Adolescentes
entre 12 e 18 anos frequentam 18 vezes menos um médico do que as meninas na
mesma faixa etária
Acaba de ser sancionada a Lei 14.694, que institui a
campanha Novembrinho Azul, que tem por objetivo promover ações direcionadas à
proteção e à promoção da saúde de meninos com até 15 anos de idade.
Um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de
Urologia (SBU) com dados do Sistema de Informação Ambulatorial do
Ministério da Saúde mostra que, em 2021, foram registrados 10.673 atendimentos
de adolescentes com a faixa etária entre 12 e 18 anos por urologista. Esse
índice é cerca de 18 vezes menor que as meninas com a mesma idade.
De acordo com a Cirurgiã Urologista Pediátrica e
Coordenadora do Departamento de Cirurgia Pediátrica do Sabará Hospital
Infantil, Dra. Fernanda Ghilardi Leão, algumas doenças que envolvem a parte
reprodutiva masculina podem ser tratadas na infância ou na adolescência.
“As doenças urológicas nas crianças não se resumem a
problemas no trato urinário. Qualquer alteração apresentada nessa faixa etária,
ou durante a puberdade, quando diagnosticadas de forma preventiva e tratadas
corretamente podem reduzir as chances de o homem adulto ter graves problemas de
saúde no futuro, como por exemplo, as infecções recorrentes, risco de câncer
testicular e infertilidade”, explica a Dra. Fernanda.
A especialista afirma que entre as principais doenças
urológicas, três podem ser destacadas como as mais comuns. São elas: fimose,
testículos fora da bolsa e varicocele.
Fimose
Segundo algumas estimativas, cerca de 97% dos meninos
nascem com fimose. A fimose ocorre quando ao se puxar a pele do prepúcio não é
possível expor a cabeça do pênis, sendo dividido em duas formas: a fisiológica
e a patológica que pode desencadear a dificuldade de higienização, gerando
infecções locais e infecções urinárias.
“A cirurgia é recomendada nos primeiros anos de idade e
isso vai beneficiar a qualidade de saúde da criança como, por exemplo,
diminuição do risco de doenças sexualmente transmissíveis no futuro, redução de
infecção urinária e outras inflamações”, afirma Dra. Fernanda.
Testículos fora da bolsa
A criptorquidia ou testículos fora da bolsa (ou não descidos) pode surgir em 45% dos meninos nascidos prematuramente e acontece quando os testículos - que normalmente são formados no interior do abdômen, descem até o escroto durante o crescimento intrauterino e não chegam ao local correto.
“A cirurgia para reposicionamento dos testículos é
indicada para as crianças entre seis e 12 meses de idade. Esse procedimento
cirúrgico reduz, entre outras coisas, futuras complicações como hérnias e
torções testiculares e câncer de testículos”, explica a especialista.
Varicocele
A varicocele é considerada uma das principais causas de
infertilidade masculina e tem uma incidência de 15% dos homens, surgindo na
maioria das vezes, entre 12 e 13 anos.
A varicocele é uma dilatação das veias que drenam o
sangue testicular devido à incompetência das válvulas venosas, associada ao
refluxo venoso.
“A cirurgia é indicada quando há algum tipo de alteração
no tamanho do testículo ou o adolescente sentir dores no local. Após um exame
mais detalhado, pode se identificar a necessidade, ou não, de uma intervenção
cirúrgica”, diz a urologista.
Todas essas três doenças podem ser identificadas por meio
de alteração de tamanho na região, inchaço, dores, incômodo e vermelhidão. A
especialista afirma que, os responsáveis devem sempre estar atentos e que a
conversa é ideal para diagnóstico rápido e eficaz.
“É muito difícil para os meninos falarem sobre dores ou
incômodos nessa região para os pais. Por isso, ter um diálogo aberto é sempre o
melhor caminho para que haja uma prevenção de doenças mais sérias no futuro”,
conclui Dra. Fernanda.
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