O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é reconhecido mundialmente como
uma das principais causas de morte e incapacidade. Estudos recentes apontam
para uma preocupante tendência: espera-se que o número de casos de AVC aumente
em 50% até o ano de 2050, com média de 9,7 milhões de óbitos ao ano.
Vários fatores contribuem para essa projeção, os quais devem ser
examinados atentamente para que possamos entender as razões por trás deste
aumento e buscar soluções eficazes para mitigá-lo. No Brasil, o AVC é uma das
principais causas de morte, tendo ocorrido um total de 101.965 óbitos em 2019 e
102.812 óbitos em 2020. O AVC é, igualmente, uma das mais importantes causas de
incapacidade no país.
Apesar de sua gravidade, é fundamental saber que o rápido
atendimento do paciente com AVC permite o emprego de tratamentos que
possibilitam o retorno a uma vida normal ou com menos sequelas, principalmente
com o uso de medicação trombolítica.
Um dos fatores determinantes para o aumento dos casos de AVC é o
envelhecimento da população global. À medida que as pessoas vivem mais, graças
aos avanços médicos e melhores condições de vida, aumenta-se o número de
indivíduos na faixa etária de maior risco para o AVC. O envelhecimento está
associado a diversas alterações vasculares que tornam o organismo mais
suscetível a eventos cerebrovasculares.
Da mesma forma, o aumento da prevalência de doenças crônicas, tais
como hipertensão, diabetes e obesidade, são fatores de risco diretos para o
AVC. Estilos de vida sedentários, dietas pouco saudáveis e outros hábitos
nocivos estão crescendo em muitas regiões, impulsionando a incidência dessas
condições. O ritmo acelerado de urbanização, que causa declínio nas atividades
físicas e uma crescente dependência de dietas processadas, também contribui
para o aumento no risco de AVC.
O tabagismo é um outro grande problema. Apesar das campanhas
antitabagismo, em algumas regiões, especialmente em países em desenvolvimento,
o uso do tabaco continua a crescer, representando um relevante fator de risco
para o AVC.
Deve-se ainda considerar que, apesar dos avanços tecnológicos da
medicina, o acesso a cuidados de saúde de qualidade continua a ser desigual em
muitas regiões do mundo. Pessoas em áreas desfavorecidas ou em países com
sistemas de saúde menos robustos tendem a ter menor acesso a tratamentos
preventivos e intervenções para o AVC. Além disso, muitos indivíduos não estão
cientes dos fatores de risco do AVC ou não têm acesso à informação e recursos
para prevenção. Isso reforça a necessidade de intensificar os esforços
educacionais e campanhas de conscientização.
Diante desse cenário, torna-se imperativo que governos,
organizações de saúde e comunidades, em conjunto, trabalhem para abordar as
causas subjacentes do aumento previsto nos casos de AVC. Estratégias de
prevenção, melhorias no acesso à saúde, campanhas educativas e a promoção de
estilos de vida saudáveis são essenciais para reverter essa tendência e
garantir um futuro mais saudável para as próximas gerações.
Carlos Roberto Caron - Professor de Neurologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR).
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