“Passar o bastão”
não é uma tarefa fácil. Mesmo os mais desapegados dos fundadores de empresas
sentem o forte impacto emocional quando chega o momento de deixar a função que
exerceu por tantos anos. Transferir o comando da organização ao seu sucessor
pode representar um grande e desgastante sacrifício, mas pode ser minimizado e exitosamente
concretizado através de um planejamento sucessório bem estruturado.
O fundador
desenvolve a sua empresa do zero, normalmente sozinho ou com membros de sua
família, e ele a conduz até o seu crescimento gerando oportunidades de emprego
para familiares e para profissionais que passam a compor um grupo muito
próximo, criando fortes vínculos de amizade e gratidão. E esses vínculos e
aspectos relacionais (humanos) criam barreiras que aumentam mais ainda a
dificuldade de transferir o comando da operação, independentemente se para um
herdeiro ou para um profissional de mercado.
Então,
como desapegar?
Para minimizar o
“sentimento de perda de poder”, a recomendação é a sua preparação para conduzir
os caminhos estratégicos e continuar monitorando a empresa através da
participação como Presidente ou membro de um Conselho de Administração (ou
Consultivo). É a forma mais adequada e que apresenta os melhores resultados
para minimizar o sentimento de sofrimento de alguns fundadores, proporcionando
uma transição mais tranquila e uma aceitação acelerada, pois ainda poderá
manter os “olhos na empresa e em tudo ligado a ela”.
O
caminho da presidência do Conselho
Muitos pensam que
assumir uma posição no Conselho Consultivo ou de Administração pode ser um
“prêmio de consolação” ou pode representar um reconhecimento pelos anos de
serviços prestados e pela dedicação à empresa. Mas isso está longe de ser verdade.
Uma transição da
função de presidente executivo da empresa para a presidência de Conselho de
Administração, mesmo que inicialmente na sua forma consultiva, deve ser
encarado como um grande desafio a ser enfrentado por este líder.
Daí a recomendação
para que o líder absorva constantemente conhecimentos sobre as boas práticas de
governança corporativa e todos os benefícios que elas podem gerar para a
organização, em especial através da implantação e do bom funcionamento de um
Conselho liderado por quem mais conhece a empresa.
Quais
são as mudanças a serem encaradas?
Se na função de
presidente executivo da empresa, o fundador precisava controlar todas as áreas
da gestão, além das incontáveis atividades do dia a dia, a função de Presidente
do Conselho pode ser igualmente rica e manter uma agenda ativa para esse
fundador, porém, este deve se conscientizar que não deverá mais “colocar o dedo
nas questões táticas e operacionais”, pois são inerentes às atividades dos
executivos da empresa.
A atuação do líder
em um Conselho deve considerar a condução dos conselheiros com foco em uma
visão estratégica de médio e longo prazos, com uma visão expansionista e
inovadora. Afinal, ele será o responsável final pela análise e monitoramento
dos riscos que possam afetar a empresa, da mesma forma que as oportunidades que
possam ser geradas, além da atenção às tendências de mercado do ramo de
atividade da organização.
Dessa forma, o
momento de “passar o bastão do comando” não precisa ser um ato doloroso,
sofrido e desgastante para o sucedido (fundador) e para todos que com ele
convivem. É recomendável que um planejamento sucessório seja preparado
específica e exclusivamente para cada pessoa, para cada caso.
Trata-se de um
plano de ação estruturado e com um passo a passo de atividades e atitudes
previamente debatidas e formalizadas, pois será necessário tratar o ser humano
(sucedido) e a sua sucessão do cargo de liderança executiva para o sucessor,
seja um herdeiro ou profissional de mercado, mas também deverá ser considerada
a preparação e a forma em que o “bastão será recebido” por este sucessor.
É
fundamental manter o planejamento sucessório
A experiência tem
mostrado que um líder fundador, ou presidente executivo que inicia a sua
participação em um Conselho, após aproximadamente um ano de funcionamento
mensal e ininterrupto de suas reuniões, “não lembrará mais o tempo em que foi
executivo”, tal a relevância e a importância que a atuação como membro ou como
Presidente do Conselho passa a ter na vida da organização.
Concluindo, penso
ser fundamental que toda empresa, seja familiar ou não, mantenha o planejamento
sucessório executivo como prioridade em sua pauta executiva ou em seu Conselho
Consultivo ou de Administração.
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