Esta semana, oftalmologista alerta sobre os riscos em palestra no maior congresso da América Latina sobre catarata e refrativa.
O maior congresso catarata e cirurgia refrativa da América Latina, BRASCRS 2023, promovido pela ABCCR (Associação Brasileira de Cirurgia de Catarata e Refrativa) acontece em São Paulo no Transamérica Expo Center, de 24 a 29 de maio, com a participação de mais de 500 palestrantes nacionais e internacionais que apresentam as principais atualizações nestas subespecialidades.
Na quarta (24), das 15 às 17 horas, o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier de Campinas, apresenta palestra no bloco 4 sobre os riscos do olho seco e do glaucoma para a restauração da visão na cirurgia de catarata.
Queiroz Neto ressalta que a
catarata é uma doença multifatorial que torna opaco nosso cristalino, lente
interna do olho. A principal causa da doença, observa é o envelhecimento que
avança no Brasil, a uma velocidade 4,5 vezes maior que o crescimento da
população. A estimativa populacional do IBEG (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística) é de que entre 2019 e 2022 o
número de brasileiros com 50 anos ou mais, faixa etária em que a catarata surge
no País, teve um aumento de 9%. Passou de 51,2 milhões para 56,1 milhões. Já o
crescimento populacional em todas as idades no mesmo período foi de 2% - 210,6
milhões para 214,7 milhões. O
oftalmologista afirma que hoje a cirurgia é bastante segura porque conta com um
sistema de portabilidade que descarrega ao centro cirúrgico todas as
informações sobre nosso olho coletadas antes da cirurgia. Isso evita falhas e
explica porque a maioria das pessoas retomam as atividades no dia seguinte.
Apesar disso chama a atenção para o controle do olho seco. Sem isso você pode
viver no embaço o restante de seus dias.
Envelhecimento e olho seco
“A catarata causada pelo
envelhecimento pode chegar junto com o olho seco. E acredite não é um mal
menor. Diversas alterações no metabolismo e nas estruturas oculares podem levar
à diminuição da produção de lágrima e à piora da qualidade do filme lacrimal
que é a principal interface de nossa refração e por isso é tão essencial
enxergamos”, pontua. Em mulheres os hormônios sempre permeiam o olho seco. Mas, quando
entram na menopausa a diminuição dos estrogênios que reduz a
lubrificação de todas as mucosas, também atinge os olhos”, salienta. Alguns
medicamentos como ansiolíticos e anti-histamínicos, o mal funcionamento das
glândulas de meibômio que produzem a camada lipídica da lágrima também são
causas importantes da instabilidade do filme lacrimal. O tratamento, afirma,
varia de acordo com a avaliação de cada paciente. Pode incluir desde uso de
lágrima artificial, desobstrução das glândulas de meibômio com luz pulsada e
até implante de um plugue no canal lacrimal. “Eliminar o olho seco é
determinante para o sucesso da cirurgia de catarata porque a estabilidade do
filme lacrimal garante o cálculo correto da lente intraocular a ser implantada”
explica.
Olho seco decorrente da cirurgia de catarata
Queiroz Neto ressalta que as
principais causas do olho seco decorrente da cirurgia de catarata são:
1. Dano na incisão da córnea que leva à instabilidade do filme lacrimal.
2. Reação ao uso dos colírios antibiótico e esteroide indicados no pós
cirúrgico para ajudar na recuperação do olho e prevenir infecção.
3. Diminuição da produção de mucina que ajuda hidratar o olho.
4. Menor produção do filme lacrimal causada pela inflação ocular após à
exposição à luz dos microscópios durante a cirurgia.
5. Alternância frequente de ressecamento e irrigação da córnea durante a
cirurgia.
6. A técnica cirúrgica também pode induzir ao olho seco. No Brasil a
facoemulsificação é a mais usada e induz menos ao olho seco.
7. As lentes multifocais podem induzir mais ao olho seco pela exigência
refrativa.
Por isso, o resultado da
cirurgia é definido pela experiência do cirurgião e lente implantada, salienta.
Sintomas, diagnóstico e tratamento
O oftalmologista alerta que
quem passa pela cirurgia e sente ardência, visão embaçada, flutuante ou
lacrimejamento frequente deve consultar o oftalmologista. O diagnóstico do olho
seco pós cirúrgico é feito com um equipamento que permite a visualização das
camadas da lágrima e em qual delas está ocorrendo o desequilíbrio para
estabelecer o tratamento mais adequado. O especialista
afirma que quem tem boa lubrificação nos olhos em uma semana já não sente os
sintomas do olho seco. Em muitos casos
o desconforto só desaparece entre 1 e 3 meses.
O risco do
colírio para glaucoma
No Brasil a maioria dos casos
de glaucoma são do tipo primário de ângulo aberto, caracterizado pelo aumento
da pressão intraocular que têm como tratamento o uso contínuo de colírio para
baixar a pressão interna do olho. Segundo Queiroz Neto o uso de colírios
antiglaucomatosos podem ocasionar doenças na superfície dos olhos devido,
principalmente, ao conservante.
“O conservante provoca um
processo inflamatório da superfície ocular e o desequilíbrio na produção do
filme lacrimal” afirma. Resultado: Cria um ciclo que se retroalimenta e
potencializa o efeito do olho seco. Por isso, causa alterações biométricas que
induzem a complicações após a cirurgia de catarata.
Segundo o especialista,
diversos estudos indicam que os pacientes com glaucoma têm alta concentração na
superfície do olho de metaloproteinases (MMPs), enzimas responsáveis pelo
remodelamento tecidual e cicatrização de feridas.
Entre estas enzimas, Queiroz
Neto destaca a MMP9 que desorganiza e afina a camada mais espessa da córnea, o
estroma, que corresponde a 90% da espessura total. “O uso crônico de colírios
com conservante para o tratamento do glaucoma antes da cirurgia de catarata
pode aumentar a atividade da MMP-9 na córnea, Por isso, potencializa o risco de
olho seco pós-cirúrgico, edema macular, inflamação intraocular, entre outras
complicações.
Para evitar estes riscos que
podem induzir à perda da visão consulte seu oftalmologista sobre outros
tratamentos como colírio sem conservante para o glaucoma luz pulsada e
suplementação com ômega 3 para olho seco.
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