terça-feira, 23 de maio de 2023

IMUNIZAÇÃO MATERNA

Você sabia que é possível proteger seu filho ainda na barriga contra diversas doenças? 1

Especialista explica sobre a importância da imunização na gestação e quais são as principais vacinas recomendadas

 

Com a imunização durante a gravidez, as mães podem proteger seus bebês, ainda na barriga, contra diversas doenças infecciosas como a coqueluche, o tétano e a hepatite B. Outras vacinas são especialmente recomendadas nas gestantes para prevenir doenças que podem impactar mais severamente na saúde da grávida como são as vacinas para a gripe e a COVID-19. Os imunizantes estão disponíveis gratuitamente nos postos de saúde de todo o país, além das unidades privadas de vacinação. 1-4,6 

Segundo Dra. Lessandra Michelin (CRM 23494-RS), infectologista e gerente médica de vacinas da GSK, a imunização materna é um recurso importantíssimo para iniciar a proteção do filho ainda no útero. 1,3 “As vacinas recomendadas para as gestantes são seguras e visam exatamente a proteção das mães e bebês. Estes imunizantes são todos inativados, ou seja, são compostos por vírus ou bactérias mortos. Dessa forma, não apresentam riscos de causar infecção na gestante e no bebê. Com a vacinação, o corpo da mãe é estimulado a produzir anticorpos que são transferidos para o bebê através da placenta. Esses anticorpos que passam para o bebê, ainda em desenvolvimento, são fundamentais nos primeiros meses de vida, especialmente enquanto ele não tem ainda idade suficente para receber as doses de rotina”, destaca. 

No Brasil, o calendário habitual da gestante conta com quatro vacinas: a dTpa, que protege contra difteria, tétano e coqueluche; a dT que imuniza contra difteria e tétano; a vacina hepatite B; e a influenza (contra gripe). 2,4,6 Além dessas, atualmente a vacinação contra a COVID-19 também está recomendada. 6,13 Todas são oferecidas gratuitamente nos postos de saúde, pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde. 2,4

 

Gravidez planejada com as vacinas em dia

Além da vacinação durante a gravidez, as mulheres que planejam engravidar também devem se atentar para a atualização da caderneta vacinal, garantindo a imunidade contra doenças que são preveníveis através da vacinação, mas que são contraindicadas durante a gestação. 1,4,5,6,12 

Dra. Lessandra explica um pouco mais: “Vacinas contra catapora, sarampo, caxumba, rubéola e HPV, por exemplo, são geralmente contraindicadas às gestantes e, por isso, devem ser administradas antes da gravidez e/ou no puerpério, mesmo que a mãe esteja amamentando. Após o nascimento do bebê, a vacinação materna é fundamental para quem não se imunizou antes, tanto para a proteção individual da mãe quanto para evitar a transmissão de doenças dela para o bebê. Já o bebê deve seguir o calendário de vacinação de crianças para gerar a sua própria proteção”.

 

Engravidei de novo, e agora?!

Segundo a infectologista, a quantidade de anticorpos que você tem no corpo depois de ser vacinado diminui com o tempo, por isso algumas vacinas devem ser repetidas a cada nova gestação, para proteger aquele novo bebê que está sendo gerado. 3 

“Quando você recebe uma vacina durante uma gravidez, seus níveis de anticorpos podem não permanecer altos o bastante para fornecer proteção suficiente para futuras gestações, mesmo que seus bebês tenham idades próximas. Mas não é necessário realizar todas as vacinas de novo. As vacinas necessárias a cada gestação são dTpa, contra difteria, tétano e coqueluche, e da gripe. Uma dose da vacina dTpa é recomendada a partir da 20ª semana, já a vacina contra a gripe deve ser tomada anualmente”, esclarece Dra. Lessandra.

 

A importância da imunização contra a coqueluche

A coqueluche é uma doença altamente contagiosa, que afeta principalmente crianças menores de um ano, podendo ser fatal. 7,8 Ela é transmitida por gotículas contaminadas pela bactéria Bordetella pertussis ao tossir, espirrar ou até mesmo falar. Em adultos costuma manifestar sintomas como mal-estar geral, secreção nasal, tosse seca e febre baixa, podendo ser confundida com outros quadros respiratórios, e com frequência não é diagnosticada. 7,10 Nos lactentes e nas crianças pequenas, que são o grupo mais vulnerável, a tosse é o sintoma que mais se destaca, podendo avançar para um quadro grave comprometendo a respiração, e até provocar vômitos e cansaço extremo. 7,10 Além disso, mais de 90% das crianças menores de 2 meses com a doença são hospitalizadas devido a complicações. 9 

Dra. Lessandra alerta sobre os perigos da coqueluche em crianças menores de um ano de idade, especialmente nos primeiros seis meses de vida: 7Antes dos seis meses de vida, os bebês ainda não completaram a maioria dos esquemas primários de vacinação e, com isso, são mais suscetíveis a infecções. Seguindo as recomendações de vacinação da gestante, a mãe pode ajudar a proteger o recém-nascido através da transferência de anticorpos dela para o bebê durante a gravidez, através da placenta. Assim, quando o bebê nasce, ele já tem alguma proteção oferecida pela mãe enquanto produz seus próprios anticorpos”. 

O Ministério da Saúde, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomendam a vacinação com dTpa a partir da 20ª semana de gestação, a cada gestação. 4,6,11 OMS também dispõe de recomendações para gestantes nunca vacinadas ou com o histórico vacinal desconhecido. Nesse caso, recomenda-se uma dose de dTpa e duas doses com a dT. 4,6,11 

A infectologista complementa ainda sobre a importância da vacinação contra a coqueluche das pessoas que irão conviver com o bebê de forma mais próxima, como pai, irmãos, avós e babá. 3,7 

“Como a mãe é, normalmente, a pessoa que fica mais próxima durante os primeiros meses de vida do bebê, geralmente ela é a principal transmissora da coqueluche em lactentes, sendo responsável por aproximadamente 39% dos casos, segundo um estudo. Mas as outras pessoas que irão conviver com o bebê de forma mais próxima também oferecem riscos e podem transmitir a doença”, afirma Dra. Lessandra. 

“Diferentemente da imunização materna, em que a mulher deve se vacinar contra a coqueluche a cada gravidez, para os familiares nunca vacinados ou com o histórico vacinal desconhecido, recomenda-se uma dose de dTpa e duas doses de dT, para garantir três doses do componente tetânico. Reforços a cada 10 anos com dTpa são recomendados após o esquema inicial”, explica a especialista. 

Material destinado ao público em geral. Por favor, consulte o seu médico.


Referências

1.    CENTERS FOR DESEASE CONTROL AND PREVENTION. Vaccines and Pregnancy Home. Vaccine Safety for Moms-To-Be. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

2.    SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Vacinação de gestantes: confira mitos e verdades. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

3.    CENTERS FOR DESEASE CONTROL AND PREVENTION. Vaccines and Pregnancy Home. Vaccines & Pregnancy: Top 7 Things You Need to Know. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

4.    BRASIL. Ministério da Saúde. Calendário de Vacinação 2022. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

5.    CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Vaccines and Pregnancy Home. Vaccines Before Pregnancy. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

6.    SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Calendário de vacinação da gestante (2022/2023). Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

7.    PORTAL FAMÍLIA SBIM. Doenças. Coqueluche (pertussis). Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

8.    MINISTÉRIO DA SAÚDE. Boletim epidemiológico da coqueluche no Brasil de 2010 a 2014. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

9.    HONG, J. et al. Update on pertussis and pertussis immunization. Korean Journal of Pediatrics, 53(5): 629-633, 2010.

10. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde de A a Z. Coqueluche: causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

11. FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA. Programa Vacinal para Mulheres. São Paulo: FEBRASGO, 2021. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

12. SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Calendário de vacinação do nascimento à terceira idade: recomendações da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) - 2022/2023 (atualizado 12/01/2023). Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

13. MINISTÉRIO DA SAÚDE. NOTA TÉCNICA Nº 2/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/MS. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023


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