Especialista em finanças traz dicas para aproveitar as tradições da época sem se endividar ou comprometer ainda mais a renda mensal
As comemorações de
fim de ano estão aí, e nada é melhor do que celebrar junto com a família e os
amigos. Mas o cenário econômico pede atenção: o total de lares brasileiros com
dívidas chegou a 76,6% em dezembro, segundo os dados mais recentes da
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).Nesta época
do ano, é comum que os brasileiros se “enforquem” ainda mais, cedendo às
tradições.
Para Thaíne
Clemente, executiva de Estratégias e Operações da Simplic, fintech de crédito pessoal online, são muitos fatores que
podem tirar o orçamento da rota. “O final deste ano foi marcado por muitos
eventos, como a Black Friday e a Copa do Mundo. Na sequência, dezembro bateu na
porta com amigos secretos, confraternizações, viagens em família, compra de
presentes, ceias de Natal e Ano Novo. Se não houver planejamento e cuidado, uma
pessoa pode, sem perceber, iniciar 2024 com dívidas que vão comprometer a renda
por meses”, observa.
Thaíne garante que
ainda é possível adotar alguns cuidados para não se endividar com as festas de
final de ano e ainda viajar, presentear e fazer um melhor uso da renda desse
período. Confira:
Defina
um “teto de gastos” para as festas de final de ano
Em vez de sair
comprando decorações natalinas, presentes para a família e tendo outros gastos
não planejados, faça diferente. Depois de colocar no papel todas as suas
dívidas e gastos previstos, você terá uma noção maior do que sobra para o final
de ano. Estabeleça um limite de quanto poderá gastar e assuma esse compromisso
consigo mesmo.
“Podemos fazer uma
ceia mais cara ou mais barata. Podemos presentear 5 ou 10 pessoas. Podemos
viajar dentro do próprio estado ou para outro país. Podemos aceitar todos os
convites para confraternizações ou selecionar apenas os que fazem mais sentido.
O que deve definir essas escolhas é a nossa capacidade econômica no momento. É
importante estabelecer esse teto e respeitá-lo. Isso tornará os primeiros meses
de 2024 muito mais tranquilos”, garante a especialista.
Use
jogo de cintura para organizar a ceia
“Todo mundo quer
economizar. Então qualquer ideia que reduza os gastos das festas de final de
ano será bem-vinda por todos. Dá para alcançar uma boa economia substituindo
alguns itens do cardápio, já que produtos tradicionais são muito caros nessa
época, e fazendo combinados com familiares e amigos”, sugere Thaíne.
A velha prática do
“cada um traz um prato e o que vai beber” continua sendo um bom caminho para
diminuir o custo da ceia e evitar desperdício. A mesma filosofia serve para os
presentes. Em famílias grandes, principalmente, propor um amigo secreto (e um
pacto de que ninguém compra nada além do que vai dar ao seu amigo) faz com que
cada pessoa gaste com apenas um item e todo mundo seja presenteado.
Faça
lista de presentes e não compre por impulso
O espírito festivo
faz as pessoas se animarem mais na hora de comprar. Thaíne alerta que o momento
exige atenção redobrada, pois o apelo comercial também é mais forte. “É
importante delimitar quais pessoas você realmente precisa ou quer presentear,
porque na hora de buscar os presentes, seja em lojas físicas ou na internet, a
tentação de levar mais do que o necessário é grande. Em muitos casos, uma
lembrança simples, como biscoitos decorados de Natal, é suficiente. Atenha-se à
lista e pesquise bem antes de decidir onde comprar, pois há muita diferença de
preço entre as lojas”, continua a especialista.
Evite
novos parcelamentos
A taxa média de
juros anuais do cartão de crédito no Brasil é de 455,1%, mas ela pode alcançar
um percentual de mais de 800% em alguns casos. “Se você já tem uma parte de sua
renda comprometida com dívidas anteriores, a pior coisa que pode fazer é
assumir novas parcelas. Além de se ater ao teto que estipulou para as festas de
final de ano, prefira pagamentos à vista e evite a todo custo usar o cheque
especial e o crédito rotativo do cartão. Os juros são muito altos e podem
fazê-lo perder o controle sem que nem perceba”, alerta a executiva.
Planeje
a viagem da família de forma consciente
O ideal é planejar
a viagem de férias com antecedência e ir pagando aos poucos, para não pesar no
orçamento. Se você não fez isso, considere a possibilidade de viajar em baixa
temporada, se isso for uma opção. “Caso a família só tenha as férias escolares
para viajar, ainda assim é possível encontrar destinos mais em conta,
compatíveis com a verba que se tem para gastar. Outra saída é abrir mão de
viajar no fim do ano e começar agora a organizar a viagem para as férias de
julho, pois as chances de encontrar bons pacotes e preços mais em conta são maiores”,
afirma Thaíne.
Avalie
a conveniência de renegociar as dívidas
Em alguns casos, pode ser interessante
transformar todas as dívidas em uma só, com uma parcela que seja “saudável”
para a renda da família. “Hoje, as facilidades para renegociar dívidas são
maiores e os juros certamente serão muito menores do que aqueles trazidos pelo
cheque especial e pelo cartão de crédito. O mercado tem interesse nisso, para
diminuir a inadimplência e ter crédito rodando e estimulando a economia. Se uma
família tem dívidas diversas, com credores diferentes, pode ser conveniente
unificá-las junto a um credor único, com uma parcela que não comprometa uma
parte tão grande do orçamento mensal. Mas isso deve ser feito como uma forma de
quitar as dívidas com mais tranquilidade e não como um meio de fazer sobrar
renda para novas dívidas”, enfatiza a especialista.
Simplic
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