terça-feira, 31 de outubro de 2023

Abordagem interdisciplinar no cuidado ao paciente com câncer de mama

Assistência com equipe multiprofissional permite melhor qualidade de vida, avaliação sob diversos aspectos e tomada de decisões cada vez mais individualizadas 

 

O tratamento multiprofissional para pacientes com câncer de mama é fundamental para abordar todas as necessidades médicas e emocionais dos pacientes. Além do acompanhamento de um oncologista, outros profissionais são importantes para que se tenha um suporte integral, tais como psicológicos e nutricionistas, entre outros. O trabalho em conjunto contribui para uma melhor qualidade de vida e permite que o tratamento seja personalizado. 

Conforme explica a psicóloga do Vera Cruz Oncologia, Aline Riguete, o paciente se depara com uma diversidade de sentimentos: medo, ansiedade, raiva, culpa, entre outros. “Apesar dos grandes avanços da medicina em tratamentos oncológicos e melhoria de qualidade de vida, é comum ainda associar a palavra câncer à dor, a sofrimento e à morte, pois a doença carrega um estigma ainda difícil de ser desconstruído”, diz. Por isso, deve-se avaliar a possibilidade de contar com acompanhamento psicológico, capaz de preparar e ajudar o paciente em cada uma das fases da doença.

 

Sexualidade 

Outro ponto a ser considerado é que mulheres que recebem o diagnóstico do câncer de mama lidam também com alterações que repercutem em sua feminilidade e, por consequência, em sua autoestima. Aprender a aceitar e se sentir bem com seu corpo é tarefa singular e diferente para cada mulher, pois a experiência de sofrimento é sempre individual. 

“As mudanças físicas e hormonais provocadas por alguns tratamentos, além do estresse vivenciado pelo contexto de adoecimento, podem afetar também o interesse sexual. É fundamental que se estabeleça uma comunicação efetiva, ou seja, que a sexualidade possa ser um assunto possível de ser conversado entre o casal”, sugere.

 

Alimentação 

A nutricionista Lígia Vieria, do Vera Cruz Oncologia, destaca a importância de uma alimentação balanceada. “A alimentação deve ser adequada em macro e micronutrientes, ajustada às características pessoais do paciente, tais como peso, altura, idade, estádio da doença e prognóstico de tratamento. A dieta adequada pode contribuir muito para a qualidade de vida do paciente em tratamento oncológico”. 

Quando falamos de recuperação, na nutrição, pensamos em estado nutricional. Para cada estado nutricional, haverá uma conduta e prescrição indicadas. Na maioria das vezes, essa recuperação física se dá mediante alimentação balanceada e personalizada, podendo ou não contar com o auxílio de suplementos. 

A nutricionista destaca que a dieta adequada pode auxiliar na regulação do peso, na manutenção da musculatura, na imunidade e especialmente na redução dos efeitos colaterais provocados pelo tratamento. “Hoje em dia, já há suplementos hipercalóricos, hiperproteicos, imunomoduladores ou especializados para efeitos colaterais, como, por exemplo, mucosite (inflamação interna da boca e da garganta), que são prescritos rotineiramente para auxiliar na recuperação do paciente em toda a jornada do tratamento oncológico”. 

A nutricionista explica que o paciente em tratamento oncológico, com câncer de mama, não tem restrições alimentares, sendo ideal uma dieta baseada em comida saudável, evitando-se embutidos e fast-food. “Os alimentos crus preparados fora de casa também devem ser evitados, pois o ideal é que haja a higienização correta e completa, com hipoclorito de sódio ou desinfetante próprio para verduras”, diz. 

“O importante é que a refeição tenha uma fonte proteica para minimizar ou prevenir riscos de perda de massa magra, ou seja, perda de musculatura. E, dessa forma, evitar danos para as atividades de vida diária, o que automaticamente leva a uma redução na qualidade de vida durante a jornada do paciente”, salienta. 

O alerta da nutricionista vai para alguns chás e temperos, como a cúrcuma e aloe vera, estes dois últimos liberados para uso estético. Segundo ela, podem desencadear interação droga-nutriente em conjunto com a quimioterapia e os medicamentos, por isso, o indicado é não ingeri-los.

 

Família 

A psicóloga explica que vivenciar todas as mudanças e sentimentos envolvidos no processo de descoberta e tratamento do câncer de mama não é tarefa fácil, portanto, é fundamental contar com uma rede de apoio. “O suporte da família e dos amigos é base essencial para o tratamento. É muito importante contar com pessoas que possam ajudar de forma concreta, como com acompanhamento em consultas médicas, para ajudar na assimilação das informações recebidas, auxiliar em atividades rotineiras e poder contar com o amparo e carinho de pessoas queridas, pois isso tornará tudo mais leve e menos doloroso”.  

As pessoas próximas ao paciente compartilham sentimentos parecidos, como medo, insegurança e sofrimento, por isso, é sempre importante lembrar que quem cuida também deve ser cuidado. 

Além de poder contar com a rede de apoio, o paciente e sua família são também cercados pelo cuidado de uma equipe multiprofissional, que auxilia durante todo o processo de tratamento, trazendo informações importantes de cada área e, assim, oferecendo este cuidado de forma integral, o que deixa o paciente mais seguro e confiante para enfrentar o novo momento em que se encontra. 

“O cuidado com a saúde mental é parte importante deste processo, e contar com ajuda especializada pode auxiliar na adaptação a esse novo contexto, explorando sentimentos na busca pela construção de recursos para melhor enfrentamento frente às demandas emocionais suscitadas”, sugere a psicóloga. 

É importante manter um cuidado integral à saúde com uma rotina de exercícios físicos e de cuidados com alimentação, sempre com auxílio de profissionais especializados. Descobrir hobbies e atividades que tragam sensação de bem-estar, como dançar, encontrar amigos e ler livros, também pode servir de combustível para manter um bom enfrentamento. “É importante lembrar que não existe maneira correta de reagir diante das situações novas que acontecem na nossa vida. Somos diferentes, e cada um tem uma maneira própria de lidar com a situação. Respeite-se sempre”, conclui.

 

Vera Cruz Oncologia

 

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