O psicólogo e professor de psicanálise Ronaldo Coelho, da capital paulista, fala sobre a importância psíquica do velório, as fases do luto e como explicar sobre a morte para crianças.
O velório
“O velório se constitui num momento de encontro entre as pessoas
que mantinham relações significativas com a pessoa que faleceu, este momento é
importante para a construção da ideia de que, apesar de a pessoa não mais estar
entre os que a ama, sua memória permanecerá viva entre aqueles que ali estão. A
presença das pessoas no velório cumpre a função de dizer para quem perdeu seu
ente amado que elas não estão sozinhas e também que aquela vida não foi em
vão”, explica.
O psicanalista aponta, ainda, que cada pessoa pode lidar com o luto
de uma forma diferente, mas que no geral existem fases pelas quais as pessoas
passam: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação – estágios descritos
pela psiquiatra suiço-americana Elisabeth Kübler-Ross.
“Nem sempre é fácil aceitar uma perda e os motivos que implicam
nesta dificuldade sempre são singulares, únicos para cada um. O processo de
elaboração do luto é o caminho de entender esses motivos e cuidar deles. Na
maioria das vezes fazemos isso sozinhos e com a ajuda do tempo, mas quando o
luto se torna patológico, piorando ao longo do tempo em vez de melhorar,
caminhando para uma depressão, por exemplo, é indicado um trabalho
psicoterápico”, ressalta.
Explicando a morte para as crianças
A perda de um familiar não afeta apenas adultos, mas também tem
impacto com as crianças. Muitos pais não sabem como tratar desse assunto com os
filhos pequenos e acabam inventando histórias, mas Ronaldo não aconselha esse
caminho.
“Com crianças a perda deve sempre ser tratada com uma linguagem
que seja adequada às suas capacidades de compreensão a depender de sua idade.
Não se deve mentir para ela e nem tentar esconder, o recomendado é, com auxílio
de eufemismos e metáforas, comunicar que aquela pessoa não poderá mais estar
fisicamente com ela e que este é um processo natural da vida. Em alguns casos
as crianças já sabem o que houve. Por esse motivo, vale perguntar a elas se
sabem o que aconteceu, o que imaginam e o que entendem. Essa é uma forma
cuidadosa e interessante de começar a conversa a partir do campo de
conhecimento e compreensão da criança”, finaliza o psicólogo.
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