sexta-feira, 28 de julho de 2023

Os efeitos do diabetes sobre o sistema cardiovascular

Entenda o porquê a doença pode aumentar em até 50% o risco de infarto

 

Controlar rigorosamente a dieta, monitorar os níveis glicêmicos e ficar alerta a qualquer sinal de desconforto é o que as pessoas diabéticas acabam fazendo na sua rotina de acompanhamento da doença. No Brasil, essas pessoas já somam cerca de 6,9% da população, o que representa em torno de 13 milhões de brasileiros, segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Mas, qual a relação do diabetes com a saúde do sistema cardiovascular?

Segundo o cirurgião cardiovascular e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, Dr. Elcio Pires Junior, a relação é direta e preocupante, já que a SBD aponta que as chances de uma pessoa diabética sofrer um infarto chegam a 40% a mais para homens e 50% a mais para mulheres.

“Para entender por que o diabetes influencia o sistema cardiovascular é preciso pensar no sangue. Quando alguém é diabético significa que o pâncreas não consegue produzir em quantidade suficiente o hormônio capaz de controlar os níveis de glicose no sangue: a insulina. Assim, a glicose permanece alta e isso descompensa a saúde do sangue, tornando o colesterol mais prejudicial e favorecendo a produção de coágulos, o que pode obstruir artérias e causar infartos e acidentes vasculares graves”. 

Quando nem sempre o diabético consegue manter regularmente os níveis de glicose sob controle, uma artéria pode sofrer uma obstrução. Quando isso acontece, o coração entra em sofrimento porque falta oxigênio. Assim, parte do tecido sadio pode morrer e deixar no lugar uma cicatriz. As consequências desse sofrimento vão depender do tamanho da área afetada, podendo gerar uma insuficiência cardíaca crônica ou até mesmo ser fatal.

“O paciente diabético pode se prevenir do risco de infartos e acidentes vasculares mantendo um programa de prevenção. Muitas pessoas não tratam o suficiente da doença, porque não sentem sintomas que as obriguem a ficarem em alerta. Isso é um erro. Seguir as orientações médicas à risca pode salvar a vida do paciente. E isso inclui uma alimentação saudável, praticar atividade física regular, eliminar o hábito de fumar e claro, fazer exames periódicos e usar medicações preventivas prescritas”, explicou o cirurgião cardiovascular.

Ainda segundo o especialista, outra orientação para manter a saúde cardiovascular quando relacionada ao diabetes são os fatores de risco, que devem ser levados em consideração para a prevenção e controle. São eles: herança genética, pressão alta, colesterol alto, Síndrome de Ovários Policísticos, apneia do sono, doenças renais crônicas, sobrepeso e diagnóstico de pré-diabetes.

Em todos os casos, os sinais de alerta para o infarto em pessoas diabéticas podem envolver sintomas atípicos que merecem atenção. Geralmente, quando procuram ajuda médica, esses pacientes relatam confusão mental, falta de ar, náuseas, fadiga, sudorese excessiva e até síncope. Por não apresentarem, os sintomas clássicos, como dor do peito e no braço, acabam demorando para buscar atendimento médico de urgência, mas a recomendação é entrar em contato com o médico a qualquer sinal de desconforto.

 

Dr. Elcio Pires Junior - coordenador da cirurgia cardiovascular do Hospital e Maternidade Sino Brasileiro - Rede D'or - Osasco, e coordenador da cirurgia cardiovascular do Hospital Bom Clima de Guarulhos. É membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular e membro internacional da The Society of Thoracic Surgeons dos EUA. Especialista em Cirurgia Endovascular e Angiorradiologia pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. E atualmente é cirurgião cardiovascular pela equipe do Dr. André Franchini no Hospital Madre Theodora de Campinas. Instagram: @drelciopiresjr


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