Recentemente a GetNinjas, empresa brasileira que
gerencia a maior plataforma online para conectar clientes a prestadores de
serviços por todo país, anunciou que iria devolver quase todo o caixa aos seus
acionistas. Isso gerou bastante polêmica no mercado e colocou uma dúvida na
cabeça dos investidores: por que tomaram essa decisão?
Segundo as informações do próprio CEO e fundador da GetNinjas, Eduardo
L’Hotellier, as condições de mercado mudaram muito desde o IPO em 2021 para
hoje: taxa de juros, custo dos serviços de marketing e valuation
de potenciais empresas alvo de aquisições. Esses fatores foram utilizados como
justificativa para a atitude da empresa.
O fato é que esse IPO foi feito no meio da pandemia da Covid-19. Sendo assim,
parece que o plano de negócios tinha pouca elasticidade em relação às variáveis
e as premissas de comportamento de mercado. Convenhamos que o que podíamos ter
certeza naquela época é que havia muita incerteza e pouca clareza sobre tudo.
Tentando não ser engenheiro de obra pronta, que é muito fácil, em situações
como essa de alto grau de incerteza e pouca clareza, é preciso atuar com maior
margem de segurança. Diria até, evitar tomar decisões duradouras ou de longo
prazo e com pouca capacidade de reversão ou baixo impacto, caso seja necessário
mudar os planos.
Quando uma empresa vai à bolsa abrir capital, um dos propósitos é buscar
financiamento para o investimento que pretende fazer, tendo em vista o
crescimento da companhia. O dono quer pessoas que possam ser suas parceiras e
que acreditem na empresa, para poder dividir riscos e benefícios de um plano de
negócios executado de forma bem-sucedida.
Com todo mundo em casa na pandemia, naturalmente, as pessoas passaram a ter
outro olhar para seu lar e o motivo de abrir capital pode ter sido bastante
oportuno. Depois de dois anos deste evento, até as empresas de tecnologia, que
prometeram trabalho remoto para sempre, já revisaram seus planos, então o hype
parece que está passando.
Neste contexto, nem do lado da demanda e nem do lado das condições de
financiamento e prestação do serviço, os planos de negócio daquela época
parecem ficar de pé. E a falta de um plano B ou C no horizonte do CEO, tendo em
vista a reação de um dos acionistas de aumentar sua participação e colocar em
prática alguns planos, demonstra que parece haver opções para deixar a
organização estagnada e com pouca capacidade de se adaptar às mudanças
que estão acontecendo de forma rápida.
Em cenários com esse, é importante tomar decisões que requeiram um planejamento
de curto prazo e que seja possível medir o impacto também no curto prazo.
Afinal, mesmo ainda no processo de validação de um produto, é preciso saber se
esse produto é viável comercialmente, factível tecnicamente e se tem potencial
para se pagar, por exemplo.
Os OKRs - Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados Chaves) -,
são uma excelente ferramenta de apoio à execução da estratégia, pois nos
ajudam a trabalhar orientados por resultados e por impacto, em um ciclo
tipicamente de três meses, o que considero um período ideal.
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