Encontrar um ponto
de equilíbrio na gangorra de sentimentos do dia a dia não é uma tarefa simples,
mas é um aprendizado diário e necessário para manter a sanidadeFreepik
O bem-estar é um conceito que se refere a um estado
de satisfação, contentamento e realização que vai além da simples ausência de
doença ou desconforto. Envolve uma avaliação de nossa própria vida: o que temos
feito, como passamos por determinadas situações, quais os resultados colhidos
em esforços realizados, um sentimento que está relacionado diretamente com o
nosso equilíbrio emocional.
Este tipo de satisfação não é viver apenas na
presença de emoções positivas, aquelas que temos maior aceitação: felicidade,
alegria, amor. É conseguir seguir mesmo quando as emoções são negativas,
mediante situações e eventos vividos, sem entrar num adoecimento ou perda
daquilo que é importante.
“Em nossas experiências diárias, as interações que
temos e os eventos que vivenciamos desempenham um papel crucial em nosso
bem-estar geral. A maneira como interpretamos e reagimos às situações do
cotidiano podem influenciar profundamente nossos sentimentos e emoções. Dito de
forma direta, os eventos que vivemos e como somos afetados por eles ecoam em
nosso humor, para cima ou para baixo, trazendo como resultado toda uma cadeia
de comportamentos, atitudes e ações diante daquilo que experimentamos naquele
momento”, pontua Gustavo Imianowsky, Mestre em Psicologia Social pela PUC,
coordenador e professor do curso de Neurociências & Comportamento na
Faculdade UNIGUAÇU.
Por exemplo, enfrentar um desafio no trabalho pode
ser visto por uma pessoa como uma oportunidade de crescimento, ter uma postura
de curiosidade e uma ação dirigida a resolver o problema, enquanto outra pessoa
pode ver o mesmo desafio como uma ameaça, algo que a faça se sentir insegura ou
duvidar das suas capacidades.
Em suma, o bem-estar não se refere apenas a um
estado de felicidade ou satisfação, mas também à maneira como nos colocamos
naquilo que fazemos: a maneira pela qual interpretamos, processamos e reagimos
às informações e experiências do nosso ambiente. Em outras palavras, a forma
como percebemos e pensamos sobre os eventos que nos cercam têm um impacto
direto em nosso bem-estar emocional e psicológico.
Muitas coisas estão muito além do que é possível
manejar e nos afetam pelo impacto e significado daquilo que foi vivido: receber
uma notícia muito triste, a perda de um ente querido, uma lesão que nos impede
de manter a atividade que gostamos. “No entanto, para aquilo que está ao nosso
alcance no cotidiano, é possível desenvolver um novo modo de ser e estar frente
a nós mesmos”, aconselha o psicólogo. Desse modo, se você quer saber como
cultivar um bem-estar geral, atente-se as seguintes dicas:
1) Mantenha uma mente questionadora:
aprenda a identificar e desafiar os pensamentos negativos como aqueles que
aparecem de forma a limitar as atividades: ah, eu nunca consigo fazer nada
direito; as coisas sempre dão errado comigo; eu sou incapaz mesmo, eu nunca vou
conseguir passar nessa prova, são alguns exemplos comuns. Desafie esses
pensamentos, eles usualmente estão carregados de emoções e são ausentes de
fatos e comprovação. Lembre-se: quantas vezes você achou que não conseguiria
fazer algo e no fim deu certo, quando se sentiu incapaz e teve uma bela
surpresa das suas habilidades e potencialidades. Nunca desista.
2) Mantenha-se no presente: Esse
exercício é algo que deve ser feito diariamente. Pode ser difícil no começo,
mas manter-se no presente tem vantagens expressivas para o bem-estar. Evite
ficar vivendo num futuro incerto ou ruminando o passado. Concentre-se no que
está fazendo hoje, é onde você pode agir e trabalhar. Aceite o presente sem
julgamentos, isso pode ajudar a reduzir o estresse e a autocobrança excessiva
tão comum no nosso tempo.
3) Faça exercício regularmente: a
atividade física libera endorfinas, que são neurotransmissores que promovem
sentimentos de felicidade e bem-estar. A atividade física é um importante
componente na regulação das emoções e sensações. Pratique algo que você gosta,
as chances de adesão e construção do hábito em longo prazo serão maiores. A
prática física, seja individual ou em grupo, é uma importante aliada para quem
busca uma vida em equilíbrio emocional.
4) Durma bem: costumamos subestimar o
poder que uma boa noite de sono de forma regular é capaz. Você sabia que dormir
mal pode aumentar as chances de ansiedade, impulsividade e irritabilidade?
Imagina tentar viver buscando o bem-estar, mas dormindo pouco ou de forma
desregulada todos os dias? Tenha sempre um horário para dormir e um horário
para despertar, seu ritmo biológico ficará bem ajustado e auxiliará nas
respostas emocionais e comportamentais diante daquilo que tem para enfrentar no
seu dia a dia.
5) Conecte-se com os outros: relações
sociais saudáveis são fundamentais para o bem-estar. Mantenha-se em contato com
amigos e familiares, tenha atividades de interação, troca e compartilhe
experiências. Somos seres sociais, isso significa que estar em grupo, de forma
dinâmica, é atrativo para inúmeras atividades mentais, inclusive, para o nosso
humor.
6) Evite o consumo excessivo de notícias:
estar constantemente exposto a informações que podem afetar negativamente o seu
bem-estar. Limite seu consumo e busque fontes confiáveis. Se manter antenado é
importante, mas cuidado com os excessos. Essa é uma das grandes lições deixadas
pela pandemia. A relação com o mundo se deu de forma absurdamente massiva com
noticiários e informações que geram medo, preocupação e angústia. Mesmo num
cenário de incertezas, a disseminação de notícias sensacionalistas ampliou o
caos e acentuaram ainda mais a situação de fragilidade e incertezas das
pessoas. Então, cuidado com a exposição elevada a informações distorcidas e que
podem levar você a um estresse ou preocupação constante.
7) Estabeleça limites: aprenda a dizer
"não" e certifique-se de que está dedicando tempo suficiente para
cuidar de si mesmo. A dificuldade para dizer um “não” é algo que não deveria se
fazer presente em nossa vida. Por questões culturais aprendemos que dizer “não”
é algo feio, é desrespeitoso e nos sentimos culpados quando o dizemos. A
questão é que, ao dizer “sim” quando queremos dizer “não”, passamos por cima de
nós mesmos e aniquilamos aquilo que seria o mais respeitoso na relação conosco.
É preciso aprender a dizer o “não” de forma empática e tranquila, lembrando que
a recusa de algum convite ou algo, é importante como forma de ouvir a si mesmo:
o que eu gostaria realmente de fazer e como me sinto quanto a isto?
“Em conclusão, o bem-estar é uma combinação do
nosso estado emocional e a maneira como interpretamos e nos colocamos frente
aos eventos ao nosso redor. Ao reconhecer e trabalhar ativamente nesse
processo, podemos melhorar nossa saúde mental e qualidade de vida”, finaliza
Imianowsky.
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