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A endometriose persiste como uma condição significativa entre mulheres no Brasil; contudo, ainda é motivo de desinformação entre elas
Apesar da
crescente visibilidade da endometriose, impulsionada pelo diagnóstico recente
da cantora Anitta, a condição continua cercada por dúvidas e desinformação.
Contrariando algumas percepções comuns, a doença pode ser assintomática ou
afetar diversas regiões do corpo, não se limitando apenas às cólicas
menstruais.
Afinal, a
endometriose é uma condição ginecológica complexa, caracterizada pela presença
anormal do tecido endometrial fora do útero. Quando nos referimos aos
"focos de endometriose", estamos direcionando nossa atenção para as
áreas específicas onde esse tecido, que normalmente reveste o interior do
útero, se desenvolve de maneira não convencional.
Esses focos podem
se manifestar em diferentes órgãos do sistema reprodutivo, como ovários e
trompas de Falópio, mas também podem surpreendentemente ser encontrados em
regiões distantes, incluindo o intestino e até mesmo os pulmões.
Por isso que
grandes nomes como Tatá Werneck, Adriana Esteves, Patrícia Poeta, entre outras
personalidades brasileiras, têm quebrado o silêncio e compartilhado
publicamente seus diagnósticos de endometriose. O objetivo é promover mais
informações sobre a doença e, consequentemente, ampliar a conscientização.
"A presença
de focos de endometriose, seja nos órgãos reprodutivos, como ovários e trompas,
ou em áreas mais incomuns, como o intestino, amplifica consideravelmente o
quadro clínico. Esses focos demandam uma abordagem clínica específica, dado que
podem intensificar sintomas como dor pélvica crônica e irregularidades menstruais.
A identificação precoce desses pontos é essencial para o tratamento
adequado", comenta o Dr. Patrick Bellelis, especialista em endometriose e
colaborador do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Os sintomas podem
ser debilitantes, como dor pélvica intensa, irregularidades menstruais e
desconforto durante as relações sexuais. Para confirmar a presença e
localização dos focos, profissionais de saúde muitas vezes recorrem a exames de
imagem, como a laparoscopia. O tratamento varia desde medicamentos, como
analgésicos e hormônios, até procedimentos cirúrgicos para a remoção dos focos
de endometriose.
“A conscientização sobre os focos de endometriose é crucial
não apenas para compreender a condição, mas também para criar um ambiente de
apoio para aquelas que enfrentam os desafios diários associados a essa doença.
Conhecer os sintomas, buscar orientação médica e compartilhar informações são
passos fundamentais para melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas pela
endometriose,” conclui o especialista.
Patrick Bellelis - Doutor em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP); graduado em medicina pela Faculdade de Medicina do ABC; especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); além de ser especialista em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pelo Hospital das Clínicas da USP. Possui ampla experiência na área de Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva, atuando principalmente nos seguintes temas: endometriose, mioma, patologias intrauterinas e infertilidade. Fez parte da diretoria da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) de 2007 a 2022, além de ter integrado a Comissão Especializada de Endometriose da FEBRASGO até 2021. Em 2010, tornou-se médico assistente do setor de Endometriose do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da USP; em 2011, tornou-se professor do curso de especialização em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva — pós-graduação lato sensu, do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês; e, desde 2012, é professor do Instituto de Treinamento em Técnicas Minimamente Invasivas e Cirurgia Robótica (IRCAD), do Hospital de Câncer de Barretos.
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