quinta-feira, 29 de junho de 2023

Doença de pele comum ainda é desconhecida da maior parte dos brasileiros

Dermatite atópica aflige milhares de brasileiros, mas ainda é pouco tratada. Medidas preventivas e de controle dos sintomas são alternativas para lidar com a doença

 

Lesões de pele que coçam e apresentam crostas avermelhadas, com descamação frequente. Essa é a descrição básica dos sintomas da dermatite atópica, uma doença dermatológica crônica e hereditária que afeta de 2% a 5% dos adultos brasileiros, e aproximadamente 20% das crianças. Apesar de comum, poucas pessoas conhecem a fundo as características e consequências do problema: pesquisa recente feita pelo Instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC) a pedido de uma empresa farmacêutica, apontou que 60% das pessoas têm pouco ou nenhum conhecimento sobre a doença no Brasil. O desconhecimento é tamanho que a Sociedade Brasileira de Dermatologia criou uma data específica de conscientização sobre o tema, dia 23 de setembro.

A dermatologista credenciada da Paraná Clínicas, Dra. Bruna Cabral (CRM 39.355, RQE 29.891) explica que a dermatite atópica é crônica e ocorre de maneira mais comum na infância nas dobras dos braços e da parte de trás dos joelhos, geralmente acompanhada de coceira. “Trata-se de um problema dermatológico complexo que envolve defeitos da barreira da pele, disfunção do sistema imunológico e alterações dos microrganismos presentes na pele. Fatores genéticos, ambientais e psicológicos estão envolvidos para seu surgimento, por isso um único tratamento dificilmente é capaz de controlar a doença por completo”, afirma Bruna.

Embora seja um problema dermatológico relativamente comum, não há exames específicos que diagnosticam a dermatite atópica. A confirmação clínica é feita pelo médico através da análise da pele com lesões típicas da doença, histórico médico e familiar do paciente. Ela pode variar de casos muito leves em que cuidados com a hidratação são suficientes para controle das lesões, até situações graves que necessitam de internação e uso de medicações sistêmicas.

Apesar de crônica, há formas de atenuar as chances de manifestação da doença ou de minimizar seus efeitos: o tratamento básico inclui medidas para evitar o ressecamento da pele e medicações para controle da inflamação. A primeira linha de tratamento/prevenção é feita a partir de uma boa hidratação cutânea, sobretudo nas regiões mais vulneráveis, e é recomendada para todas as formas de dermatite atópica. Em casos leves/moderados, o uso de anti-inflamatórios geralmente é suficiente para controlar os sintomas. “Em situações mais graves ou onde há resistência à medicação, dermatologistas fazem uso de imunossupressores sistêmicos. Nos últimos anos, novos agentes imunobiológicos e de terapia alvo foram aprovados para tratamento de casos deste nível de gravidade, e tem apresentando respostas muito positivas. Ainda assim, infelizmente, não há cura para a doença até o momento”, afirma a dermatologista.


Causas e prevenção

A dermatite atópica está presente em pacientes com história pessoal ou familiar de doenças atópicas, como asma, rinite ou a própria dermatite. Alergias alimentares também podem estar associadas ao problema, mas não como causa: elas não são responsáveis pelo aparecimento dos sintomas embora aproximadamente 1/3 das crianças com a doença dermatológica apresentem alergia alimentar associada.

Em casos onde já existe a predisposição ou histórico familiar destes problemas, é importante que o indivíduo adote uma série de cuidados preventivos: “É necessário evitar fatores agravantes, e fazer o tratamento medicamentoso de acordo com a gravidade de cada paciente para evitar novas crises. Além disso, o uso de hidratantes é parte fundamental de uma estratégia de controle da doença, e acredita-se que tenha ação preventiva de surtos agudos”, afirma a dermatologista.

O uso de hidratantes e higienizadores não agressivos é apontado como uma das formas mais simples e eficientes de tratar a doença, principalmente em casos leves ou moderados. Eles promovem a manutenção e recuperação da barreira cutânea danificada, minimizando a penetração de alérgenos e toxinas que conduzem à inflamação. “A hidratação da pele melhora o ressecamento e reduz a coceira. Já a higienização da pele elimina as crostas e reduz a colonização bacteriana. Recomendamos o uso de substâncias com PH fisiológico, e banhos que durem, no máximo, até cinco minutos”, completa Cabral.

 

Dicas da especialista – Dermatite atópica:

-O uso de hidratantes, sobretudo por pessoas com histórico familiar da doença, é uma medida fundamental tanto para atenuar os sintomas durante crises, quanto para preveni-las.

- As roupas usadas por pacientes durante período de irritação cutânea devem ser leves e macias, preferencialmente de algodão, por proporcionarem menor atrito com a pele. Tecidos ásperos, lã e materiais sintéticos devem ser evitados.

- Usar sempre detergentes ou sabões líquidos com pH neutro para lavar roupas e, em caso de itens de vestuário recém comprados, é importante lavá-los antes do uso a fim de reduzir a concentração de substâncias potencialmente irritantes.

-O controle adequado da temperatura interna do ambiente é importante para minimizar sudorese e coceira durante os períodos de crise.

-Cobrir travesseiros e colchões com capas para minimizar os ácaros da poeira doméstica.

-Evitar o uso de produtos cosméticos com fragrância e preferir sempre sabonetes líquidos suaves e com pH ácido ou neutro.

-Mesmo em casos leves, é importante que o paciente procure um dermatologista para diagnosticar a doença e tratá-la de forma adequada a fim de evitar crises mais graves.


Paraná Clínicas
panaclinicas.com.br

 

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