sábado, 7 de outubro de 2023

Atitudes que roubam a infância das crianças

 A estimulação de comportamentos que não condizem com a idade, com responsabilidades antecipadas, que desconsidera o desenvolvimento natural, são prejudiciais ao desenvolvimento dos pré-adolescentes e das crianças

 

Vivemos uma época em que a alta competitividade no campo profissional tem estimulado as pessoas à aceleração e, muitas vezes, esse fato impedeuma vivência integral com a família. Pior do que isto, é perceber que muitos pais, conscientes ou não, repassam para os filhos esse “senso de urgência", excedendo em suas responsabilidades e até impedindo que eles vivam uma etapa de cada vez, no seu próprio ritmo. Muitos parecem esquecer que as crianças precisam ser crianças e não necessitam de adultização, com estímulos de comportamentos que não conduzem à idade e ao preparo psicológico que elas tem.  As crianças necessitam ser respeitadas no desejo de brincar, de se relacionar com os amigos, de ter tempo de qualidade, proteção e o amor dos seus pais.

Segundo Cris Poli ,mais conhecida pelo programa Super Nanny e que atualmente é coordenadora na Escola do Futuro, é fundamental que os adultos entendam que a infância é um período importantíssimo no desenvolvimento do ser humano e não pode ser desrespeitado. “As crianças e os pré-adolescentes precisam viver intensamente esses anos para poderem desenvolver habilidades, amadurecerem relacionamentos, cultivarem a curiosidade, as descobertas e até o tempo de ócio, para poderem brincar livremente. Sobrecarrega-las com atividades extra escolares excessivas, estressam e roubam a qualidade de vida que elas precisam ter”.

Segundo uma pesquisa americana da WebMD (2018), 72% das crianças entre 5 e 13 anos evidenciam sinais de estresse e que 60% dos pais não percebem isso. Por isso, por mais maduros que os filhos possam ser, eles não são mini adultos e não deveriam estar super atarefados, estressados com tantas atividades e nem terem que se preocupar com o casamento dos pais, com a área financeira entre outras coisas. “A criança tem condições de ser criança, quando ela vive em um ambiente saudável e equilibrado, favorecendo que ela explore, aprenda e cresça de modo natural e de acordo com a sua idade. O adulto pode estimular e valorizar a curiosidade infantil, encorajando a criança a questionar o mundo e explorar os seus movimentos e espaço”, explica Priscila Moraes, Coordenadora do Infantil da Escola do Futuro.

Ela explica que a criança deve ter uma rotina para que se sinta segura e cuidada, mas também precisa de tempo livre para brincar, imaginar e explorar. “Brincadeiras são importantes para o bom desenvolvimento cognitivo, emocional e social.  É importante a criança conviver com outras crianças e também com adultos que a respeitem, valorizem o seu desenvolvimento, p seu tempo e a sua singularidade, sendo exemplos nas resoluções de problemas, na expressão de emoções, na criatividade e na construção de hábitos saudáveis”, detalha Moraes. 

 Para a Psicanalista, psicopedagoga e educadora, Silvia Tocci Macini, a escola também deve proporcionar às crianças e pré-adolescentes uma experiência que olhe para o desenvolvimento do estudante e do que ele precisa para expandir as suas habilidades da melhor forma possível. “É importante respeitar as fases que estão passando, dando sempre o melhor, com atividades lúdicas e conteúdos diferenciados. Trabalhando com compromisso, porém de uma forma lúdica e leve. “Na Escola do Futuro os professores sabem qual é o seu papel, mas também exercitam um olhar diferente ao aluno, pensando de uma forma global, se preocupando também com a sua saúde emocional. Há também inúmeras atividades, que fazem com que gostem de estar no ambiente escolar, como os Sábados Letivos, que promovem brincadeiras e interações entre pais e filhos, levando as famílias a se aproximarem da escola, e as Convenções Estudantis por série, que promovem brincadeiras, esportes e competições”, conta.

Silvia alerta que, para evitar a adultização, não devemos adiantar coisas que elas não têm condições de entender. “É preciso trabalhar e responder apenas o que elas perguntam, não explicar o que ela não tem condições de compreender, ouvir, olhar ou estar perto. É preciso escutar o que estão falando, entender as suas necessidades e os seus sinais, tirar da internet, do celular e proporcionar momentos de família, como fazer as refeições juntos. O problema, nem sempre é o excesso de atividade, mas sim, entender se ela gosta e quer fazer certas atividades, sem imposição e com equilíbrio”, finaliza.


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