Discussão
fiscal e cenário externo podem limitar ciclo de reduções e aumentar piso
da Selic
A decisão do Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central (Bacen) em
reduzir a taxa Selic, a taxa básica de juros da economia, em 12,25% ao ano
(a.a) é ponderada, já que, na percepção da Federação do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), a incerteza
fiscal e no cenário externo preocupa.
Até setembro, o déficit do governo brasileiro atingiu R$ 94 bilhões, excluindo
os juros. Mesmo com a Lei Orçamentária permitindo um déficit de R$ 228 bilhões,
a expectativa era de que o governo não passasse dos R$ 100 bilhões. Além disso,
a previsão era de zerar o déficit em 2024, dentro do contingenciamento do
arcabouço, mas ainda faltam R$ 168 bilhões em receitas adicionais para atingir
essa meta.
No entendimento da Federação, o governo precisa dar sinais mais claros de seu
compromisso fiscal.
O mercado externo também apresenta instabilidades, o que impacta diretamente o
cenário econômico. Apesar da diminuição do crescimento chinês, que poderia
facilitar o trabalho da política monetária, o aquecimento da economia
estadunidense e a alta da taxa de juros da dívida pública trazem um alerta para
a intensificação das quedas.
Somado a isso, o conflito entre Hamas e Israel reforça a preocupação sobre o
preço dos combustíveis, os quais não se apresentavam mais como um elemento de
pressão.
Por outro lado, o acumulado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) dos últimos 12 meses chegou a 5,19%. Em setembro, apontou 3,5%. A expectativa
é de fechar o ano em 4,63%. O grupo de alimentação é o principal influenciador
no processo de queda da inflação, com reduções acentuadas em agosto (-0,85%)
e setembro (-0,71%), principalmente no caso da alimentação em domicílio,
afetando com mais intensidade as famílias mais pobres.
Outro dado positivo para o Bacen são os núcleos, que excluem os preços mais
voláteis e mostram como está o aquecimento da demanda, que continuam estáveis.
A média foi de 0,21% em setembro e 3,8% no ano, com baixa também no índice dos
Serviços, com redução próxima a 0,3%.
Na análise da FecomercioSP, ainda cabem novas quedas das taxas, mas a postura
do governo com a responsabilidade fiscal e o cenário externo mais sensível
impedem uma redução maior do que 0,5 ponto porcentual (p.p.). Se não houver uma
mudança de política fiscal, essas quedas podem se acentuar, ao passo que o piso
da taxa de juros corre o risco de crescer, prejudicando o setor produtivo do
País. Felizmente, ainda há tempo de mudar.
FecomercioSP
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