quarta-feira, 7 de junho de 2023

Câncer de pulmão em não fumantes: saiba os fatores de risco

Apesar de, na maioria dos casos, a doença estar relacionada ao tabagismo, há outras atividades que podem aumentar o desenvolvimento de câncer de pulmão

 

O principal fator para surgimento de câncer de pulmão é o tabagismo, sendo responsável por 85% dos casos. Contudo, apesar de os fumantes terem cerca de 20 vezes mais risco de desenvolver a doença, o câncer de pulmão também atinge não fumantes. Segundo o oncologista torácico Carlos Gil Ferreira, além do fumo, há outros fatores de risco importantes que influenciam o surgimento da doença em não fumantes e que devem ser evitados, sempre que possível. 

 

“O fumo passivo, a poluição, inalação de gases tóxicos e contatos com elementos radioativos e metais pesados são alguns fatores que podem influenciar no desenvolvimento de células cancerígenas no pulmão”, explica Carlos Gil, presidente do Instituto Oncoclínicas. 

   

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) ainda acrescenta que infecções pulmonares frequentes e doenças como enfisema e bronquite crônica, fatores genéticos e histórico familiar de câncer no pulmão, assim como idade avançada, são pontos importantes que podem favorecer o surgimento da doença. 

 

Segundo informações do Ministério da Saúde, há profissões que podem aumentar o risco de câncer de pulmão, devido às exposições ocupacionais. Entre elas estão as atividades de pavimentação, fabricação de borracha, pinturas e varreduras de chaminé. As profissões “bombeiro hidráulico, encanador, eletricista, mecânico de automóvel, mineiro, pintor, soldador, trabalho com isolamento, trabalho em navios e docas, trabalho na conservação do couro, soprador de vidro, limpeza e manutenção e mecânico também estão na lista de fatores de risco para câncer de pulmão.

 

Assim como atividades de trabalhadores rurais que fazem uso de agrotóxicos, profissinais da construção, cortume, fundição de metais (cobre, ferro e aço), colaboradores de indústrias (alumínio, borracha, cimento e gesso, gráfica e de papel, têxtil, metalúrgica, de metal pesado, indústria nuclear, de eletroeletrônicos, de aeronaves e de aparelhos médicos, de vidro), produtores de fertilizantes, coque e negro de fumo, mineração, fábrica de baterias, produção de pigmentos também estão mais suscetíveis à doença no pulmão, segundo o relatório do INCA de diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho.

No caso desses profissionais, a orientação é sempre utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e redobrar a atenção à saúde e consultas médicas caso o trabalhador seja fumante ou ex-fumante . “Os EPIs devem ser usados sempre, pois colaboram para distanciar o profissional de agentes tóxicos, dificultando assim a inalação e contato com substâncias nocivas ao pulmão“, enfatiza o oncologista. 


 

Sintomas e tratamentos de câncer de pulmão


De acordo com Carlos Gil Ferreira, em muitos casos o câncer de pulmão é silencioso e a maior parte dos sintomas surge somente em fases mais avançadas da doença. Por isso, é preciso atenção e consultas médicas regulares em caso de exposição a fatores de risco. “O câncer de pulmão apresenta os mesmos sintomas, seja em pacientes fumantes ou não fumantes. Tosse persistente por mais de 1 mês, seguida de sangue ou piora progressiva, dor torácica que não relacionada à traumas, dificuldade para respirar e perda de peso inexplicada são alguns dos mais comuns”, explica o médico presidente do Instituto Oncoclínicas, reforçando que quanto mais rápido for feito o diagnóstico, maiores serão as chances de obter tratamentos mais eficazes e de cura.

 

O tratamento do câncer de pulmão é multidisciplinar e pode variar de acordo com a fase da doença, localização do tumor e saúde do paciente. Entre as ações, o especialista pode recomendar cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e terapia-alvo. “É importante destacar que o Brasil tem avançado muito, tanto nas ações de controle ao tabagismo, importante para fumantes e não fumantes, quanto no desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e menos agressivos À saúde do paciente”, finaliza Carlos Gil. 

 

 Dr. Carlos Gil Ferreira - graduação em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1992) e doutorado em Oncologia Experimental - Free University of Amsterdam (2001). Foi pesquisador Sênior da Coordenação de Pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) entre 2002 e 2015, onde exerceu as seguintes atividades: Chefe da Divisão de Pesquisa Clínica, Chefe do Programa Científico de Pesquisa Clínica, Idealizador e Pesquisador Principal do Banco Nacional de Tumores e DNA (BNT), Coordenador da Rede Nacional de Desenvolvimento de Fármacos Anticâncer (REDEFAC/SCTIE/MS) e Coordenador da Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Câncer (RNPCC/SCTIE/MS). Desde 2018 é Presidente do Instituto Oncoclínicas e Diretor Científico do Grupo Oncoclínicas. No âmbito nacional e internacional foi Membro Titular da Comissão Científica (CCVISA) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). No âmbito internacional é membro do Board, Career Development and Fellowship Committee e do Bylaws Committee da International Association for the Research and Treatment of Lung Cancer (IALSC);Diretor no Brasil da International Network for Cancer Treatment and Research (INCTR); Membro do Board da Americas Health Foundation (AHF). Editor do Livro Oncologia Molecular (ganhador do Prêmio Jabuti em 2005) e Editor Geral da Série Câncer da Editora Atheneu. Já publicou mais de 120 artigos em revistas internacionais. Em 2020, recebeu o Partners in Progress Award da American Society of Clinical Oncology. Presidente Eleito da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica para o período 2023-2025


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