Especialista do
CEJAM explica benefícios e dá dicas essenciais para uma realização segura
Atire a primeira pedra quem nunca tentou seguir
alguma dieta para emagrecer. O hábito, comum entre as pessoas que buscam perder
peso, pode, de fato, auxiliar nesse processo. Dessa forma, uma estratégia que
vem ganhando crescente popularidade é o jejum intermitente. Famosos como Dua
Lipa, Jade Picon e Deborah Secco são alguns nomes que aderiram à prática, que
vem caindo no gosto dos brasileiros.
Nesse tipo de jejum, a pessoa geralmente programa suas refeições após
longos períodos. Os intervalos podem variar de seis horas ou mais, durante os
quais não se ingerem alimentos, ou apenas se consomem líquidos não calóricos,
como água, chás e café sem açúcar. Existem diferentes tipos de jejum intermitentes,
e a escolha deve considerar a rotina individual de cada pessoa, para, assim,
determinar o método mais adequado e benéfico à saúde.
"A adoção desse estilo de dieta pode trazer efeitos positivos para a saúde
cardiovascular. Isso inclui a redução de gordura corporal e melhorias nos
níveis lipídicos, como colesterol total, LDL, HDL e triglicerídeos. Além disso,
essa abordagem tem o potencial de diminuir a presença de citocinas
inflamatórias, reduzir a resistência à insulina e a produção de radicais livres,
contribuindo para a longevidade. Ainda pode influenciar a regulação do apetite,
uma vez que promove mudanças hormonais e cerebrais”, afirma Francyne Silva
Fernandez, nutricionista da UBS Jardim Caiçara, gerenciada pelo CEJAM - Centro
de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal
da Saúde de São Paulo.
Apesar das vantagens, essa prática ainda divide opiniões, já que, embora
beneficie a saúde e a perda de peso, também pode resultar em diferentes efeitos
colaterais. Por essa razão, a nutricionista enfatiza que o jejum intermitente
não é indicado para todos.
"Atletas submetidos ao jejum intermitente podem experimentar queda de
desempenho e menor tolerância à fadiga. Pessoas em gestação, lactantes, com
distúrbios tireoidianos, doenças crônicas, atletas de resistência, crianças e
adolescentes não devem adotar esse tipo de dieta", adverte a profissional.
Entre os sintomas mais relatados estão tonturas, dores de cabeça recorrentes,
náuseas, distúrbios temporários do sono, aumento dos níveis de cortisol,
dificuldade de concentração, fraqueza, desnutrição, desidratação e
hipoglicemia.
"Isso ocorre porque existe uma abordagem correta para implementar essa
estratégia nutricional. Por isso, ela nunca deve ser adotada sem a devida orientação
e avaliação prévia de um nutricionista, já que nem todas as pessoas são capazes
de seguir os protocolos com sucesso", acrescenta Francyne.
Mas, quando realizado adequadamente, o jejum intermitente também pode
contribuir para o controle do diabetes tipo 2, caracterizado por resistência à
insulina. Um recente estudo conduzido por cientistas chineses e publicado no Journal of
Clinical Endocrinology & Metabolism, da Universidade de Oxford,
no Reino Unido, comprova a hipótese.
O experimento envolveu 36 pacientes com a doença, que aderiram ao jejum
intermitente por três meses. A pesquisa revelou que aproximadamente 90% dos
participantes, incluindo aqueles que estavam fazendo uso de agentes redutores
de açúcar e insulina, conseguiram reduzir a necessidade de medicamentos para
diabetes após adotarem o jejum. Além disso, em torno de 50% dos participantes
apresentaram remissão da doença e conseguiram interromper o uso da medicação.
"Esses resultados podem estar relacionados à redução do índice de massa
corporal e ao efeito de hipoglicemia, uma vez que o corpo não produz insulina
durante o jejum, devido à ausência de glicose para metabolizar. Contudo, é
crucial destacar que a prática pode contribuir para a evolução de um quadro
pré-diabetes em algumas pessoas, com ocorrência de picos de insulina. Portanto,
a supervisão profissional é fundamental em todo o processo", ressalta a
nutricionista.
A maneira correta de fazer um jejum intermitente
Para realizar uma dieta eficaz e segura, a
nutricionista do CEJAM sugere algumas dicas e cuidados. Confira abaixo:
- Ajuda
médica:
Antes de tudo, é fundamental buscar o acompanhamento de um nutricionista e
um endocrinologista. É possível acessar esses atendimentos de forma
gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS);
- Assertividade: Decida, juntamente com o
profissional, qual a melhor estratégia a ser seguida para o seu perfil;
- Comece
aos poucos: Se
você nunca praticou o jejum intermitente, é recomendado começar com
períodos mais curtos e, aos poucos, aumentar a duração;
- Primeira
refeição do dia: Normalmente, essa refeição deve ter baixo índice glicêmico e ser
acompanhada de fibra e proteína. Alguns exemplos: aveia com frutas e
nozes, omelete com vegetais, iogurte com chia e frutas.
- Última
refeição:
Ela também deve ter baixo índice glicêmico, para não aumentar tanto a fome
durante o período de jejum. Alguns exemplos: peito de frango grelhado com
vegetais, salada de folhas verdes com atum e quinoa com legumes.
- Hidrate-se: Durante as horas de jejum,
mantenha o consumo de água, chás e café sem açúcar;
- Não
exagere: Na
hora de comer, o ideal é não ingerir alimentos tão gordurosos ou exceder
na quantidade;
- Preste
atenção aos sinais: Caso experimente efeitos colaterais ou
sintomas desagradáveis, é recomendado interromper a prática imediatamente.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
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