Conhecidos como sintomas invisíveis da neuromielite
óptica (NMO), 75% dos pacientes sofrem com dores crônicas e 55% com fadiga1,2
Em
estágios iniciais, muitas doenças possuem sinais inespecíficos que acabam
passando despercebidos até para quem os sente. Dor crônica e fadiga são
“sintomas invisíveis”, que podem indicar, por exemplo, neuromielite óptica
(NMO) - uma doença causada por surtos graves e recorrentes no sistema nervoso
central que podem resultar em incapacidades permanentes, como perda de visão e
paralisia.1 “Esses sinais podem ser menosprezados em um primeiro
momento, por isso, é preciso estar atento”, explica Dr. Felipe Von Glehn,
médico neurologista especializado em neuroimunologia.
A causa da neuromielite óptica ainda é desconhecida, contudo, ela pode surgir
após uma infecção ou pode estar associada a outra doença autoimune.2
“A NMO faz com que o corpo produza um anticorpo chamado anti-aquaporina 4,
que ataca a proteína responsável por transportar água no sistema nervoso. Com
isso, ocorre uma destruição de células e fibras nervosas na medula espinhal
(mielite) e fibras nervosas no nervo óptico (neurite óptica). Cada episódio
grave ou agudo da doença pode gerar danos irreversíveis, portanto é de suma
importância conscientizar a sociedade, a classe médica e profissionais da saúde
sobre os sintomas, principalmente os invisíveis, para que os pacientes sejam
diagnosticados e recebam o cuidado adequado precocemente”, complementa o
especialista.
Ainda que a dor crônica e a fadiga sejam consideradas sintomas invisíveis, o
impacto delas na qualidade de vida dos indivíduos pode ser facilmente
percebido, uma vez que 40% dos pacientes com NMO podem apresentar um quadro depressivo,
resultado da dor intensa que sentem1 e 60% deles relatam impacto
significativo no trabalho, atividades físicas e capacidade de realizar tarefas
em geral 2.
Os pacientes acometidos por essa enfermidade podem sentir também dores nos
olhos, sensações alteradas com sensibilidade à temperatura, dormência e
formigamento, além de membros fracos e pesados. Outros pontos de atenção são
vômitos e soluços que duram mais de 48h e não possuem causa gástrica4.
“Garantir que a sociedade esteja munida de informações sobre essa doença
debilitante, é uma forma de corroborar para mantermos a independência,
autonomia e qualidade de vida dos pacientes. Principalmente porque a média de
idade do aparecimento é aos 40 anos, ou seja, em plena fase produtiva. O quanto
antes for feito o manejo adequado, mais chances de evitarmos danos sérios
nesses indivíduos”, finaliza o neurologista.
No Brasil, estima-se que até 10 mil brasileiros convivam com neuromielite
óptica. O diagnóstico da doença é feito com base no histórico do paciente,
avaliação clínica e identificação das descobertas de características físicas.
Além disso, o teste AQP4-IgG, um simples exame de sangue usado para detectar
anticorpos que são específicos para a proteína aquaporina (AQP4), é capaz de
diagnosticar até 80% dos pacientes.3 Em caso de suspeita, a
realização deste teste é fundamental para a confirmação.
Referências
[1] Ayzenberg I, Richter D, Henke E et al. Pain, depression, and quality of life in neuro myelitis optica spectrum disorder: a cross sectional study of 166 AQP4 antibody seropositive patients. Neurol Neuroimmunol Neuroinflamm. 2021;8(3):e985. doi:10.1212/ NXI.0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 9 8 5.
[2] Eaneff S, et al. Patient perspectives on neuromyelitis optica spectrum disorders: data from the PatientsLikeMe online community. Mult Scler Relat Disord. 2017;17:116 122.
[3] Ajmera MR, et al. Evaluation of comorbidities and health care resource use among patients with highly active neuromyelitis optica. J Neurol Sci.2 0 1 8;384:96 103]
[4] Neuromyelitis optica Mayoclinic org Publicado em 15 de dezembro de 2015 Acesso em 14 de setembro de 2022. Link
[5] NORD (National Organization for Rare Disorders). 2021. Neuromyelitis Optica Spectrum Disorder NORD (National Organization for Rare Disorders).Disorders).[on line] Disponível em: Link. Acesso em 14 de setembro de 2022.
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