Dermatite atópica aflige milhares de brasileiros, mas ainda é pouco tratada. Medidas preventivas e de controle dos sintomas são alternativas para lidar com a doença
Lesões de pele que coçam e apresentam crostas
avermelhadas, com descamação frequente. Essa é a descrição básica dos sintomas
da dermatite atópica, uma doença dermatológica crônica e hereditária que afeta
de 2% a 5% dos adultos brasileiros, e aproximadamente 20% das crianças. Apesar
de comum, poucas pessoas conhecem a fundo as características e consequências do
problema: pesquisa recente feita pelo Instituto Inteligência em Pesquisa e
Consultoria (IPEC) a pedido de uma empresa farmacêutica, apontou que 60% das pessoas
têm pouco ou nenhum conhecimento sobre a doença no Brasil. O desconhecimento é
tamanho que a Sociedade Brasileira de Dermatologia criou uma data específica de
conscientização sobre o tema, dia 23 de setembro.
A dermatologista credenciada da Paraná Clínicas,
Dra. Bruna Cabral (CRM 39.355, RQE 29.891) explica que a dermatite atópica é
crônica e ocorre de maneira mais comum na infância nas dobras dos braços e da
parte de trás dos joelhos, geralmente acompanhada de coceira. “Trata-se de um
problema dermatológico complexo que envolve defeitos da barreira da pele,
disfunção do sistema imunológico e alterações dos microrganismos presentes na
pele. Fatores genéticos, ambientais e psicológicos estão envolvidos para seu
surgimento, por isso um único tratamento dificilmente é capaz de controlar a
doença por completo”, afirma Bruna.
Embora seja um problema dermatológico relativamente
comum, não há exames específicos que diagnosticam a dermatite atópica. A
confirmação clínica é feita pelo médico através da análise da pele com lesões
típicas da doença, histórico médico e familiar do paciente. Ela pode variar de
casos muito leves em que cuidados com a hidratação são suficientes para
controle das lesões, até situações graves que necessitam de internação e uso de
medicações sistêmicas.
Apesar de crônica, há formas de atenuar as chances
de manifestação da doença ou de minimizar seus efeitos: o tratamento básico
inclui medidas para evitar o ressecamento da pele e medicações para controle da
inflamação. A primeira linha de tratamento/prevenção é feita a partir de uma
boa hidratação cutânea, sobretudo nas regiões mais vulneráveis, e é recomendada
para todas as formas de dermatite atópica. Em casos leves/moderados, o uso de
anti-inflamatórios geralmente é suficiente para controlar os sintomas. “Em
situações mais graves ou onde há resistência à medicação, dermatologistas fazem
uso de imunossupressores sistêmicos. Nos últimos anos, novos agentes
imunobiológicos e de terapia alvo foram aprovados para tratamento de casos
deste nível de gravidade, e tem apresentando respostas muito positivas. Ainda
assim, infelizmente, não há cura para a doença até o momento”, afirma a
dermatologista.
Causas e prevenção
A dermatite atópica está presente em pacientes com
história pessoal ou familiar de doenças atópicas, como asma, rinite ou a
própria dermatite. Alergias alimentares também podem estar associadas ao
problema, mas não como causa: elas não são responsáveis pelo aparecimento dos
sintomas embora aproximadamente 1/3 das crianças com a doença dermatológica
apresentem alergia alimentar associada.
Em casos onde já existe a predisposição ou
histórico familiar destes problemas, é importante que o indivíduo adote uma
série de cuidados preventivos: “É necessário evitar fatores agravantes, e fazer
o tratamento medicamentoso de acordo com a gravidade de cada paciente para
evitar novas crises. Além disso, o uso de hidratantes é parte fundamental de
uma estratégia de controle da doença, e acredita-se que tenha ação preventiva
de surtos agudos”, afirma a dermatologista.
O uso de hidratantes e higienizadores não
agressivos é apontado como uma das formas mais simples e eficientes de tratar a
doença, principalmente em casos leves ou moderados. Eles promovem a manutenção
e recuperação da barreira cutânea danificada, minimizando a penetração de
alérgenos e toxinas que conduzem à inflamação. “A hidratação da pele melhora o
ressecamento e reduz a coceira. Já a higienização da pele elimina as crostas e
reduz a colonização bacteriana. Recomendamos o uso de substâncias com PH
fisiológico, e banhos que durem, no máximo, até cinco minutos”, completa
Cabral.
Dicas da
especialista – Dermatite atópica:
-O uso de hidratantes, sobretudo por pessoas com
histórico familiar da doença, é uma medida fundamental tanto para atenuar os
sintomas durante crises, quanto para preveni-las.
- As roupas usadas por pacientes durante período de
irritação cutânea devem ser leves e macias, preferencialmente de algodão, por
proporcionarem menor atrito com a pele. Tecidos ásperos, lã e materiais sintéticos
devem ser evitados.
- Usar sempre detergentes ou sabões líquidos com pH
neutro para lavar roupas e, em caso de itens de vestuário recém comprados, é
importante lavá-los antes do uso a fim de reduzir a concentração de substâncias
potencialmente irritantes.
-O controle adequado da temperatura interna do
ambiente é importante para minimizar sudorese e coceira durante os períodos de
crise.
-Cobrir travesseiros e colchões com capas para
minimizar os ácaros da poeira doméstica.
-Evitar o uso de produtos cosméticos com fragrância
e preferir sempre sabonetes líquidos suaves e com pH ácido ou neutro.
-Mesmo em casos leves, é importante que o paciente procure um dermatologista para diagnosticar a doença e tratá-la de forma adequada a fim de evitar crises mais graves.
Paraná Clínicas
panaclinicas.com.br
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