainda sofrem com o maior impacto desta doença. 

O episódio sobre HIV do programa Momento Ciência com o Dr Carlos Brites é apresentado por Renato Marques, gerente de marketing da Thermo Fisher, e Fábio Mury, doutor em biologia molecular pela USP e gerente de diagnóstico molecular para América Latina na Thermo Fisher Scientific e vai ao ar no mês de janeiro no canal da Thermo Fisher do YouTube.
 






Thermo Fisher Scientific

 

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